Como começou a sua semana?
Se de forma parecida com a minha, além do pingado e do pão na chapa, você certamente leu em algum lugar que esta será uma “semana decisiva”. Temos eventos importantes no radar, todos eles com desdobramentos potenciais bastante contundentes sobre os mercados. Reunião do Copom, cartada final da OGX, um acordo ou não em relação ao teto da dívida americana... Apostaria com boa dose de conforto no desfecho de apenas um destes três eventos. E não se trata de OGX.
A ruína de El Dorado
Você está acompanhando a movimentação do ouro? Historicamente, o metal precioso é uma referência da busca dos investidores por segurança. Acha que a coisa vai complicar geral e duvida da recuperação americana, corra para el dorado. Sempre foi assim. Afinal, é um ativo físico, utilizado como lastro às reservas e aceito em praticamente todas as praças financeiras do mundo. Bom, considerando a diversidade de temas em aberto capazes de mudar de forma contudente o andamento dos mercados, e carregando baixa visibilidade quanto ao seu potencial desfecho, chega a surpreender o fato do ouro estar em bear market, com queda de mais de 20% em 2013, com sua pior performance desde 1981, não?
Os deuses do mercado estão loucos?
“Ninguém entende a dinâmica de preços do ouro e eu realmente não tenho a pretensão de entender”, afirmou recentemente o presidente do BC americano, Ben Bernanke. Mas há uma corrente crescente de agentes que questionam a relação histórica do ouro como porto seguro.
Warren Buffett e Nouriel Roubini são alguns dos que vêm defendendo a perda de utilidade do ouro ao longo do tempo, uma vez que nenhum Banco Central mais liga suas moedas diretamente ao ouro - como era no século 19. Faz sentido. Mas antes de fechar qualquer juízo de valor sobre o comportamento do ouro, ou a sanidade mental do mercado, não se esqueça que o metal precioso vem de 12 anos seguidos de valorização. Aí não há santo que aguente (a realização de lucros).
Para onde correr
Ok, se não temos mais a referência do ouro como porto seguro e o dólar por aqui enfrenta as peculiaridades da mão firme (e do discurso instável) do Banco Central, além do maior beta na relação com o Real (moeda exótica), o que poderá funcionar como um hedge (proteção) a essa falta de visibilidade quanto aos grandes temas que noteiam o mercado?
Temos recomendado que o investidor utilize o mercado de opções. Não como cassino, mas justamente para se proteger. É um erro associar as opções a um investimento necessariamente arriscado. Com elas você pode limitar a possibilidade de perda (a 100%) sem impor um limite para os ganhos, alavancando a possibilidade de ganhos. Na iminência de eventos extremos (“semana decisiva”), você consegue, por exemplo, isolar a exposição à volatilidade do mercado através da combinação de calls (opções de compra) e puts (opções de venda) baratas.
PS: nossa carteira com opções funcionou bem na semana passada, rendendo valorização de 47%. Para esta semana atualizamos a estratégia com a recomendação de cinco opções de compra e três opções de venda.
O verdadeiro porto seguro
Apesar da alta de 20% acumulada desde o início do ano, não estou falando das ações da seguradora (PSSA3). Os três maiores porto seguros operacionais da Bolsa brasileira, na minha opinião: AmBev, Taesa e Ultrapar. Detalhe para o “operacionais” ali. Fato é que não há porto seguro na Bolsa, vide a suscetibilidade a cisnes negros (dale MP 579!), com o agravante do prêmio naturalmente atribuído às empresas de dinâmica mais resiliente.
O bom que é ruim (mais uma das peculiaridades jaboticabas)
Além do Real, uma das peculiaridades jaboticabas que você está acostumado a ver por aqui é a Petrobras, a petroleira que perde quando o petróleo sobe no mercado internacional. No mais novo episódio dessa saga, o dilema é o seguinte: como petroleira, você gostaria de descobrir uma reserva com potencial para mais de 1 bilhão de barris, né?
Como acionista da Petrobras, você deve estar mais preocupado em onde arrumar dinheiro para mais um projeto gigante. Sem reajuste nos combustíveis, sem avanços expressivos no programa de venda de ativos, sem elevações significativas na capacidade de refino e produção no curto e médio prazo e agora com o rating um degrau abaixo (e ainda em observação negativa), antes vale o desconforto da eventual necessidade de Petrobras tomar mais dívida ou ter de pedir dinheiro para os acionistas do que os prováveis louros que a Bacia do Sergipe pode vir a proporcionar.
A diferença entre o charme (HRT) e o funk (OGX)
Ambas são empresas embrionárias do setor de óleo e gás com insucessos seguidos seja em sua campanha exploratória (HRT) ou operação (OGX). Nos dois casos, as expectativas foram frustradas e somente um evento extremo pode garantia a sobrevida. Enquanto HRT tem posição de caixa líquido, OGX tem mais de US$ 3,6 bilhões de dívida. Isso faz alguma diferença.
É o que torna a estrutura de capital de HRT ambiente mais aprazível para atração de um sócio, e pode agregar valor para o acionista no caso de liquidação da empresa. O ritmo do charme é mais lento, enquanto o funk tem batida mais pesada e baile mais tumultuado. Nenhuma aqui anda bonita, tampouco elegante.
Para visualizar o artigo completo visite o site da Empiricus Research.