Nem nos recuperamos da proposta que derruba a isenção de IR das LCIs, LCAs, CRIs e CRAs e o governo já está de olho em mais uma fatia da rentabilidade do investidor.
Como consultora independente e planejadora financeira há mais de 15 anos, já vi muita mudança de regra no meio do jogo – mas poucas com o ritmo e o foco das mais recentes. Estamos diante de um cenário em que a renda fixa virou alvo.
A proposta da vez é estabelecer uma alíquota única de 17,5% de IR sobre aplicações financeiras do investidor pessoa física, incluindo todos os tipos de renda fixa. Isso mesmo: em vez da tabela regressiva atual, que premia quem investe no longo prazo, a ideia agora é uniformizar a mordida, independentemente do prazo da aplicação.
Se aprovado, significa que aquele investidor que topava esperar 2 ou 3 anos em um CDB para pagar 15% de IR pode ver a conta piorar. Ao mesmo tempo, quem só aplicava por 3 ou 6 meses e pagava 22,5% pode até achar vantagem. Mas adivinha quem perde mais? Quem se planeja. Quem pensa no longo prazo.
O movimento não é isolado, e como vem logo após a proposta de fim da isenção em LCIs, LCAs, CRIs e CRAs, deixa claro o recado: o investidor da renda fixa está na linha de frente da arrecadação.
Qual o impacto prático?
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A previsibilidade da tabela regressiva vai embora.
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Produtos longos podem render menos.
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O investidor conservador perde mais uma vantagem.
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E o governo se adianta para arrecadar de forma mais simples e… constante.
Não é só uma questão de ajuste técnico. É uma mudança importante no planejamento tributário.
E agora?
Agora é hora de revisar portfólio.
De antecipar decisões.
De explorar novas formas de se expor ao mercado internacional.
Essa alíquota ainda não foi aprovada, mas o histórico recente nos mostra uma lição importante: quem espera o governo bater o martelo, costuma entrar tarde demais no jogo.
Conclusão
No país onde quem investe vira alvo, pensar estrategicamente deixa de ser vantagem – e vira necessidade.
E se você ainda escolhe investimentos apenas pela taxa que aparece na tela, ou que subestima o impacto da carga tributária na rentabilidade… cuidado. É o tipo de ingenuidade que pode custar caro.