Ouro: fim do prazo para negociações de tarifas limita demanda por proteção

• A incerteza sobre tarifas mantém o ouro estável em faixa estreita.
• O dólar forte pressiona o metal, com resistência em US$ 3.389 e suporte em US$ 3.366.
• Sem avanços nas negociações, cresce o risco de novas quedas.
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Após analisar os movimentos do ouro futuro em diferentes horizontes de tempo, observo que a proximidade do prazo final para as tarifas comerciais mantém elevado o nível de incerteza quanto ao sucesso de acordos que ainda precisam ser concluídos antes de 1º de agosto. A expectativa de novos acordos pautados por tarifas tende a favorecer o dólar, reduzindo a atratividade do ouro em um ambiente de maior apetite por risco.

Qualquer adiamento adicional desse prazo apenas reforçaria a desconfiança em relação às intenções dos principais parceiros comerciais dos EUA, que vêm considerando estratégias de desdolarização para fortalecer suas moedas. Esse movimento se soma às alterações já feitas nas regras de comércio com países do Oriente Médio, permitindo a compra de petróleo em moedas locais.

Por outro lado, a estratégia do presidente Donald Trump com esses acordos comerciais tem como objetivo central fortalecer o dólar por meio da imposição de tarifas mais altas, negociadas sob as condições estabelecidas por ele.

Até o momento, os EUA concluíram acordos com Japão e União Europeia, enquanto seguem pendentes negociações com Rússia, China, Irã e alguns outros países do Oriente Médio.

Esse quadro poderá ter novas implicações se o presidente não apresentar políticas comerciais mais flexíveis antes de 1º de agosto ou não conceder mais tempo para avançar nesses acordos tarifários. Caso isso não ocorra, todo o conceito por trás dessa política, voltada a sustentar o dólar, ficará em risco.

Como mencionei na análise anterior, os contratos futuros de ouro seguem negociados em uma faixa estreita, refletindo a ausência de clareza dos investidores quanto aos próximos passos de Trump, se ele irá ou não prorrogar o prazo das tarifas e como evoluirão as negociações com Rússia, Irã e outros países do Oriente Médio para desestimular a venda de petróleo em moedas locais.

Caso Trump recue desta vez, o cenário de indecisão deve se prolongar, o que já se observa na lateralidade dos contratos de ouro, que refletem a falta de direção clara do mercado antes da definição do próximo movimento.

Essa é a razão pela qual o ouro ainda encontra forte resistência nesta semana. Após quatro sessões de queda, encontrou suporte na média móvel de 50 dias (MMD 50) em US$ 3.366 e ensaiou um repique nesta terça-feira, mas segue limitado pela resistência em US$ 3.389. O cenário indica possível nova pressão de baixa, considerando que os contratos futuros do índice do dólar permanecem acima de 98,610 após forte recuperação na segunda e terça-feira. Caso a alta do índice se mantenha e supere a resistência imediata em 99 pontos, isso poderá levar o ouro a romper para baixo o suporte de curto prazo em US$ 3.366 (MMD 50) antes do fechamento semanal.

Avalio que o avanço recente das negociações comerciais dos EUA com a União Europeia reduziu parte do temor de uma escalada na guerra comercial, mas fortaleceu o dólar. Isso encareceu o ouro para investidores estrangeiros, reduzindo a demanda.

Níveis técnicos em destaque

No gráfico mensal, os contratos futuros de ouro iniciaram tendência de alta após romper a resistência importante em US$ 2.054 em fevereiro de 2024. Mantendo essa trajetória, superaram a barreira seguinte em US$ 2.817 em janeiro de 2025, coincidente com a posse do presidente Donald Trump.

A tendência de alta prosseguiu após o rompimento do nível de US$ 3.128 em abril de 2025, levando os preços para uma região de sobrecompra. Em abril, houve forte resistência em US$ 3.510, e desde maio os preços vêm se mantendo voláteis. Apesar de várias tentativas, o ouro não conseguiu se sustentar acima do ponto-chave em US$ 3.283.

Mesmo com a formação de um candle mensal de alta neste período, a pressão vendedora ainda é evidente. Caso Trump recue em sua posição sobre o prazo das tarifas, essa força vendedora poderá levar o ouro a perder o suporte em US$ 3.283, pois desde maio de 2025 o metal não consegue romper a resistência em US$ 3.461, perdendo parte de sua função de ativo de proteção.

No gráfico semanal, formou-se na última semana um padrão de candle do tipo martelo exaustivo. Esse padrão poderá ser confirmado se houver rompimento para baixo do suporte imediato na média móvel de 20 dias (MMD 20) em US$ 3.298, considerando que o preço atual permanece abaixo da resistência de curto prazo na média móvel de 9 dias (MMD 9) em US$ 3.382.

No gráfico diário, o ouro tenta se manter acima do suporte imediato na MMD 50 em US$ 3.366, mas enfrenta resistência em US$ 3.389 devido à forte pressão vendedora após a formação do padrão conhecido como três corvos negros, que resultou em um candle de exaustão na segunda-feira.

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