A era dos esteroides
Durante a era dos esteroides no baseball, os recordes de ‘home runs’ eram quebrados a toda hora. É como o bull market das ações nos faz sentir nos últimos anos.
A chamada da CNN é de precisão cirúrgica.
Desde o início dos programas de injeção irrestrita de dinheiro pelos Bancos Centrais, os mercados alimentam recordes impressionantes:
Na semana passada, o índice de tecnologia Nasdaq superou o patamar da bolha de internet na virada de março de 2000.
Entre 2013 e 2014, o S&P 500, índice mais importante das ações americanas, quebrou recorde de fechamento nada menos do que 98 vezes.
Esse é o mercado com esteroides.
Como será sem?
Solstício de verão?
Os lucros das empresas estão caindo e os indicadores colocam em xeque a recuperação da economia. Na última sexta-feira, a frustração com os pedidos de bens duráveis alimentou apostas de o Federal Reserve pode manter os juros em zero por mais um tempo (eba!?).
A relação do PIB americano (projeções para primeiro trimestre) e as ações?
Já podemos esperar por mais bomba intramuscular sendo injetada? Ou, em outras palavras, teremos um QE4 nos EUA? Se sim, ele terá a mesma efetividade dos anteriores, ou seguirá a regra de “decreasing marginal returns”? O primeiro copo d’água gera uma satisfação tremenda. O segundo também é bastante razoável. O terceiro já deixa o sujeito enfarado.
Mas isso é assunto para depois...
Na onda dos recordes anabolizados, os índices de ações de Europa, China e até Japão surfam a onda da liquidez. O japonês Nikkei acaba de bater 20 mil pontos pela primeira vez em 15 anos. Enquanto isso, a economia japonesa acaba de ter seu rating rebaixado pela agência Fitch...
Ao comentar o comparativo da CNN, o chefe global de estratégia dos fundos JP Morgan afirmou que “é mais difícil fazer home runs em outubro, pois é mais frio e o ar está mais pesado. Este claramente não é o solstício de verão para o rali de ações.”
Até tu, Brutus?
“Europa, China e até Japão”...
E até Brasil.
O Ibovespa entrou em bull market. É o nome que se dá para o mercado em tendência de alta que acumula mais de 20% de valorização desde o seu último piso.
Qual a explicação para isso? A disparada daVale? A virada da Petrobras?
No ano, o superávit de recursos estrangeiros totaliza R$ 15,4 bilhões na Bovespa.
É o que vem alimentando o fluxo da Bolsa e pressionando o dólar.
É a prova da melhora de perspectiva em relação à economia brasileira?
Com a palavra, o Relatório Focus: deterioração adicional das perspectivas dos agentes de mercado tanto para a inflação (em 8,25%, contra 8,23% há uma semana) quanto para o PIB brasileiro (1,10%, frente -1,03% na semana anterior).
Adivinha quem está ganhando dinheiro agora...
A temporada de resultados do primeiro trimestre é protagonista do noticiário, com Gafisa (razoável) e Hypermarcas (bom) como os protagonistas da vez.
Mas, com praticamente todos os setores da economia em desagouro, quem serão os protagonistas da temporada como um todo?
Adivinha...
Compilação do Valor Econômico junto aos analistas de mercado aponta que, somado, o lucro dos quatro grandes bancos listados (Itaú, Bradesco, BB e Santander) deve ficar em torno de R$ 14 bilhões, resultado cerca de 20% maior em relação ao mesmo período do ano passado.
Agora, como investidor de ações, é importante segmentar esse crescimento para não comprar Santander achando que é Bradesco, nem comprar Banco do Brasil achando que é Itaú.
Itaú e Bradesco devem fazer um belíssimo papel nessa temporada, mas não esperamos o mesmo dos seus pares.
Dentre os motivos está a disciplina de Bradesco e Itaú na concessão de crédito.
Ambos optaram por crescer carteira em apenas um dígito, mas com qualidade.
Aqui, o menos anabolizado ganha mais. Ou, ganha por mais tempo.