Após quatro quedas seguidas e a perda dos 48 mil pontos, o Ibovespa encontra alguma redenção nesta terça-feira, escorado na forte performance de suas blue chips Petrobras e Vale. Não deixa de ser um pregão atípico. Havia perdido o costume. Até mesmo as recuperações pontuais, aquelas por inércia, haviam perdido a naturalidade diante do bear market da Bolsa brasileira: o Ibovespa ainda acumula queda de 22% desde seu último pico de um ano para cá (de 62.249 pontos). Para quebrar com essa dinâmica de urso, contamos com um alívio da Turquia (que convocou reunião extraordinária de política monetária), da Índia (que surpreendeu o mercado com uma subida no juro) e da China (que socorreu uma instituição financeira que iria quebrar com o calote de uma produtora de carvão). E por ora um alívio do Fed. A última reunião do Bernanke é só amanhã.
A hora de Petro e Vale?
Se algo mudou para melhorar a ânimo dos mercados hoje, não mudou (em termos de fundamentos) para as ações mencionadas, embora alguns analistas tenham chamado atenção para a atratividade de preço das mesmas. Se nada mudou, é mesmo hora de VALE5 e PETR4? Na minha opinião, Vale está realmente barata pela política de dividendos e prognóstico para a geração de caixa que carrega. Já Petrobras pode não estar assim tão barata quanto aparenta.
O que você prefere?
a. pagar 5,7x lucros e 0,9x valor patrimonial para uma companhia que roda a uma média de 19% de ROE (retorno sobre o patrimônio líquido) nos últimos cinco, quando suas pares rodam a 9% de ROE? ou b. pagar 8x lucros e 0,6x valor patrimonial para uma companhia que roda à média de 13% de ROE, quando a média do setor roda a 17% de ROE?
A minha escolha
No caso acima, escolho aquela que pagar mais de 5% de dividendos... Outra pista? Essa que paga mais de 5% de dividendos é uma de nossas Ações para Ficar Milionário. A propósito, hoje fechamos a carteira Milionária, com a introdução de sua 15a integrante. Uma ação capaz de defender e ao mesmo tempo atacar. Resiliente ao cenário de Tempestade Perfeita mas capaz de multiplicar valor em horizonte de médio a longo prazo. Quer outras pistas?
O rating político
Ao ser apresentada ao executivo que controla a agência de rating S&P, em Davos, a presidente Dilma pediu “que vocês tomem a boa decisão". Há tempos venho afirmando que o downgrade do Brasil já foi dado. Está na escalada dos juros reais, que embutem a exigência de maior prêmio de risco-país, está na disparada do “seguro contra Brasil” (Credit Default Swaps). Dessa forma, esse rating que sofre pressão “política”, o das agências de rating, torna-se mera formalização, alegoria. Infelizmente, se a S&P realmente tomar “uma boa decisão”, não será uma decisão boa para o Brasil.
O rating do Fernando
O dever de casa
Ao que tudo indica, o esforço para recuperar a credibilidade da política econômica brasileira pode ir além da pressão política. O noticiário econômico do dia destaca mais uma vez o esforço do governo para elevar a meta de superávit primário para 2% do PIB.
O esboço da proposta já teria sido entregue à presidente Dilma, que anunciará em fevereiro os cortes no Orçamento e a meta de superávit.
Algumas ponderações:
1. desculpem o termo, mas a meta anterior, de 1,1%, era ridícula
2. uma nova meta de 2% não seria para se orgulhar, pelo contrário, ainda é um pouco menos do que a obrigação
3. caso confirmado, os 2% ainda são meta, e precisarão de um esforço extra de estados e municípios, que não têm obrigação legal para tal. Se inflação é um problema macro, do governo central, qual o incentivo de estados e municípios para poupar? Em um mundo ideal, o governo poderia cobrir a diferença dos estados e municípios. Em um mundo ideal, haveria grande esforço poupador do governo em um ano eleitoral.
Para visualizar o artigo completo visite o site da Empiricus Research.