Neste sábado, 01/10, comemora-se o Dia Internacional do Café. A data nos remete a uma reflexão acerca da importância dessa cultura para o Brasil e sua participação na balança comercial, já que o país é o maior produtor e exportador de café mundial. Por isso, o Conselho Nacional do Café (CNC) faz uma breve análise dos motivos que tornam o café brasileiro tão especial.
Os dados falam por si só. Em toda a cadeia são 8,4 milhões de empregos diretos e indiretos. A cafeicultura está presente em 1983 municípios, nos dezesseis estados produtores. São 330 mil produtores de café no Brasil, sendo 78% pequenos produtores rurais, ou seja, 280 mil cafeicultores.
O café segue compondo um importante papel na economia brasileira, figurando em 4º lugar no ranking de Valor Bruto de Produções (VBP) de produtos das lavouras, índice que mede as divisas promovidas pela agropecuária nacional. O VBP estimado para o ano corrente é de R$ 1,220 trilhão (um trilhão e duzentos e vinte bilhões), 0,3% acima do obtido em 2021, que foi de R$ 1,217 trilhão.
De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produção envolvendo todas as lavouras “teve um acréscimo de valor de 3,0%. Em geral, este ano é de bom desempenho para a Agropecuária. Há um grupo grande de lavouras que têm apresentado contribuição positiva. Destacam-se o Algodão com aumento real do VBP de 39,2%, Banana 12,5%, Batata inglesa 18,4%, Café 35,8%, Cana de açúcar 10,2%, Feijão 10,1%, Milho 16,6%, Tomate 30,0% e Trigo 39,8%. Estes, estimulados pelos preços atuais e o câmbio, vêm impulsionando e garantindo os resultados do setor”.
O faturamento bruto do café deverá se situar em torno de R$ 62 bilhões de reais em 2022, ficando atrás somente da soja, milho, e cana-de-açúcar, respectivamente. Em 10 anos, a cafeicultura saltou de R$ 31,2 bilhões de produção (2013) para o dobro, R$ 62,1 bilhões (2022).
As regiões que abrigam a cultura do café registram os melhores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil, sendo locais prósperos e com baixa incidência de criminalidade.
Como isso foi possível?
Cremos que um dos principais motivos foi o alto investimento em pesquisa. Nos últimos anos foram mais de R$ 400 milhões dedicados a programas de melhoramento das plantas, para o melhor controle de pragas e doenças, além de maior resistência a eventos climáticos adversos (geadas e secas prolongadas).
Tal avanço só foi alcançado porque o Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé) tem sido gestado com eficiência pelo Conselho Deliberativo da Política do Café (CDPC) – criado, em 1996, vinculado ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e que atua intensamente em defesa dos cafeicultores.
A entidade é composta por sete representantes do setor público e sete da iniciativa privada, dentre às quais, o Conselho Nacional do Café. O CDPC é responsável por formular as políticas públicas para o setor no que diz respeito à pesquisa, produção, comercialização, exportação e marketing, propiciando suporte técnico e comercial ao desenvolvimento da cadeia agroindustrial do café no Brasil.
O Funcafé concentra esforços do setor público e privado para garantir o desenvolvimento do setor através de financiamentos e incentivos à modernização da cafeicultura e à pesquisa cafeeira. Ademais, os recursos ainda podem ser destinados ao apoio à indústria e à exportação e para promoção do aumento de consumo e a conquista de mercados. Desta maneira, a cadeia cafeeira investe na Embrapa, nas empresas de pesquisa estaduais e em fundações, a exemplo da Procafé.
O montante financiado aos cafeicultores através do crédito rural também é importante para promover o ordenamento da oferta, financiando a estocagem para evitar que os cafeicultores e suas cooperativas tenham que vender café nos períodos em que os preços estão mais aviltados.
Sustentabilidade em voga
Não há outro tema mais em evidência na atualidade do que sustentabilidade. Além das preocupações econômicas e sociais, os cuidados ambientais são fundamentais para a manutenção de um produto sólido no mercado.
Por isso, a produção cafeeira tem desenvolvido muitos projetos que não só preservam o meio ambiente como promovem um café de alta qualidade. Dentre eles está o Programa Café Produtor de Água, em fase de execução do projeto piloto na cidade de Alpinópolis, Minas Gerais. O programa está sendo desenvolvido em propriedades de cooperados da Cooxupé (Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé).
O “Produtor de Água” visa viabilizar a implementação de práticas e manejos conservacionistas e de melhoria da cobertura vegetal, que contribuam para o abatimento efetivo da erosão e da sedimentação, e para o aumento da infiltração de água no solo. Além dos cuidados com o meio ambiente com a preservação das matas ciliares, o programa visa proporcionar a recuperação de estradas vicinais, fundamental para escoamento da produção e melhoria da qualidade de vida da população rural.
Mercado internacional
Levando-se em consideração que o café é a segunda bebida mais consumida no planeta, percebe-se que a cafeicultura brasileira tem papel fundamental no mercado mundial. A produção nacional deve representar cerca de 30% do volume global na safra 2021/2022. Por isso, qualquer quebra substancial no número de grãos colhidos produz impacto no mercado financeiro, visto ser o café uma commodity.
A área destinada à cafeicultura nacional em 2022 é de 2,24 milhões hectares, sendo 1,84 milhão de hectares para lavouras em produção e 402 mil hectares de área em formação. O estado de Minas Gerais é hoje o principal produtor do grão no país, com lavouras em 451 municípios. Na região, o café arábica corresponde à aproximadamente 90% da produção do estado. O Espírito Santo encontra-se no segundo lugar, com lavouras em 63 municípios do estado, sendo o maior produtor do tipo conilon no país. A produção capixaba é responsável por cerca de 78% da produção nacional do café conilon.
Nosso país detém também o título de maior exportador de café do mundo. No ano de 2021, segundo dados do Conselho de Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), o país exportou 40,3 milhões de sacas de 60 quilos. O resultado foi de US$ 6,2 bilhões e um aumento de 10,3% em receita cambial se comparado com o último período. Os principais países compradores do café brasileiro são Estados Unidos, Alemanha, Itália, Bélgica e Japão, respectivamente.
No caso do consumo, o Brasil fica atrás apenas dos Estados Unidos como maior mercado consumidor. No ano passado, o consumo no país alcançou 21,5 milhões de sacas. A diferença para o consumo norte-americano é de 4,5 milhões de sacas.
Papel fundamental do cooperativismo
Outro grande diferencial está no fato de que o país tem a estrutura cooperativista mais forte do mundo. Como braço operacional do sistema Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) para o café, o CNC organiza as demandas do segmento cooperativo para a construção de políticas, ações e projetos, com abrangência nacional. Sendo assim, nossas cooperativas são fundamentais para o sucesso do setor.
Portanto, nesse importante dia devemos comemorar e nos orgulhar por termos um produto tão especial, com qualidade incomparável, sendo sustentável em todos os aspectos: econômico, social e ambiental. Somos e continuaremos sendo conhecidos como a Nação do Café!