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A colheita da primeira safra de milho está finalizada no Brasil. Segundo dados no último levantamento da CONAB (Companhia Nacional de Abastecimento), apesar da queda de 5% na quantidade de hectares plantados em relação a última safra, a produção deverá ser 8,6% superior, totalizando 24,93 milhões de toneladas.
Já a colheita da segunda safra caminha para a fase final, com atrasos devido às chuvas ocorridas em julho. Até o momento, a produtividade é superior às estimativas iniciais em todos os estados produtores. A área plantada deve totalizar 17,3 mil hectares, um aumento de 5,3% em relação à safra anterior e a produção deve alcançar 109,2 milhões de toneladas, volume 21,7% maior que a última safra, o que tornaria essa a maior segunda safra já colhida no país.
Assim, a previsão de produção total de milho do país está estimada em 137 milhões de toneladas, crescimento de 18,6% em relação a safra 2023/24.
Com a boa oferta, observamos, desde abril queda em relação ao preço do grão, cenário que se acentuou com a expectativa de safra recorde nos EUA.
Considerando o preço médio para o milho, houve queda de 28,6% entre março e agosto, considerando a praça de São Paulo.
Considerando o mesmo intervalo, a arroba do boi gordo apresentou maior firmeza frente a cotação do milho. A baixa oferta de animais terminados vem colaborando para preços firmes em agosto e considerando o preço médio, a arroba apresentou, até agora, alta de 1,8% em relação a julho e valorização de 29,9% na comparação com o mesmo período do ano passado.
CONFINAMENTO
Em um sistema de confinamento, os principais custos são: boi magro e alimentação. Pensando na alimentação o milho se destaca como ingrediente relevante.
Considerando o preço médio de agosto (até 20/8), era possível comprar 4,79 sacas de milho com uma arroba de boi gordo, volume 1,6% maior que o mês anterior e 21,4% superior que mesmo período do ano passado. Além disso, essa é a melhor relação desde setembro de 2017.
Figura 1. Sacas de milho por arroba de boi gordo em São Paulo, médias mensais.
Fonte: Cepea / Elaboração: HN AGRO
No caso do boi magro, desde janeiro, a relação de troca vem apresentando piora para o pecuarista que faz a engorda. Em janeiro eram necessárias 12,67 arrobas de boi gordo para a compra de uma cabeça da categoria, considerando a praça de São Paulo. Em agosto, essa relação está em 13,45@, ou seja, são 0,78@ a mais que o início do ano e 0,45@ a mais que mesmo período do ano passado.
Considerando então uma quantidade arbitrária de milho (700kg) mais uma cabeça de boi magro, em agosto, eram necessárias 15,88@, valor 1,2% menor na comparação mensal e 0,5% menor que mesmo período do ano passado. O poder de compra do invernista melhorou.
Conclusão
Embora a relação de troca com a reposição tenha piorado nos últimos meses, na nossa visão ainda existem boas oportunidades.
Temos então um cenário positivo para a reposição, nutrição e o mercado futuro apontando para preços firmes para a arroba do boi gordo no segundo semestre, o que colaborou para dar ânimo para o confinador. Segundo a pesquisa de intenção de confinamento do IMEA (Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária), divulgada no início de agosto, o volume total de gado confinado deve aumentar 3,84%, em Mato Grosso, em relação ao volume confinado em 2024.
Apesar da expectativa de aumento no número de animais confinados, na nossa visão o segundo semestre deve ser positivo para arroba do boi gordo já que há um destino para esse maior volume resultado da expectativa de exportações em bom ritmo, mercado interno com maior movimentação e início no recuou dos abates de fêmeas.