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A Menina, a Onomatopeia e o Vento

Publicado 18.04.2018, 12:08
Atualizado 14.05.2017, 07:45

Em meados do século XIX, uma história infantil foi publicada na Inglaterra e, desde então, veio ganhando novas versões. O conto de fadas “Goldilocks and Three Bears” narrava a história de uma menina, com cachinhos dourados, que entrou numa casa na floresta sem ser convidada e acabou adormecendo num quarto onde havia três camas. Ao despertar, se deparou com os donos da casa: três ursos. Envergonhada, pediu desculpas pela invasão e saiu correndo floresta adentro.

Muitos economistas (me incluo nesse rol) gostam de explicar economia para leigos. Não seria razoável ensinar ciência social tão complexa, sobretudo para os poucos aficionados em números, via modelos matemáticos e estatísticos. Assim, alguns de nós estabelecemos relações mais simples, usando as artes e até outras ciências, não exatas. Nesse contexto, surge, em 1992, a expressão “Goldilocks Economy”, cunhada pelo economista David Shulman, do Salomon Brothers.

O termo acima procura explicar o comportamento de uma economia que não está nem tão aquecida para causar inflação, nem tão fria que possa provocar recessão. Em outras palavras, o conceito sinaliza uma situação macroeconômica ideal, onde o desemprego está próximo do natural. Assim, numa economia onde prevaleçam os “goldilocks”, a tendência é que haja desemprego em nível reduzido, crescimento econômico, inflação e juros baixos, o que leva à valorização de ativos, como ações e imóveis.

Minha percepção é que, nos últimos anos, a economia americana viveu sua fase de “cachinhos dourados”. Com juros muito baixos (desde a crise de 2008), crescimento de PIB próximo de 3%, taxa de desemprego em 4% e inflação abaixo da meta, os índices acionários americanos foram catapultados, com altas expressivas. O Nasdaq, por exemplo, ganhou 250%, entre 2010 e início de 2018.

Em 2017, esse quadro benigno contaminou o mercado financeiro brasileiro, ajudando a espalhar uma onomatopeia (insensata), um “zum-zum-zum” mais assemelhado a uma quimera dos investidores. Assim, os mercados passaram a “apostar” na hipótese de que o Brasil seria um dos próximos países a ter uma “goldilock economy”, pois, por uma necessidade de ajuste fiscal imperiosa, o vencedor das eleições de outubro próximo necessariamente seria um reformista. Como a inflação veio para o piso da meta e a taxa de juro SELIC caiu pela metade, faltaria pouco…

Diante dessa análise (que faz todo sentido econômico, porém incerta politicamente), os mercados domésticos também dispararam, com valorizações expressivas do Ibovespa. Entre início de 2017 e março de 2018, o índice de referência da bolsa paulistana ganhou contundentes 50%.

Nas últimas semanas, entretanto, um barlavento sacudiu os mercados. Lá fora, as agruras do Facebook, Trump contra Síria, Trump contra China, Trump contra Putin, chacoalharam os índices acionários. Cá dentro, a prisão do ex-presidente Lula, a mudança no ministério de Temer e novos nomes envolvidos na Lava Jato promoveram ajustes nos preços dos ativos, com quedas na bolsa e uma forte valorização da moeda americana, que pulou de R$ 3,25 para acima de R$ 3,40.

O fato inegável é que o momento político atual é uma incógnita. Com o ex-presidente Lula distante das urnas, o xadrez eleitoral precisará ser repensado. Para complicar ainda mais o certame, um outsider (Joaquim Barbosa) se apresentou recentemente como provável candidato. O que temos agora é uma disputa embaralhada de difícil previsão, com Alckmin, Bolsonaro, Ciro Gomes, Marina e, provavelmente, o ex-ministro do STF como participantes. Ademais, o PT também deve indicar um candidato competitivo em breve.

Minha percepção é que Trump, minimamente, embaraçou os “goldilocks” da “menina” com sua “guerra” comercial contra os chineses. E, como o cenário doméstico igualmente nublou nas últimas semanas, precisamos estar sempre atentos à conjuntura para possíveis reavaliações de investimentos.

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