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A Morte do Brasil aos 20 anos de Idade

Publicado 07.07.2014, 06:47

Francis Fukuyama ficou famoso no mundo todo em 1992 com o livro O Fim da História e o Último Homem. Grosso modo, a teoria do mais pop cientista político do final do século XX retoma princípios de Hegel para afirmar - permita-me aqui certo exagero com propósito didático - que a História teria chegado ao fim.

Pode isso, Arnaldo?

Explica-se: a dialética hegeliana pressupõe, necessariamente, a coexistência de uma tese (uma teoria ou um arcabouço prático, político ou o que quer que seja) e de uma antítese, opositora à primeira.

Tese e antítese ficam brigando até que, do embate, forma-se um suposto vencedor, a síntese. Isso encerra um ciclo e, simultaneamente, inicia-se um novo, em que a síntese se torna uma nova tese, à qual se confronta uma antítese. Outro confronto de ideias e a formulação de uma nova síntese.

A dinâmica vai se repetindo indefinidamente. Assim caminha a História e a humanidade, para lembrar do Lulu Santos.

Dialética

O argumento de Fukuyama é de que, a partir da queda do Muro de Berlim, interrompemos o processo dialético e, por conseguinte, a própria História. Sem antítese ou qualquer tipo de adversário real, a democracia liberal consolidou-se como uma espécie de síntese definitiva.

Cerca de 25 anos depois (o artigo seminal de Fukuyama sobre o Fim da História aparece em 1989), após idas e vindas - e uma enxurrada de críticas -, o autor escreveu nova coluna sobre o tema no Wall Street Journal em 6 de junho deste ano, em que basicamente reafirma a inexistência de opositores críveis à democracia liberal.

Ele si pergunta (tradução minha): “Teria minha hipótese de fim da história se mostrada errada, ou, em caso negativo, precisando de uma séria revisão? Eu acredito que a ideia subjacente permanece essencialmente correta.”

A História teria, de fato, culminado em governos eleitos democraticamente, respeito aos direitos individuais e ao menos relativa livre circulação do trabalho e do capital.

Como poderíamos resumir ainda mais uma democracia liberal?

Não à toa, há duas palavras aqui. Comecemos de trás pra frente. O preceito de liberal pressupõe a crença no mercado, ou seja, de que o sistema de preços seria um bom alocador de recursos.

E a democracia, casada ao liberal, representaria a confiança na urna. Em outras palavras, o desrespeito às boas práticas de política econômica e, por hipótese portanto, aos princípios liberais, seria corrigido através da urna, com a eleição de novos governantes.

O que isso tem a ver com o Brasil?

A ligação é muito simples: estamos desafiando a lógica da democracia liberal. O Governo não apenas adota medidas contrárias ao interesse do mercado (controla preços, intervém demais, muda regras pré-definidas) como também orgulha-se disso.

Com discurso caloroso, o ex-presidente Lula afirmou recentemente que “não é o mercado quem elege presidente; é o povo. Este mercado nunca votou em mim.”

Está cristalina a descrença de que a urna corrige desvios às práticas liberais.

Enquanto a História consolida-se na síntese em favor da democracia liberal, somos uma espécie de reduto da resistência, adotando uma agenda velha e ultrapassada.

Se a queda Muro de Berlim acabou com a História em 1989, precisamos de menos tempo para acabar com o Brasil tal como se conhece. Há exatos 20 anos, criamos o Plano Real, que estabelece as bases para um novo país. Estabilizamos a economia, derrubamos a inflação, estabelecemos marcos regulatórios, buscamos aumento de produtividade e avanços microeconômicos.

Em pouco tempo, o plano atingiu a adolescência e chegou à fase adulta em 1999, com a adoção do famoso tripé econômico, marcado por câmbio fixo, sistema de metas de inflação e política fiscal austera.

E o que fazemos agora, com a adoção de uma tal “nova matriz econômica”? Simplesmente abandonamos o tripé, sob a heterodoxia de restrições à flutuação do câmbio, irresponsabilidade na política fiscal e leniência no combate à inflação.

Isso já tem consequências importantes sobre a economia. O País não cresce e convivemos com escalada rápida dos preços. Logo, as implicações chegarão a seus investimentos. A rigor, já estão chegando. Vai piorar ainda mais. Por isso, recomendo fortemente que você acesse o conteúdo de nossa série O Fim do Brasil, com um material imprescindível para enfrentar a crise que está se formando. Não pode ser o fim da história do seu patrimônio.

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