Ações da Prio caem 5% depois de agência interditar produção
- O discurso de Powell pode influenciar o dólar ao tratar de juros, inflação e emprego.
- Avanços geopolíticos, como as negociações entre EUA, Rússia e Ucrânia, impactam a demanda por dólar e a dinâmica dos mercados.
- O índice do dólar pode oscilar; uma postura cautelosa do Fed tende a fortalecer a moeda americana, com reflexos sobre outras divisas.
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Mercados globais de câmbio acompanham de perto o discurso do presidente do Fed, Jerome Powell, no Simpósio de Jackson Hole nesta semana. Nos últimos dias, as expectativas em relação à política monetária do banco central mudaram rapidamente. Os dados de julho reduziram a probabilidade de cortes mais agressivos na taxa de juros, direcionando as apostas para a reunião de setembro.
Se Powell adotar um tom cauteloso, o mercado entende que o dólar pode ganhar força frente a outras moedas principais, especialmente porque ainda há expectativa de cortes relevantes e uma comunicação mais cuidadosa poderia sustentar o índice do dólar.
O dilema inflação-emprego
A economia dos EUA tem enviado sinais contraditórios. De um lado, as vendas no varejo seguem fortes, mostrando consumo resiliente. De outro, a alta nos preços de importação indica que as tarifas estão elevando custos, mantendo o risco de inflação, já que esse repasse pode chegar ao varejo. Paralelamente, o mercado de trabalho enfraqueceu: a média de três meses da taxa de desemprego subiu para 4,2%, e a geração de empregos no mesmo período desacelerou para 35 mil.
No ano passado, diante de quadro semelhante, Powell usou o discurso de Jackson Hole para sinalizar um corte de juros. Agora, o cenário é mais complexo: a inflação voltou a subir, com índice cheio em 3,5% e núcleo em 3,7%, dificultando decisões rápidas do Fed.
Dessa forma, Powell deve adotar uma postura cautelosa e flexível, reforçando que a instituição acompanha de perto tanto o mercado de trabalho quanto as pressões inflacionárias.
Trump, Putin e a possibilidade de paz
Eventos geopolíticos também influenciam a direção do dólar. Na semana passada, o encontro entre Donald Trump e Vladimir Putin elevou as esperanças de uma nova etapa no conflito da Ucrânia.
O aceno de Putin em permitir que EUA e Europa ofereçam garantias de segurança semelhantes ao Artigo 5 da Otan sugere algum avanço, embora questões sobre Donbas e Crimeia sigam como obstáculos relevantes.
Para os mercados, o quadro pode ter duas leituras: se um cessar-fogo parecer mais próximo, a menor percepção de risco pode reduzir a demanda por dólar. Por outro lado, se as negociações travarem, o índice do dólar (DXY) tende a subir com a busca por ativos de proteção. Assim, cada atualização das tratativas terá impacto imediato na trajetória da moeda americana.
Precificação e expectativas de mercado
No mercado de juros, a chance de um corte de 50 pontos-base em setembro, que chegou a 60%, já não é considerada. Hoje, as apostas se concentram em redução de até 25 pontos-base, mais próximas de 20 pontos. Isso reflete a visão de que o Fed não fará movimentos bruscos.
Os investidores querem ver como Powell tratará essas expectativas. Caso reforce a preocupação com a inflação e alerte contra decisões precipitadas, o índice do dólar pode ganhar força. Se, ao contrário, der mais peso ao enfraquecimento do emprego, o DXY pode ceder.
Perspectiva técnica do dólar
O índice do dólar iniciou a semana ligeiramente abaixo de 98, nível crucial na fase de consolidação após a máxima em 100. Esse patamar funciona como ponto médio de estabilização, com atenção também ao suporte imediato em 97,85.
Um fechamento diário abaixo desse nível poderia levar o índice até o suporte principal em 96,50. Em contrapartida, se houver notícias que aumentem a demanda por dólar, o DXY pode subir até a região de 99,50.
O discurso de Powell em Jackson Hole tem potencial para romper essa faixa estreita. No curto prazo, se o tom for cauteloso, o índice pode voltar à marca de 100. Já uma sinalização de cortes relevantes poderia levar o DXY abaixo de 97.
Considerações finais
Três fatores devem ditar o rumo do dólar nesta semana: a política de juros do Fed, as negociações de paz envolvendo EUA, Rússia e Ucrânia, e o dilema entre inflação e emprego refletido nos indicadores americanos. O discurso de Powell será decisivo, com efeito não apenas imediato, mas também sobre as apostas de cortes ao longo do ano.
No curto prazo, o dólar tende a oscilar entre 97 e 99 até Jackson Hole. Um tom cauteloso pode levar a moeda a se aproximar de 100, pressionando moedas emergentes. Por outro lado, se Powell destacar a fraqueza do mercado de trabalho e indicar cortes, o dólar pode cair abaixo de 97, favorecendo ouro e ativos de maior risco.
Além disso, se o Fed adotar postura mais gradual na redução de juros, o dólar pode se fortalecer ao longo do ano. Mas um cessar-fogo duradouro na Ucrânia reduziria a busca por proteção, limitando esse movimento de valorização.
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