Em tempos de resultados apertados em diversos setores economia nacional, muito se ouve falar nos ajustes das taxa de juros. Afinal, o que são e como interferem na economia?
Os juros são o custo de utilização da moeda.
No Brasil, a taxa básica de juros, chamada Selic, é definida pelo Comitê de Política Monetária (Copom) criada pelo Banco Central.
Esta taxa, dentre outras funções, funciona como um instrumento para conter a inflação, que reduz o poder de compra pela alta dos preços de produtos e serviços.
Com o aumento generalizado de preços, causado geralmente pelo desbalanço entre oferta e demanda, o Copom aumenta a meta da taxa Selic, na tentativa de reduzir o dinheiro em circulação.
O aumento desta taxa encarece o custo de utilização da moeda, que reflete em menos crédito.
O efeito da crise sobre os juros
Desde agosto de 2011, quando a Selic estava em 12,5% ao ano, o cenário tem sido o oposto do exemplo citado acima, aconteceram sucessivas reduções. Figura 1.
O atual patamar, de 7,25% ao ano, representa o menor valor desde a criação deste índice.
A crise financeira na Europa, que contaminou a maioria dos países do mundo, é a principal causa destes recuos.
Na tentativa de estimular o consumo, o governo reduz os juros para que o crédito seja mais atraente. Diante destas taxas de crédito interessantes, como anda o endividamento da população?
De acordo com dados do Serasa Experian, a inadimplência do consumidor brasileiro cresceu 10,1% de agosto do ano passado, quando a Selic começou a cair, até outubro último. Historicamente é um dos níveis mais altos já verificados. Figura 2.
A poucos dias do final de 2012, o Boletim Focus, do Banco Central, que divulga estimativas para a economia, reduziu a expectativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2012, de 1,5% para 1,27%.
Os dados do PIB do terceiro trimestre do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) também não foram animadores. Enquanto a maioria dos analistas esperava um crescimento de 1,2%, o resultado foi de 0,6%.
Ao que tudo indica os cortes sucessivos da taxa de juros não têm surtido efeito.
Conclusão
Mais crédito disponível ao consumidor brasileiro tem se traduzido em um aumento de consumo “sem planejamento” o que gera uma população mais endividada, ou seja, no longo prazo, volta a reduzir o poder de consumo.
O estímulo à demanda deve ser acompanhado da criação de empregos, incentivos à iniciativa privada e outros fatores que possam sustentar um crescimento sólido da economia.
A redução da taxa básica de juros é uma entre as ferramentas que podem colaborar para isto, mas sozinha não passou de uma medida paliativa.