- As ações dos Estados Unidos têm a primeira perda mensal desde as eleições americanas de 2016.
- As ações impulsionadas pelos relatos inconstantes sobre o protecionismo, efeitos nas taxas mais elevadas sobre o crescimento das empresas e os preços das ações
- Setores sem direção definida, demonstrando falta de liderança no movimento atual
- A volatilidade é provavelmente o maior problema no ambiente predominante
- Os operadores de ações ainda ignoram o risco político, enquanto os operadores de dólar e de títulos do Tesouro têm preocupações
- Bitcoin no fio da navalha com relação ao próximo grande movimento
- Pela primeira vez o BoJ menciona perspectivas para o fim da flexibilização
A Semana Que Passou
Na sexta-feira, os operadores estavam mantendo suas posições, enquanto as ações dos EUA os levaram para uma montanha-russa. Para aqueles com coragem para ficar, quando o passeio acabou, as ações fecharam mais altas, comparando com o declínio semanal. Mais uma vez, os investidores em ações demonstraram sua capacidade de ignorar o risco político, desconsiderando a retórica tarifária agressiva do presidente Donald Trump, enquanto ele defendia suas políticas protecionistas mais rigorosas.
Por outro lado, o dólar dos EUA e os títulos do Tesouro entraram em venda. Esses investidores mostraram consistentemente perspicácia política ou covardia, dependendo da perspectiva.
O índice S&P 500 se recuperou de uma perda na abertura de 1,06% na sexta-feira, para um ganho de 0,5% na última hora da sessão. O rali foi liderado pelo setor de Saúde (+1%), seguida de perto pela Tecnologia (+0,95%). Os únicos três setores no vermelho foram Imobiliario (-0,33%), Serviços Públicos (-0,26%) e Materiais (0,1%).
O avanço cortou o declínio semanal do índice de referência para 2%. Semanalmente, todos os setores estavam no vermelho, liderados pelos Materiais (-3,8%) e Industrial (-3,28%). Aqueles que se superaram foram Tecnologia (-0,89%) e Bens de Consumo (-1,12%). Tanto os líderes como os retardatários incluíram ações defensivas e de crescimento, talvez demonstrando a falta de liderança no movimento atual do mercado.
Na semana passada, quando fevereiro terminou, as ações foram cederam em sua primeira perda mensal desde outubro de 2016, o último mês antes da eleição dos EUA, quando começou o chamado rali do Trump.
O Dow Jones Industrial Average se recuperou na sexta-feira de uma queda de 1,55%, reduzindo as perdas na última hora, embora ainda tenha fechado com baixa de 0,3%. Isso colocou o índice mega-cap 3% mais baixo na semana.
O NASDAQ Composite saltou de uma escorregada de 1,3% na abertura para um salto na última hora que o ajudou a terminar 1,1% mais alto, reduzindo sua perda semanal para apenas 1,05%.
O Russell 2000 passou pela mesma abertura baixa e hora final mais alta. No entanto, como já observamos de forma consistente, o benchmark small-cap continuamente resiste a tendência, positiva e negativamente. Depois de abrir 1% mais baixo, fechou 1,6% mais alto, superando os índices das empresas de maior capitalização.
A narrativa do mercado que impulsionou a queda inicial e a recuperação da última hora começou com o medo sobre os aspectos negativos da agenda comercial de Trump, de acordo com os investidores. No final da sessão, no entanto, a ideia de que o que o presidente diz não é necessariamente acompanhado por uma ação permitiu que os investidores reinvestissem em ativos de crescimento.
Essa caracterização da retórica do presidente seria naturalmente interpretada de maneira diferente pelos críticos. Apoia a visão de sua base de eleitores de que ele fala muito, mas é um negociador, alguém que começa com uma posição forte, mas está aberto a fazer acordos.
Esperamos que os investidores vão e voltem a essa questão, desde de saber se isso será seguido de uma ação até se irá prejudicar os preços das ações, mesmo que continue a fazê-lo, pelo menos no curto prazo.
Vimos esse carrossel de narrativas de mercado nas últimas semanas com relação a taxas de juros mais altas. Após os rendimentos terem inicialmente chegado as máximas de 4 anos, os investidores largaram as ações de forma mais agressiva do que em dois anos, dominados pelo medo de um caminho mais rápido do que o previsto para taxas de juros mais altas.
Isso foi seguido pelo maior acumulo em 18 meses – mesmo que os rendimentos permaneçam em altas de 4 anos – sugerindo que os investidores haviam superado seus medos iniciais das taxas prejudicarem o crescimento e os preços das ações e talvez agora se concentrassem nos aspectos positivos de uma economia melhorada, como um ambiente estimulante para o crescimento da empresa e maiores preços das ações.
No entanto, as ações caíram novamente na terça-feira, quando o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, testemunhou ante o Comitê de Serviços Financeiros da Câmara que ele e o restante dos decisores do banco central "estarão levando em conta os desenvolvimentos desde a reunião de dezembro e compondo nossa nova trajetória para a taxa". No entanto, tanto o aumento recente da inflação, quanto os altos rendimentos de 4 anos já deram o sinal. Ainda assim, talvez ouvir direto do chefe do Fed perturbou os investidores o suficiente para vender, como se estivessem ouvindo sobre essa nova perspectiva de taxas mais altas pela primeira vez.
Não importa a narrativa escolhida, o desenvolvimento mais importante no mercado de ações no momento – e o maior driver atual – é a volta da volatilidade.
A maior volatilidade já desencadeou posições complicadas e altamente alavancadas em múltiplas classes de ativos que, com base em baixa volatilidade, fizeram fortunas para instituições financeiras durante uma calmaria muito longa antes da atual tempestade de volatilidade. Sem dúvida, essas mesmas instituições estão agora correndo para reestruturar posições talvez ainda mais complicadas e altamente alavancadas com base em alta volatilidade, espalhadas por múltiplas classes de ativos.
Esse desenrolar das atuais posições presumivelmente supera a demanda; a reestruturação das novas estratégias, portanto, incluiria uma demanda considerável, criando uma gangorra no mercado de ações.
Cerca de 600 computadores utilizados para a mineração de bitcoin foram roubados na Islândia, em uma perda de cerca de 1,5 milhão de libras, ou mais de US$ 2 milhões. É até agora um dos maiores roubos do país; 11 pessoas foram presas embora a investigação esteja em andamento.
Tecnicamente, o preço do bitcoin ainda se debate abaixo da resistência do antigo pico, uma estrela cadente. O nível de US$ 12.000 pode determinar o destino da criptomoeda para o próximo grande movimento.
A Semana à Frente
Todos os horários de Brasília
Domingo
22:45: China – PMI de Serviços Caixin (fevereiro): A atividade no setor de serviços deverá cair de 54,7 para 53,4.
Segunda-feira
06:30: Reino Unido – PMI de Serviços (fevereiro): Deverá aumentar de 53 para 53,4.
12:00: EUA – PMI Não-Manufatura ISM (fevereiro): deverá cair de 59,9 para 59,4.
O ouro reagiu, juntamente com a prata, pois que os investidores buscaram ativos de refúgio seguro com o retorno do sentimento de risco.
Terça-feira
0:30: Austrália – Decisão da Taxa de Juros: não é esperada nenhuma mudança na política, a taxa permanecendo em 1,5%.
12:00: Canadá – Ivey PMI (fevereiro): a previsão de aumento de 55,2 para 61
21:30: Austrália – PIB (quarto trimestre): Espera-se que seja 0,7% no trimestre e 3% ao ano, de 0,6% e 2,8%.
Quarta-feira
07:00: Zona do Euro – PIB (quarto trimestre, terceira estimativa): previsão de 0,6% no trimestre e 2,7% ao ano.
10:15: EUA – Variação de Empregos Privados ADP (fevereiro): deve mostrar a criação de 195K empregos, dos 234K no mês anterior.
12:00: Canadá – Decisão da Taxa de Juros: taxas devem se manter estáveis em 1,25%
12:30: EUA – EIA Estoques de Petróleo Bruto (semana encerrada em 2 de março): previsão de aumento para 160.000 barris.
O preço do petróleo caiu em meio as preocupações sobre o aumento da produção nos EUA. Tecnicamente, uma penetração do nível de US$ 58 registraria um segundo vale de baixa, completando uma reversão.
Quinta-feira
03:15: China – Balança Comercial (fevereiro): as exportações deverão aumentar, de 11,1% para 13,6%.
09:45: Zona do Euro – Decisão da Taxa de Juros BCE: A política deve ser mantida inalterada em 0,00%, mas a coletiva de imprensa das 10:30 pode dar informações sobre o que os decisores políticos estão planejando.
O euro se recuperou de um topo duplo, aumentando a probabilidade de retestar seu nível de 1.2500.
10:30: EUA – Pedidos Iniciais por Seguro Desemprego (semana encerrada em 3 de março): previsão de aumento de 210K para 216K.
22:30: China – IPC (fevereiro): deverá aumentar de 1,5% para 1,6%.
Sexta-feira
0:00 (Planejado): Japão - Decisão da Taxa de Juros BoJ: nenhuma alteração esperada para a taxa de -0,10%
O iene aumentou para o seu ponto mais forte desde 2016, depois que o governador do BoJ Haruhiko Kuroda, pela primeira vez, se pronunciou sugerindo um possível prazo para discutir um plano de saída do programa excepcional de flexibilização do banco central. Os comentários de Kuroda foram vistos como mais evidências do fim da era de estímulos maciços que impulsionaram os preços dos ativos e reduziram os custos de empréstimos.
Tecnicamente, o preço está retestando sua baixa de meados de fevereiro, na tentativa de romper abaixo de uma consolidação desde o início de 2017. Tal queda faria os investidores observarem o nível de 100,00.
06:30: Reino Unido – Produção Industrial (janeiro): Revisado de 0,4% para 0,3%, mas ainda acima de 0,2% ao mês; revisado de 1,4% de 3,5%, abaixo de 2,8% ao ano.
06:30: Reino Unido – Balança Comercial (janeiro): o déficit deverá reduzir de £ 4,9 bilhões para £ 3,8 bilhões.
10:30: EUA – Relatório de Emprego (Payroll) não-agrícola (fevereiro): São esperados 190 mil postos de trabalho, dos 200 mil do mês passado. A Taxa de desemprego deve se manter em 4,1%, enquanto os salário médio por hora devem aumentar em 0,3% ao mês, em linha com o mês passado.
O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, provocou especulações que o banco central pode acelerar o ritmo do aperto monetário, um movimento que deve sustentar o dólar. No entanto, caiu na quinta e sexta-feira, talvez pela preocupação dos investidores que o dólar mais forte poderia descarrilhar a expansão econômica.
10:30: Canadá – Variação no Emprego (fevereiro): Espera-se que 17,5 mil empregos tenham sido criados a partir dos 88 mil do mês anterior.