Pá de cal no pior janeiro desde 1995, começamos fevereiro com o que temos feito de melhor: caindo, e caindo muito. Fato é que iniciamos o ano temendo os problemas internos e assombrados pelas nuvens da Tempestade Perfeita... Perda de credibilidade da economia brasileira combinado à retirada dos estímulos nos EUA. Um convite à fuga de capitais. Lembro como se fosse ontem do pessoal perguntando no final do ano passado se eu enxergava alguma possibilidade de inversão neste cenário. Enxergava sim, mas somente com alguma surpresa fora da caixa. Algo que não estava no radar. As surpresas vieram, mas todas para agravar. A China incógnita virou risco-China. A ilha dos emergentes virou “Fragile Five”, os EUA estão retirando os estímulos. E a nossa economia segue perdendo a credibilidade.
Fisher falou, Fisher avisou
O dirigente do Fed de Dallas tomou os microfones para alertar que o Fed é o Banco Central americano, “não é o Banco Central do mundo”. Pode parecer óbvio, mas muita gente ainda não se ligou que o Fed não vai pensar no problema dos outros países durante o processo de tapering. O alerta do Fisher foi ainda mais direto: “countries like Brazil, that used the money to boost consumption, will have a hard time”.
Fragile Five?
É o novo termo da moda. Ainda não ouviu? Calma, você ainda ouvirá muito. Brasil, Turquia, Índia, África do Sul e Indonésia. O que essas economias têm em comum? Pergunte para o Fisher.
O que lhe resta
Infelizmente, começamos fevereiro sem elementos para crer em uma virada do dólar, do câmbio, ou do juro. Naquele esforço sempre válido de interpretar a cabeça dos agentes econômicos (dos jurados deste concurso de beleza keynesiano), temos o relatório Focus com mais do mesmo. Mais dólar, mais Selic para 2015... Com isso, chegamos a dois clichês ligados às ações:
i) fundo do poço tem porão;
ii) não tente pegar uma faca caindo. Para fevereiro, nossas carteiras recomendadas estão ainda mais defensivas. Foco em ações excessivamente descontadas (em detrimento a crescimento), pouca dívida, exposição ativa em dólar, baixa exposição a commodity e foco em previsibilidade de resultados.
Imagina na Copa
Você pagaria R$ 90 mil de aluguel por mês em uma casa de 200 metros quadrados no Rio de Janeiro? Achou puxado? Então que tal um apartamento com o conforto de dois quartos e banheiro a R$ 63 mil no bairro de Itaquera, em SP? Acredite, ambos os anúncios são reais. A quem interessar, basta me encaminhar um email que posso fazer a intermediação. Seriam essas mais duas evidências da bolha imobiliária, ou não seriam parâmetro de mercado, apenas um evento isolado, inflado por uma característica em comum: ambos situam-se a cerca de 400 metros dos estádios da Copa? A verdadeira oportunidade de negócio desta segunda-feira está em nossa Carteira de Fundos Imobiliários. Quem assinar hoje, além da carteira, leva de lambuja um relatório especial sobre o estouro (ou não) da bolha imobiliária brasileira.
Periclitante
No fim da sexta-feira, foi definido o preço da energia em vigência no mercado livre esta semana. Pela primeira vez na história ela bateu o limite do mercado à vista, de 822/MWh. Não fosse o limite, o preço iria acima de R$ 1.000/MWh. São Pedro não ajuda. Com o calor insuportável e a falta de chuvas, a própria Sabesp anunciou hoje um racionamento voluntário de água. Quem gastar menos água terá um desconto de preços na fatura. E as ações da Sabesp reagem com a principal queda do Ibovespa no período da tarde, caindo mais de 4%. Sabesp que é uma ação que não tem medo de chuva (pelo contrário), mas chuva no sentido próprio - não falo da Tempestade Perfeita. Suscetível tanto à incerteza regulatória quanto ao risco climático, ela tem toda a imprevisibilidade que você não procura em uma ação de energia e saneamento. Bom, tirando a tempestade perfeita, o crash dos emergentes, o medo de bolha imobiliária e os riscos de apagão e de racionamento de água, parece tudo dentro do controle.
Para visualizar o artigo completo visite o site da Empiricus Research.