Elas estão descontroladas
As Levyzetes, que tem como cheerleader o seu ex-chefe Trabuco (para quem a inflação acima da meta e a recessão de 2015 devem ser comemoradas), estão eufóricas...
No auge da crise política, quando não parecia mais haver qualquer possibilidade de diálogo entre Dilma e Renan Calheiros, eis que o impossível aconteceu...
Levy foi pessoalmente negociar com Renan, e conseguiu passar uma proposta para a correção do IR.
Ufa! O ajuste fiscal voltou!, bradam as Levyzetes.
Não perceberam, porém, que a proposta que passou (de 6,5% escalonado) não é a exatamente aquela apresentada pela base governista (de 4,5% integralmente).
Na atual conjuntura, reconheço, um meio termo tem gostinho de vitória...
Agora, não deixa de ser uma vitória de Pirro.
A banca sempre paga e recebe. E a do Renan não costuma ser diferente.
Roque Citadini
Mas clima positivo dos mercados nesta terça não é exclusividade tupiniquim...
Os gringos resolveram dar uma trégua. O motivo é o mesmo: Mario Draghi se comprometeu a devolver a Zona do Euro à rota de crescimento (leia-se “estímulos”) e os dados da atividade industrial chinesa marcaram crescimento de 6,8% nos dois primeiros meses do ano, contra projeções de avanço de 7,6% (leia-se “estímulos”).
Por aqui, as ações da Petrobras protagonizam a volta do Ibovespa ao campo positivo.
Novidade da vez: a estatal montou uma força tarefa para incluir no seu balanço atrasado as baixas relacionadas ao pagamento de propina...
Assim como a classificação do Real Madrid ontem, ou o churrasco de boas-vindas do meu primo que saiu da cadeia, esse é mais uma daquelas que você até comemora... mas com uma vergoooonha.
Perde-perde-perde
Dona de alguns dos recordes mais bizarros do mundo, como o de “maior dívida corporativa do mundo”, ou de “companhia de petróleo que perde com a alta do petróleo”, Petrobras lançou uma nova modalidade de excrescência...
O “perde-perde-perde”.
Matéria do Valor Econômico desta chama atenção para algo que o M5M alerta há bom tempo: a vantagem da empresa com a alta no preço dos combustíveis na bomba teria vida curta.
Com a continuidade da trajetória de alta do dólar, o resultado da companhia com a arbitragem das importações de combustível está próxima de voltar ao vermelho.
Petro estava comprando petróleo entre mínimas no mercado internacional e vendendo caro no mercado interno, contrariando um movimento global e generalizado de queda nos preços dos combustíveis.
Se não houve coerência do governo para acabar com essa excrescência, a disparada do dólar tratou de dar fim a ela.
Chegamos, assim, a uma situação em que perde (popularidade) o Governo, perde a empresa, e perde o consumidor.
Pode?
Só quem ganha é a inflação.
Brilha muito, Brasil
Olhando hoje cedo as lâminas de um dos maiores fundos de investimento “high yield” do mundo, da AB (AllianceBernstein) Global, que tem cerca de US$ 470 bilhões em ativos sob gestão, deparei o seguinte quadro:
Da parcela de alocação do fundo em títulos de mercados emergentes, a maior exposição (1,92%) está nas gloriosas NTN-F brasileiras.
Mais interessante, que mesmo em meio a mercados de alto risco (beta), consta apenas um título com remuneração superior aos 10% da brasileira - os 13,5% das notas sul-africanas.
E, convenhamos, 10% para um título do Tesouro brasileiro fatalmente trata-se de uma posição de carrego do fundo, que vem de antes, não está entre as mais rentáveis que os títulos públicos brasileiros oferecem atualmente, após a disparada dos juros e do prêmio de risco.
Temos, portanto, mais uma referência global de onde está o último peru com farofa fora do Dia de Ação de Graças do mundo.
A sua nova poupança
Não faz sentido manter dinheiro na poupança com maior risco do que títulos do Tesouro, pagando menos (em alguns casos metade) do rendimento do Tesouro.
Prerrogativa?
O fator liquidez. Na poupança você tem o dinheiro de acesso fácil, para pagar uma conta, para uma eventualidade...
Pois bem, surgiram os fundos DI, com risco similar ao da poupança e liquidez diária em alguns casos.
Nesse universo do maior juro real do mundo, do último peru com farofa fora do dia de Ação de Graças, e da extrema volatilidade das (todas) categorias de aplicação, a briga diária é para ter algo próximo da rentabilidade do CDI.
Referência de aplicação conservadora, são títulos de emissão das instituições financeiras, que lastreiam as operações do mercado interbancário. Suas características são idênticas às de um CDB, mas sua negociação é restrita ao mercado interbancário.
Portanto, são, grosso modo, o juro que o banco consegue.
Mas como você pega o CDI?
LFT ou fundo DI.
Sempre houve uma vantagem para o fundo DI: a liquidez diária.
Por sua vez, a LFT até então só poderia ser resgatada nos leilões de quarta-feira.
Isso, até ontem...
Com a mudança nos termos dos títulos do Tesouro, a LFT (e os demais títulos do Tesouro) passou a ter liquidez diária.