A Volatilidade (Vol.) é a um indicador muito utilizado no Mercado Financeiro, pois mede a intensidade da variação de preços ao longo do tempo. Quanto maior a Vol. maior terá sido a oscilação de preços dos ativos, e quase sempre, esta alta antecede rentabilidades acima da média. Não existe retorno acima da média sem aumento de Vol., sendo crucial o investidor entender e assimilar isto. Ao invés do investidor ver a Vol. como um detrator para a construção do seu patrimônio, deve entender que é “saudável” para otimizar retornos das carteiras. O aumento da volatilidade não necessariamente está ligado ao aumento de risco de uma carteira de investimentos, mas sim, ao aumento da incerteza. Até quando subirão os juros americanos? A inflação vai convergir a meta em 2024? Haverá recessão nos EUA em 2024? Todas essas perguntas são incertezas, que geram o aumento da volatilidade dos preços a mercado, de um título do tesouro, de uma ação, de um fundo imobiliário, dentre todos os outros ativos da cadeia de investimentos. Contudo, se o investidor não alterou o perfil da composição de diversificação de classes de ativos da sua carteira, ele poderá passar por um período de maior volatilidade no seu rendimento, sem ter aumentado riscos da carteira.
Os investimentos no ano de 2023, e focando mais em Brasil, passaram por muitas incertezas. Mudança de Governo, Juros altos no Brasil e no mundo, Conflitos Geopolíticos, que também impactaram nosso País; foram alguns dos principais temas que trouxeram incertezas aos Mercados, em todas as classes de ativos. Fundos de Renda fixa passaram por oscilações negativas, oriundas de riscos de crédito (uma das consequências dos juros altos), pegando de surpresa investidores em investimentos conservadores. Os fundos Multimercados, que por característica são resilientes a diversos cenários, tiveram o pior ano de retorno desde 2008 (O IHFA – índice de referência do rendimento médio dos fundos multimercados esta com rendimento abaixo da poupança no ano). Já ações, tendo no Brasil o Ibovespa como referência de rendimento, depois de tanto sobe e desce, característico da classe, passaram de pior investimento do ano a um dos melhores, performando até meados de novembro, acima do CDI (em um ano que tivemos SELIC até 13,75%).
Diante de tantas incertezas, a “vilã” volatilidade permitiu ao investidor encontrar grandes oportunidades no ano; NTN-B com IPCA+6,5%, crédito privado High Grade IPCA+7% a.a. (com isenção tributária), foram algumas das oportunidades do ano. Essas taxas só aparecem em períodos de grandes volatilidades e juros altos. Aguardar para realocar o excesso de liquidez do “seguro 100% CDI” em um período de juros baixos, é perder grandes oportunidades, mesmo que no curto prazo, esteja a desconfiança na mente do investidor; “ Será que não era melhor ter aplicado tudo em um CDB a 100% CDI”? Contudo, no longo prazo, o investidor, por mais conservador que seja, vai agradecer por ter ocorrido essas volatilidades em 2023, e as oportunidades geradas. Os sempre bem vindos investimentos pós fixados, como os CDBs indexados 100% ao CDI, que 3 anos atrás batia 2% em juros nominais, chegou a atingir 8% de juros reais esse ano; mas no longo prazo, em janelas maiores de observação, apresentam, em média, um juros real em torno de 4% a.a.. Por isso, investidor, atente-se menos ao retorno de curtíssimo prazo (perder 1 ano do CDI, mas montando a carteira com taxas “gordas”, em especial de juros reais, é uma grande oportunidade); foco no longo prazo, pois a Vol. é saudável ao seu patrimônio.