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Acima do Bem e do Mal

Publicado 04.08.2014, 15:22
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Acima do bem e do mal

Como bem definiu Nietzsche, a razão é uma grande emoção, é o desejo de controle. Uma pena este governo não ter lido o filósofo. Sob uma pretensa racionalidade e argumentação de terrorismo eleitoral, busca-se o controle das opiniões sobre economia & finanças. Num governo ensimesmado, críticas técnicas e argumentos decorrentes de questões estritamente factuais sobre Economia viram “tentativa de influenciar o voto.”

Os críticos argumentam que uma política econômica cujo placar é de Inflação 7 (6,5% para ser preciso) x Crescimento 1 (0,9% para ser preciso) é ruim. Em vez de encontrarem como resposta uma antítese convincente para refutar a tese, recebem de volta a acusação de terrorismo eleitoral.

A associação entre incompetência e falta de autocrítica não é nova. Justin Kruger e David Dunning, da Cornell University, no artigo Unskilled and Unaware of It: How Difficulties in Recognizing One’s Own Incompetence Lead to Inflated Self-Assessments, atestaram a relação genotípica entre competência e autocrítica. Virou um clássico.

O FMI está errado. O Santander, a Empiricus, a Fitch e os gestores são todos loucos. Errados e sem direito, inclusive, de errar, pois não podem sequer exibir suas opiniões. Ponto final.

A pergunta ainda sem resposta: como combateremos o cenário de estagflação sem críticas e debate? A série sobre O Fim do Brasil firma seu compromisso em contribuir, construtivamente, para esse diálogo. Proponho um debate estritamente econômico, não político. Volto com novidades em breve. Podem me cobrar.

E Marx, leram?

Eu entendo perfeitamente que não tenham lido Nietzsche. A referência filosófica atual é a Marilena Chauí, aquela que disse publicamente e sob aplausos ao fundo do ex-presidente Lula, que “odeeeeia” (assim mesmo, caprichando no “e”) a classe média. E eu, que fundei uma consultoria para dar boas recomendações de investimento à classe média, sou o terrorista. Saquei. Bom, vamos em frente.

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O problema maior é que sequer leram Marx, que deveria ser-lhes uma referência. Ao acusar os analistas de mercado de tentar influenciar voto, associam o capital a determinada ideologia. Isso fere uma das proposições marxistas mais convencionais de que o dinheiro busca, apenas, tornar-se mais dinheiro. É a clássica formulação D-M-D’, ou seja, de que o dinheiro (D) vira mercadoria (M) para voltar a ser mais dinheiro (D’).

Dinheiro não tem carimbo, capital não tem ideologia. Ao vender ações de estatais (e outras, em âmbito geral) a partir do ganho de espaço da situação nas pesquisas eleitorais, o investidor apenas demonstra uma crença de que, sob a atual administração, os lucros por ação serão menores. E se isso acontece em nível agregado, com todas as empresas, é porque a própria Economia iria mal.

Reforça-se: a discussão é econômica. Investimento não admite o clima de “nós contra eles”. É ele (dinheiro) com ele mesmo (mais dinheiro).

Mudança de paradigma

Nunca gostei de rótulos e categorizações. Nós, eles, direita, esquerda, value, growth, agressivo, moderado. Deveríamos estar todos no mesmo barco.

Falando da minha área, especificamente, todos procuram as melhores oportunidades de investimento, sem torcer para que o outro encontre futuro menos profícuo. Seu único adversário é o custo de oportunidade do capital.

Uma tristeza ainda insistirem em certas clivagens, algumas delas muito curiosas.

Em evento recente na CUT, o ex-presidente Lula fez gol contra, desta vez enfrentando a turma do "nós" e abraçando o pessoal do "eles". Mostrou-se amigão do presidente do Santander, um homem honrado. E, de forma muito educada, pediu a cabeça da bancária, que, na opinião do ex-presidente, não saberia p*&#!% nenhuma de Brasil. O problema não seria do Santander, mas da analista apenas.

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Não podemos acusar o ex-presidente de incoerência. Em evento na Bahia no dia 27 de junho, Mr. da Silva, sob o contexto das reações da Bolsa, constatou que não é o mercado que elege presidente. Há aqui algo implícito: o reconhecimento de que o mercado, no geral, não gosta da atual administração. Ou seja, Lula sabe que a Bolsa cai com Dilma bem nas pesquisas - e vice-versa. Ele disse o mesmo do Santander!

Então, repito assertiva anterior: se ambos falaram a mesma coisa, das duas, uma: i) ou o Santander não fez propaganda eleitoral; ou ii) Lula fez propaganda eleitoral, contra Dilma.

Questão de foco

Em meio ao “nós contra eles” e ao cerceamento do debate, querem esvaziar a discussão em torno do que realmente importa. Eu nunca quis nem pretendi discutir política. Jamais faremos isso. Estamos aqui para falar de economia & finanças. O foco é total e irrestrito nisso.

Acordamos e dormimos pensando em mercados e alocação de ativos, nas formas apropriadas de investimento para fazer nossos clientes ganharem dinheiro. É só isso que eu gostaria de continuar fazendo.

Não sou cientista político. Sou economista e mestre em Finanças. Na Empiricus, sou responsável pela cobertura das ações de consumo e real estate. Escrevo as séries O Fim do Brasil e a Carteira Empiricus. A primeira talvez você já conheça. A segunda representa hoje possivelmente nosso relatório mais completo, com uma sugestão detalhada de alocação de ativos. Quanto você deve ter de ações, renda fixa, imóveis e câmbio. E o que comprar em cada um dos mercados. Esclarecimento óbvio: não faço o relatório sozinho - toda a equipe participa dessa montagem, com a opinião dos especialistas em cada área.

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Tudo o que você precisa para dormir tranquilo em relação às finanças. Nós estaremos sem dormir para prover-lhe o descanso dos justos. Fica aqui o convite para conhecer o produto. Então, fica o convite estrito ao debate sobre consumo, real estate, economia e asset allocation.

Sobre consumo e real estate

Posto que, à esta altura, me parecem cristalinas minhas convicções sobre a economia brasileira, deixo algumas considerações sobre consumo e real estate. Começo pelas incorporadoras.

Estou bastante cético quanto à evolução de resultados e teria exposição reduzida ao setor. Prévias já vinham indicando isso e resultado de PDG anunciado na quinta à noite corrobora avaliação. Distratos voltaram a aumentar e velocidade de vendas tem sido baixa.

Média e média-alta renda têm sido bastante afetadas por desaceleração da economia e efeito calendário. Situação pode piorar com perspectiva de recrudescimento das condições de liquidez lá fora. Nomes associados a turnaround podem ser particularmente problemáticos no momento, de forma que reitero preferência pelos cases premium.

Baixa renda também tem se mostrado mais resiliente. SA:MRV e Direcional tendem a ser os melhores resultados do trimestre.

Sobre consumo, o ceticismo deriva mais por conta de uma questão de valuation, com nomes, no geral, esticados, sobretudo quando ponderados pelo ambiente macro desafiador (baixo crescimento e inflação alta, com prognóstico de diminuição do emprego à frente). Resultados têm mostrado volatilidade, de modo que recomendo olhar nome a nome. Penalização recente envolvendo AmBev me parece excessiva.

Sobre asset allocation

Aqui vou ser bem breve. Comentários aprofundados e recomendações precisas estão na Carteira Empiricus. Deixo três considerações:

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i) Finalmente parecem ter acordado para o sobreapreçamento das bolsas internacionais, sobretudo as americanas. Acho que há um ajuste maior por vir. Estimularam a tomada de risco em excesso para sair da crise de 2008 - a conta virá, sempre vem.

ii) Dólar abaixo de R$ 2,26 é a chance de você comprar moeda premium com desconto. Valor fundamental, naquilo que os economistas batizaram de Fundamental Equilibrium Exchange Rate, está por volta dos R$ 2,50. Quando juro começar a subir lá fora, ninguém vai querer estar em real, que é moeda exótica, com beta muito alto - paga muito bem quando mercado vai bem, e paga muito mal quando mercado vai mal, ou seja, o momento em que você mais precisa de dinheiro, ela paga mal.

iii) Queda do juro longo no Brasil acende sinal amarelo. Com a deterioração adicional das contas públicas confirmada a partir do déficit primário em junho, pior do que a pior estimativa, papo de sustentabilidade fiscal vai pegar forte ainda.

Deus e o diabo na Terra do Sol

Encerro com um breve questionamento sobre a economia brasileira, porque, me desculpem, eu não resisto. Qual a intenção da atual política monetária?

O arcabouço clássico de gestão monetária é a famosa Regra de Taylor, em que o Banco Central pondera preferências entre crescimento econômico e inflação para decidir sua taxa básica de juro. Se a economia está muito aquecida, sobe o juro para combater a inflação. E vice-versa.

Nosso problema é que a economia não está aquecida e a inflação é alta. Então, fica difícil a missão do Banco Central, que simplesmente não sabe o que fazer. Acabou de descartar queda da taxa Selic na ata de sua última reunião.

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No dia subsequente, liberou compulsório, ou seja, adotou política monetária expansionista, como forma de estimular o crédito e, por conseguinte, a economia.

Simultaneamente, vem atuando de maneira sistemática no câmbio para conter a inflação. Adianta-se: o argumento de que o BC atua para reduzir a volatilidade, sob um pseudo fear of floating (medo da flutuação) não cola aqui, pois a vol do câmbio está nas mínimas.

Ao tentar combater inflação e estimular o crescimento de forma concomitante, o Banco Central acende uma vela para Deus e outro para o diabo. Não vai funcionar.

Para visualizar o artigo completo visite o site da Empiricus Research.

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