Está eleito o novo problema
Após uma sexta-feira tensa, todos parecem ter voltado mais relaxados do final de semana nos Estados Unidos. Diante de uma agenda vazia de indicadores relevantes, atenções se voltam à fala de Lael Brainard, do Fed, em busca de sinais sobre os próximos passos da autoridade monetária. Seguimos pensando que juros são só para Dezembro, e a aparente calmaria do mercado parece apontar nesta mesma direção. Na Europa, a situação é mais dramática. Ainda repercute a frustração vista semana passada, com o muxoxo de Draghi quanto a novos estímulos monetários no bloco. O mercado começa a cair na real sobre a fragilidade das economias europeias, a despeito das insistentes ações do BCE, e o tom quanto às perspectivas da região começa a piorar. Ao que tudo indica, será mesmo para o Velho Continente que as atenções do mundo se voltarão depois que se consolidar o cenário de juros nos EUA. Elegemos o novo problema.
Quem não ajuda, (muito) atrapalha
A bola dividida dos mercados mundiais se reflete na bolsa brasileira, que inicia a semana sem direção. No campo positivo, estão principalmente empresas ligadas ao mercado externo, refletindo a desvalorização do câmbio. No noticiário local repercute a demissão do Advogado Geral da União, que partiu para o ataque ao longo do final de semana ao insinuar que o governo trabalha para abafar a Lava-Jato. Que ficou feio, não há como negar. Tanto pior se pensarmos que o episódio se dá exatamente no momento em que a oposição, por ocasião da cassação de Cunha, ficaria sem um alvo imediato. Sinto falta de um “Fora Padilha”. O ministro já se mostrou inoportuno em outras ocasiões, e essa impressão se torna pior a cada dia. Quem não ajuda, atrapalha — e muito.
Ajuste as velas
Ainda olhava, semana passada, para o nível historicamente baixo em que se encontrava a volatilidade da bolsa americana. Pode soar superstição, mas a experiência ensina que esse cenário nunca perdura por muito tempo — só muda o motivo. E nunca perca de vista que emergentes estão para desenvolvidos como o rabo está para o cachorro, logo...
Mas o bom navegador não reclama de vento a favor ou contra: simplesmente ajusta as velas. Nesse sentido, uma boa alternativa para explorar esses momentos de mar revolto são as Estratégias com Opções . Da volatilidade de curto prazo emergem, volta-e-meia, retornos expressivos para quem sabe operá-la bem.
Mas não custa avisar: sempre — sempre — com uma parcela pequena do capital e muita disciplina operacional. O jogo aqui é pesado.
PETR: Cinco anos
É o tempo que Pedro Parente estima que transcorrerá até que Petrobrás (PETR4 (SA:PETR4)) “vire a página” e seja saneada. É tempo, muito tempo — por aí se tem uma boa ideia do tamanho do estrago deixado pelas gestões recentes. E o fato de o próprio sinalizar que não pretende ficar até o final — serão 2 anos e só — me faz franzir a testa. Curiosamente, há cerca de duas semanas houve uma coqueluche por Petro entre os analistas do sell-side. O discurso oficial é de melhoria de resultados operacionais e aceleração da desalavancagem por meio de venda de ativos… sei. Tudo isso acontecerá, mas Roma não se fez em um dia — e a fala do próprio Parente aponta nessa direção: o prazo é mais longo. Confessem, colegas, que na verdade o surto de recomendações à Petro foi puro medo de ficar de fora em meio à aprovação do impeachment. Melhorias muito mais rápidas veremos em Banco do Brasil (SA:BBAS3) que, a 0,75 do patrimônio, nos parece um veículo muito melhor para quem quer apostar em choque de gestão em estatais federais.
Estão de parabéns
Opinião da Fitch Ratings sobre a FUNCEF, emitida em junho passado: “sólida estrutura de governança e extenso uso de comitês; "estruturas internas de gestão de risco e compliance dedicadas e independentes”; “processo de tomada de decisões de investimento muito bem definido e estável”. Aí estoura a Operação Greenfield, semana passada, e tudo vai por água abaixo. As agências de rating continuam fazendo um excelente trabalho, não acham? Algumas coisas nunca mudam. Desconfie dos ratings — sempre.