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Açúcar: No canto do ringue

Publicado 24.04.2023, 08:59

O contrato futuro de açúcar com vencimento maio/23 em NY encerrou a semana encurtada pelo feriado brasileiro na sexta-feira a 24.83 centavos de dólar por libra-peso, ou 73 pontos de alta em relação à semana anterior, equivalentes a pouco mais de 16 dólares por tonelada.

A desvalorização do real frente à moeda americana, de 2.88% (fechou a R$ 5,0496) no acumulado da semana, resultou em um acréscimo de 179 reais por tonelada de apreciação no preço do açúcar NY. A média aritmética dos valores apurados para a safra 23/24 (fechamentos de maio/23 até março/24) reverteram-se em R$ 2,888 por tonelada. Para a 24/25, o acréscimo foi de 98 reais por tonelada e a 25/26, 59 reais por tonelada.

O contrato de maio/23 chegou a negociar a 25.63 centavos de dólar por libra-peso na sessão de sexta-feira, para depois encerrar a semana a 24.83. Esse foi o maior preço em centavos de dólar por libra-peso desde 26 de março de 2012, portanto 11 anos atrás. Naquele dia, no entanto, o dólar negociava a R$ 1,8175 e o valor então apurado e convertido em reais e ajustado pela inflação equivale hoje a R$ 2,258 por tonelada FOB. 650 reais por tonelada inferior ao fechamento de hoje (o maio/23 equivale a R$ 2,907 por tonelada).

Isso tudo, para dizer uma coisa: o valor de hoje é extraordinariamente alto. Ele ocorreu apenas em 2.3% de todos os eventos apurados de 2000 até hoje. Repito: apenas 134 vezes nos últimos 5,843 pregões. Podemos simplificar e dizer que não aproveitar esses preços significa que você tem uma probabilidade de 97.7% de fazer a coisa errada. Não quer se arriscar? Compra uma put (opção de venda) pelo menos. O filósofo suíço Henri-Frédéric Amiel dizia que “quem pretende ver tudo com clareza antes de decidir nunca decide”.

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É óbvio que o mercado está agindo sob forte pânico. Existem vários aspectos extra fundamentos que fazem o mercado exagerar na dose do tal desequilíbrio da oferta e demanda. Os fundos são senhores desse mercado fragilizado pelo imenso percentual já fixado das usinas. Dessa forma, sem contrapartida de vendedores, é muito mais fácil elevar os preços com menor volume. E ninguém está dizendo que eles não vão continuar nessa empreitada.

O fator fluxo de caixa contribui para as bruscas oscilações que estamos vendo. Explico: as chamadas de margens das posições vendidas machucam as empresas. Do início de março até agora, NY teve uma oscilação de aproximadamente 123 dólares por tonelada, que representa quase 25% do valor do açúcar fixado. Isso implica numa retirada de caixa de enorme proporção para as tradings, usinas, instituições que oferecem operações de hedge, entre outros. A consequência imediata dessa situação será restrição creditícia por parte desses agentes nas operações das usinas e consumidores finais. Tem muita gente sangrando. A sessão de quinta-feira confirmou isso claramente.

Mercados com grande oscilação diária demonstram inquietude. Nos últimos dois anos, em geral a oscilação diária (preço máximo menos preço mínimo dividido pelo fechamento do dia anterior) teve uma média de 2.14%. Na quinta-feira, a oscilação foi de 4.72%, mínima de 24.19 e máxima de 25.34 centavos de dólar por libra-peso, contra um fechamento anterior de 24.34. Alguma coisa está fora de contexto.

Vale observar que os meses seguintes ao maio/23 tiveram oscilação maior, indicando que os fundos estão rolando o que podem para os vencimentos seguintes. Enquanto o maio/23 subiu 73 pontos na semana, o julho/23, outubro/23 e março/24 apreciaram 86, 91 e 88 pontos respectivamente.

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Os mercados exageram na alta e na baixa. Commodities é um mercado que costuma estressar quando existe qualquer sinal de ruptura na oferta e demanda do produto. Os vendidos a descoberto ou aqueles que precisam cobrir suas necessidades físicas do produto vão estancar a sangria a qualquer preço. Uma vez satisfeita a necessidade, os preços voltam à normalidade.

Por outro lado, os fundos estão sentados numa posição exitosa. A menos que a Bolsa de NY ajuste a margem inicial para evitar grandes oscilações (algo incomum partindo da ICE), que implica nos fundos terem que depositar mais dinheiro para as posições que possuem, nada indica que eles darão uma trégua. Fazem o que qualquer boxeador faria com o oponente no canto do ringue tomando bordoadas de todos os lados. E devem pensar: “vamos ver até onde eles (os que precisam se cobrir) aguentam o tranco”.

As usinas com mais foco e disciplina impulsionadas pela incontroversa realidade que se impõe, qual seja, a de um preço extremamente remunerador vis-à-vis um custo de produção menor (mais cana será moída) aceleram as fixações dos açúcares de exportação da safra 24/25. Três fortes argumentos para essa estratégia: o primeiro, que o mercado financeiro aposta na apreciação do real frente ao dólar ao longo do tempo; o segundo, que a taxa de juros deve afrouxar no segundo semestre; o terceiro, que os preços atuais ensejam um aumento na produção de cana para a safra seguinte com eventual pressão dos preços no mercado internacional.

Vale lembrar que, dada a incerteza motivada por tantos fatores exógenos, é prudente que a fixação de preços para a safra 24/25 venha acompanhada da compra de uma opção de compra fora-do-dinheiro. Quem seguiu a estratégia recomendada para a safra corrente, conseguiu adicionar pelo menos 65% da recente subida de preços desde o início de março, aliviando eventuais estresses de fluxo de caixa e se livrando daquelas horrorosas estratégias do tipo acumuladores e vendas que dobram a determinado preço de exercício.

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Alguns pontos que merecem ser observados nos próximos dias: o petróleo está artificialmente alto devido ao corte de produção comandado pela OPEC+. A maioria das usinas espera um aumento na produção de cana para este ano (a menor que eu ouvi foi uma variação positiva de 7% em relação à safra passada), portanto, podemos ter uma moagem acima dos 600 milhões de toneladas de cana. Tudo depende da chuva e da capacidade de moagem das usinas. Nesses preços remuneradores elas farão todos os esforços no sentido de maximizarem a produção.

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