Continuamos acompanhando, na medida do possível, dado o dinamismo dos acontecimentos, como estão se movimentando os candidatos à presidência nesta indefinida eleição de 2018.
Pelas pesquisas, não contando Lula do PT como candidato, preso em Curitiba (embora sem sabermos até quando), Jair Bolsonaro segue na liderança, embora havendo dúvidas sobre se teria capacidade de disputar um segundo turno, dado o seu baixíssimo arco de alianças e sua elevada rejeição. Chama atenção, também, nas pesquisas, a disputa pelo segundo lugar, em disputa Ciro Gomes e Marina Silva. Ciro Gomes estaria capitalizando mais as atenções das esquerdas, ensaiando também aproximações com o PSB e de alguns partidos da base, do chamado Centrão. Marina Silva, dizem, já começa a ensaiar alguma aproximação junto ao PSDB.
No partido do governo (MDB) o dilema se dá entre ter uma candidatura própria ou não apoiar nenhum candidato. Isso bem reforça o isolamento político da legenda, no passado sempre aderente a candidatos com maiores possibilidades de vitória nas eleições. Henrique Meirelles parece não conseguir aglutinar novas forças e não sai do “traço” nas pesquisas de intenção de voto. O isolamento se agrava ainda mais pelos baixos índices de popularidade do governo, com o presidente Michel Temer na “bacia das almas”, no pior nível para um presidente em 32 anos.
No PSDB, partido de viés mais social democrata, sua linha de atuação se sustenta por legitimar a agenda de reformas do governo atual, tendo a Previdência como a mais importante. Geraldo Alckmin, no entanto, enfraquecido pelos últimos escândalos, continua estacionado nas pesquisas nos 6% a 8%, sendo uma incógnita seu potencial de alavancagem. Muitos comentam que a alternativa talvez seja “convocar” João Dória para entrar nesta disputa majoritária. Outra alternativa seria buscar alianças, sendo com Marina a hipótese mais provável.
Lembremos que as convenções partidárias, para a escolha de candidatos e a definição de coligações, acontecem entre os dias 20 de julho e 5 de agosto. Algumas sondagens estão avançadas, mas muita coisa ainda pode mudar. A maioria das legendas conversa com mais de um candidato. Se Alckmin (PSDB) se mantiver candidato tem a chance de atrair mais partidos de centro. Apesar de liderar as pesquisas de intenção de voto, Jair Bolsonaro (PSL) encontra dificuldade para atrair apoios. O mesmo acontece com Marina Silva (Rede).
No que se refere às agendas econômicas, Jair Bolsonaro tenta dar um contorno mais liberal ao seu programa, com o suporte de Paulo Guedes, ex-executivo do mercado e antigo dono do IBMEC. Para ele, a trajetória explosiva das despesas públicas é a principal razão para a crise que vivemos. Esta é a opinião também de Gustavo Franco, do Partido Novo, tendo João Amoedo como principal candidato. Ambos os economistas, aliás, se opõem ao diagnóstico das candidaturas de esquerda, aqui lideradas por Ciro Gomes, PT e correlatos, na qual a saída da crise fiscal deve passar pelo incremento dos impostos, como especial atenção para os sobre grandes fortunas, heranças e lucros e dividendos de empresas e bancos.
Na visão destes economistas, como Marcio Porchman e Nelson Marconi, dentre outros, a saída para a crise passa pelos estímulos fiscais, como aumento de investimentos públicos e liberação de créditos subsidiados, para impulsionar a demanda. Por hipótese, a economia voltaria a crescer, empurrando as receitas e “mitigando” os desequilíbrios estruturais do setor público.
No caminho contrário, a turma mais de centro, mais ortodoxa, defende uma agenda de reformas, como a da Previdência, com alguns pensando no regime de capitalização, Reforma Tributária e claro, uma profunda reforma do Estado, com privatizações e corte de despesas inúteis. Um redesenho da máquina pública se faz urgente para estes economistas. Certo que cada um tem a sua visão, nuances diferenciadoras, mas todos tendem a concordar nos principais pontos da agenda econômica. Teríamos neste grupo, além da Paulo Guedes e Gustavo Franco, Marcos Lisboa, Eduardo Giannetti da Fonseca, Bernardo Appy da Rede de Marina Silva, Edmar Bacha, Roberto Mendonça de Barros e Pérsio Arida no PSDB, entre outros.
A seguir, um resumo sobre os caminhos das principais siglas nas eleições deste ano.