O conceito de ajuste fino é muito debatido no campo das políticas econômicas, com ênfase especial entre a política fiscal e monetária, o seu conceito é um tanto controvertido, uma vez que sua validade é objeto de divergências acadêmicas e metodológicas, mas de forma ampla, o conceito retrata a possibilidade de uma autoridade fiscal e/ou monetária lograr êxito no direcionamento das variáveis econômicas de forma discricionária. Aqui, devemos entender como discricionária como a atuação das políticas econômicas de forma que possuam um momentum maior até mesmo que os fatores exógenos do controle dessa autoridade, como os ciclos econômicos de acumulação/desfrute.
Os keynesianos eram adeptos deste conceito, uma vez que baseavam-se na suposta ineficiência de alcançar resultados assertivos no que diz respeito ao aumento da demanda agregada no curto prazo, por conta dos "empoçamentos" de liquidez poupadas e não investidas. Por isso, criam que era necessário a aplicação de medidas governamentais que visavam o aumento da demanda agregada por estímulos monetários e fiscais, mas principalmente fiscais.
As políticas fiscais, na ótica keynesiana, buscam influenciar a demanda agregada ajustando as despesas e receitas governamentais, uma vez que, na teoria de Keynes, um aumento marginal nos gastos do governo levaria a um aumento da demanda agregada. A crença de Keynes de que esse "empoçamento" de poupanças acumuladas e não investidas seria prejudicial para o sistema econômico nasce de sua teoria dos salários rígidos e da propensão a consumir. Keynes argumentava que, em tempos de recessão, os salários tendem a ser rígidos para baixo, ou seja, não se ajustam imediatamente devido a diversos fatores, como contratos de trabalho e resistência dos trabalhadores a reduções salariais. Nesse contexto, se os consumidores estiverem retendo suas despesas e preferindo poupar, uma injeção de gastos governamentais pode estimular a demanda agregada, ajudando a superar a recessão.
Quando questionado por outros economistas de seu tempo como Friedrich von Hayek, que postulavam que, no longo prazo, uma queda na demanda agregada não seria um problema tão grave e que os preços tenderiam a se ajustar às demais variáveis econômicas e, uma intervenção governamental poderia gerar inflação e distorções nos sinais de mercado, Keynes defendeu suas ideias, destacando que no longo prazo, todos estaríamos mortos.
Sobre a preferência de Keynes para com a política fiscal, seria principalmente pelo fato dela atuar diretamente e de forma discricionária na economia nacional, podendo ser adaptada de acordo com as situações de cada tempo. Keynes argumentava a superioridade da política fiscal sobre a política monetária pelo ocorrência nesta última das armadilhas de liquidez que poderiam limitar sua eficácia. A armadilha de liquidez, conforme concebida por Keynes, ocorre quando as taxas de juros nominais são tão baixas que as pessoas preferem manter dinheiro em vez de investi-lo, mesmo que a taxa de juros real seja negativa. Nesse cenário, as alterações nas taxas de juros pela política monetária não teriam o impacto desejado de estimular o investimento e o consumo.
Outra crítica em relação às políticas monetárias são pelo fato de que, segundo Keynes, mesmo com uma diminuição marginal nas taxas de juros, os investimentos não aumentariam de forma significativa. E ainda postula que as decisões de investimento dos empresários são baseadas em seu "espírito animal", quase que de forma instintiva. Destaco aqui a visão de Keynes para a caracterização dos agentes econômicos utilizando o termo spiritus animalis, pois ela norteia toda sua teoria econômica e descrença nos mecanismos de funcionamento de mercado. Essa concepção de Keynes contradiz a ideia central da economia clássica, que presume que os agentes buscam maximizar utilidade e lucros de maneira racional. A otimização de recursos, tendo em vista todo o ferramental estatístico e contábil que permite que os agentes econômicos possam balizar as suas decisões em fatos materiais, é muito mais palpável que a proposição de Keynes.
Já os monetaristas acreditavam que o ajuste fino da política econômica poderia ser mais eficaz através do controle da oferta de moeda. Essa perspectiva, muitas vezes associada ao renomado economista Milton Friedman, destaca a importância da estabilidade monetária para garantir um ambiente econômico saudável. Contrariamente à visão keynesiana, os monetaristas enfatizam que mudanças na oferta de dinheiro têm impacto direto nos níveis de atividade econômica e inflação, e consideram a intervenção do governo nesse âmbito como uma fonte de instabilidade. A teoria monetarista propõe que, mantendo uma oferta de moeda estável e previsível, seria possível atingir um crescimento econômico sustentável e controlar as pressões inflacionárias, sem depender fortemente de políticas fiscais discricionárias.
Para os monetaristas, políticas monetárias conseguiam retratar com maior precisão e liberalidade a realidade das expectativas dos agentes econômicos, uma vez que eram políticas monetárias passivas (sem uma contrapartida direta da autoridade monetária) e regradas (funcionavam a partir de um postulado e regramento preestabelecido). Os keynesianos criticavam essa postura dos monetaristas argumentando que as políticas monetárias não funcionam de imediato, pois eram afetadas pelo "policy lag".
Os monetaristas, de forma crítica a intervenção governamental por meio de políticas fiscais discricionárias, postulavam o "crowding-out effect", que é a ideia de que o aumento nos gastos do governo para estimular a demanda agregada poderia resultar na redução dos investimentos privados. A argumentação central era que, ao aumentar os gastos públicos, o governo acabaria absorvendo recursos disponíveis, elevando as taxas de juros e, assim, desestimulando os investimentos do setor privado. Essa visão destacava a importância de permitir que os mecanismos de mercado, especialmente os relacionados à oferta de moeda, atuassem como reguladores naturais da economia, em vez de depender de ações governamentais discricionárias. Por isso advogavam pela implantação de políticas monetárias passivas e regradas, que poderiam suavizar, e não suplantar os efeitos dos ciclos econômicos e suas flutuações subjacentes.
A crítica do monetarismo no campo dos gastos governamentais para a indução da economia residia na argumentação de que os ajustes finos e a direção discricionária da economia sob a forma de política fiscal provocaria a inflação e não surtiria efeitos proporcionais nas taxas de desemprego. Os monetaristas argumentavam que se o nível de preços subir em resposta a políticas expansionistas, isso resultaria em um aumento proporcional dos salários, já que, segundo o próprio Keynes, os salários são rígidos para baixo. Portanto, segundo os monetaristas, uma diminuição no desemprego só seria alcançada pelo aumento da produtividade e da eficiência econômica, em contraposição às políticas fiscais expansionistas.
Resumindo, os keynesianos postulavam a condução do ajuste fino por meio de políticas fiscais ativas e discricionárias, buscando estimular a demanda agregada para combater o desemprego e impulsionar o crescimento econômico. Em contraste, os monetaristas criticavam essas abordagens, defendendo a estabilidade de preços e melhorias estruturais como meios mais eficazes para alcançar um mercado de trabalho saudável. Argumentavam que políticas expansionistas poderiam levar à inflação, destacando a importância da eficiência econômica e do aumento da produtividade.