Mesmo diante da finalização da colheita, do avanço do beneficiamento e dos consequentes pontuais enfraquecimentos nos preços observados na segunda quinzena de outubro, os valores do algodão em pluma acumularam alta de quase 5% no mês. Este foi o quarto mês seguido de valorização da pluma no mercado brasileiro, e o movimento esteve atrelado às sustentações dos preços internacionais, que operaram nos maiores patamares dos últimos 10 anos, e da paridade de exportação. Em outubro, a média do Indicador CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, foi de R$ 5,9088/lp, um recorde nominal e, em termos reais, a maior desde abril/11 (R$ 8,2360/lp) – as médias mensais foram deflacionadas pelo IGP-DI, base em setembro/21. No acumulado de outubro, o Indicador CEPEA/ESALQ subiu 4,97%, fechando a R$ 5,9479/lp no dia 29. Vale considerar que, nos primeiros dias de outubro, o Indicador renovou o recorde por alguns dias consecutivos, atingindo a máxima nominal da série histórica, iniciada em julho de 1996, no dia 11 de outubro, quando fechou a R$ 6,0113/lp.
No geral, o mercado apresentou boa liquidez em outubro, especialmente no encerramento do mês. No entanto, a disparidade entre as ofertas de venda e de compra seguiu limitando a liquidez interna. Indústrias apontaram que os patamares de preços da pluma dificultam o repasse aos produtos acabados, apesar do bom ritmo das vendas de fios. Vendedores, por sua vez, estiveram firmes nos preços pedidos, atentos ao maior patamar do dólar frente ao Real, aos valores da pluma na Bolsa de Nova York (ICE Futures) e na Bolsa Chinesa (ZCE) e ao cumprimento dos contratos a termo. Quanto à nova safra, o cultivo está se iniciando no Brasil, e agentes estão otimistas. Assim, apesar do aumento nos custos de produção, a área e a oferta devem crescer. A liquidez nos contratos a termo envolvendo a pluma da safra 2020/21 está boa, assim como das temporadas 2021/22 e 2022/23.
MERCADO INTERNACIONAL – Entre 30 de setembro e 29 de outubro, o dólar se valorizou 3,88% frente ao Real, fechando a R$ 5,648 no dia 29. Já o Índice Cotlook A (referente à pluma posta no Extremo Oriente) subiu 8,9% no mesmo período, a US$ 1,1995/lp no dia 29. Assim, a paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship) aumentou 13,3%, a R$ 5,9294/lp (US$ 1,0498/lp) no porto de Santos (SP) e a R$ 5,9400/lp (US$ 1,0797/lp) no de Paranaguá (PR). Quanto à Bolsa de Nova York, os contratos acumularam alta em outubro, impulsionados pelo atraso na colheita dos Estados Unidos, pela demanda aquecida, pela valorização do petróleo e também por posições sobrecompradas de fundos. Assim, entre 30 de setembro e 29 de outubro, o vencimento Dez/21 subiu 8,55%, fechando a US$ 1,1485/lp no dia 29, e o contrato Mar/21 fechou a US$ 1,1383/lp, elevação de 11% na mesma comparação. O contrato Maio/22 se valorizou 6,53% no mesmo período, a US$ 1,0967/lp, e o Jul/22, 7,63%, a US$ 1,0774/lp. A média do Indicador em outubro ficou apenas 4,4% superior à da paridade de exportação. Além disso, a média do Indicador com pagamento à vista foi de US$ 1,0661/lp em outubro, 8,7% inferior à do Índice Cotlook A (de US$ 1,1674/lp) e 2,3% abaixo da média do primeiro vencimento da Bolsa de Nova York, de US$ 1,0917/lp.
ICAC – O Comitê Consultivo Internacional do Algodão, em relatório divulgado no dia 1º de novembro, indicou produção mundial da safra 2021/22 em 25,72 milhões de toneladas, aumento de 5,84% frente à anterior. Espera-se que as produções da Austrália, do Brasil e dos Estados Unidos aumentem, o que pode compensar as quedas estimadas nos dois maiores produtores mundiais, China e Índia. Já o consumo mundial de algodão em pluma deve crescer 1,64% em 2021/22, para 26,4 milhões de toneladas, ficando 1,2% superior à oferta. A exportação, por sua vez, deve recuar 2,33% frente à da safra passada, indo para 10,46 milhões de toneladas. Vale considerar que, na temporada 2020/21, as exportações atingiram um dos mais altos volumes, e isso deve ser novamente observado na próxima temporada, o que reflete a expectativa positiva da indústria, especialmente devido às vendas aquecidas no varejo de têxteis em muitos países desenvolvidos. Nesse cenário, o estoque final deve ser de 19,88 milhões de toneladas, recuo de 1,58% na comparação com o da temporada 2020/21. Quanto ao preço médio, o Icac indica média do Índice Cotlook A de US$ 1,0160/lp para a temporada 2021/22 em outubro, 3,5% maior que a prevista no mês anterior (US$ 0,9820/lp).
CAROÇO – Ainda que os preços de caroço de algodão tenham recuado em outubro, parte dos compradores indica que os patamares ainda não foram atrativos e, com isso, realizaram novas aquisições, de forma pontual, no spot. As chuvas melhoraram as condições das pastagens e, consequentemente, resultaram em menor demanda por novos lotes de caroço por parte da pecuária. Alguns pecuaristas também indicam evitar pagar os elevados patamares de preços do caroço, devido especialmente ao recente movimento de queda nos valores da arroba. As atenções estiveram voltadas aos cumprimentos dos contratos a termo, seja da matériaprima, como de farelo, torta e óleo de algodão. Segundo informações captadas pelo Cepea, o preço médio do caroço no mercado spot em outubro/21 em Lucas do Rio Verde (MT) foi de R$ 1.496,76/t, recuo de 8,2% em relação ao mês anterior, mas elevação de 22,9% sobre o de outubro/20 (R$ 1.218,15/t), em termos reais – as médias mensais foram deflacionadas pelo IGP-DI de setembro/21. Em Campo Novo do Parecis (MT), a média caiu 7,8% na variação mensal, mas subiu 30,7% na anual, indo para R$ 1.589,06/t em outubro. Em Primavera do Leste (MT), a média de outubro foi de R$ 1.650,81/t, baixa de 3,6% frente à de setembro/21, mas elevação de 33,4% em relação à de outubro/20.