O setor bancário brasileiro divulgou os resultados do quarto trimestre de 2024 (4T24), trazendo insights relevantes sobre o desempenho de Bradesco (BVMF:BBDC4), Itaú Unibanco (BVMF:ITUB4) e Santander Brasil (BVMF:SANB11). Os três maiores bancos privados do país registraram avanço na rentabilidade, expansão digital e ajustes estratégicos no apetite ao risco. Neste artigo, comparamos os principais destaques e perspectivas para cada instituição.
Bradesco: sinais de recuperação, mas desafios persistem
O Bradesco reportou um lucro líquido recorrente de R$ 5,4 bilhões, um salto de 87,7% em relação ao 4T23. Embora o crescimento seja expressivo, grande parte da melhora se deve a ajustes internos e à redução da inadimplência, sinalizando um processo de recuperação ainda em andamento.
A digitalização continua sendo um pilar da estratégia do banco, com 99% das transações realizadas online. Além disso, a concessão de crédito para pequenas e médias empresas aumentou 28% no ano, reforçando a aposta nesse segmento. No entanto, o ROAE de 12,7% permanece abaixo dos concorrentes, indicando que a eficiência operacional ainda precisa ser aprimorada.
Itaú Unibanco: liderança consolidada e eficiência operacional
O Itaú Unibanco reafirma sua posição como o banco mais rentável do setor, com um lucro líquido recorrente de R$ 10,9 bilhões, alta de 15,8% em relação ao mesmo período do ano anterior. O ROE gerencial de 23,4% reflete um retorno superior ao dos concorrentes, sustentado por uma carteira de crédito bem distribuída e uma operação altamente eficiente.
A carteira de crédito cresceu 10,2% no ano, impulsionada tanto por grandes empresas quanto pelo segmento de micro, pequenas e médias empresas. O Itaú também se destaca pelos investimentos em tecnologia, com mais de 1.300 modelos de inteligência artificial em operação e um crescimento expressivo das receitas com serviços e seguros. Sua solidez e previsibilidade são diferenciais estratégicos, mas a capacidade de inovar e manter o ritmo de crescimento em um mercado competitivo segue como um desafio crucial.
Santander Brasil: crescimento acelerado e riscos no radar
O Santander Brasil apresentou um lucro líquido de R$ 3,85 bilhões, um crescimento de 74,9% em relação ao ano anterior. O banco mantém um modelo de expansão agressiva, impulsionado pelo financiamento ao consumo e pelo forte desempenho em cartões de crédito, resultando em um crescimento da carteira de crédito de 6,4% no ano.
Outro ponto positivo foi o avanço na receita com comissões, que subiu 10,1%, beneficiando-se do aumento das operações com cartões e crédito. No entanto, essa abordagem expansionista pode elevar os riscos no longo prazo, especialmente se o cenário macroeconômico se tornar menos favorável. A capacidade do Santander de equilibrar crescimento e controle da inadimplência será determinante para sua sustentabilidade.
Panorama comparativo e tendências para 2025
Ao comparar os três bancos, fica evidente que o Itaú Unibanco segue liderando em rentabilidade e eficiência operacional, adotando uma estratégia mais conservadora e previsível. O Bradesco dá sinais de recuperação e está avançando na digitalização, mas ainda precisa melhorar sua eficiência para alcançar os concorrentes. Já o Santander Brasil mantém uma estratégia de crescimento acelerado, que pode gerar altos retornos, mas também traz maior exposição a riscos de crédito.
Para 2025, a eficiência operacional, inovação digital e qualidade da carteira de crédito continuarão sendo prioridades no setor bancário. O grande desafio será equilibrar crescimento e sustentabilidade dos resultados em um ambiente cada vez mais competitivo e digitalizado.