O cenário político e econômico do Brasil não é dos melhores e com isso, um dos sofredores, além do povo, é o Real, que segue se desvalorizando frente ao Dólar. A cada semana temos uma releitura do PIB para 2018, para níveis mais baixos, indicando que ainda estamos longe de nos recuperarmos da nossa pior crise da história. Os níveis de desemprego ainda estão em patamares altos, o que mina a renda das famílias e consequentemente o poder de compra da população, evitando com que o consumo aumente e contribua para que a economia gire positivamente. O comércio e indústria sentem isso no bolso, vendendo menos, faturando menos, investindo menos, contratando menos e se endividando cada vez mais.
Pior de tudo isso foi a recente greve dos caminhoneiros, que ajudou a empurrar a inflação para cima. Simples de entender. Lei da oferta e da demanda. Se a distribuição dos produtos cessou de uma hora para outra, tivemos menos produtos disponíveis na praça para atender o consumo e isso fez com que os preços subissem. Essa situação coloca o Banco Central contra a parede, já que estamos com os juros mais baixos desde a série histórica, justamente para estimular a economia, mas se temos uma escalada da inflação, uma contramedida é subir os juros novamente para controlar o consumo.
Para piorar um pouco mais o cenário mais do que caótico, temos eleições presidenciais em 2018. Ainda podemos notar apenas os pré-candidatos ao cargo de presidente do Brasil, mas sem os planos de governo e as alianças definidas. Na realidade, o mercado, os investidores, o povo, ninguém sabe ao certo quem pode ganhar essas eleições e qual rumo o país pode tomar a partir de 2019. Algumas reformas fundamentais que foram deixadas de lado por enquanto, como da Previdência, do Trabalho e Fiscal vão precisar voltar para a agenda com urgência, seja quem for o presidente. Corremos o risco de “quebrar” no curto prazo se isso não for ajustado.
Em contrapartida, temos uma economia americana voando, com recordes mínimos de desemprego, rumo as metas de inflação, política “bullish” do FED aumentando os juros e atraindo investimentos, reforma fiscal que inundou recentemente o mercado de dólares e por aí vai. Para o investidor estrangeiro, que poderia alocar recursos no Brasil, ele vê uma das maiores e mais seguras economias do mundo bem estruturada, pagando mais juros e olha para o Brasil, inundado em corrupção, completamente desorganizado, sem panorama para o futuro e pensa aonde seria melhor investir o seu dinheiro. Por isso temos recentemente uma fuga de capital do Brasil para os EUA, o que pode explicar esta forte alta do Dólar nas últimas semanas.
O Banco Central do Brasil tem feito esforços gigantescos nos últimos dias para pelo menos manter a cotação da moeda na casa dos R$ 3,80. Só na última segunda-feira foram 500 milhões de dólares vendidos das reservas internacionais para conter a alta. Até quando ele vai conseguir segurar o ímpeto do mercado? Não se assustem se chegarmos antes das eleições de outubro com o dólar beirando os R$ 4,00. Se isso acontecer, poderia ser péssimo para o Brasil, pois dependendo de quem for eleito, aí sim poderemos ter uma disparada do dólar, quem sabe voltando aos níveis de R$ 4,25 da era de escândalos da Dilma.
Partindo-se para a nossa Análise Gráfica, podemos notar como os preços dispararam após romper a região de resistência entre R$ 3,30 e R$ 3,35, chegando primeiramente até os R$ 3,77 e depois até os R$ 3,96. No momento da análise, os preços continuam rondando os níveis próximos aos R$ 3,80, mas nada impede que se, superado novamente, cheguem aos R$ 3,96 – R$ 4,07.
Para quem possui alguma visão mais otimista para o Real, se é que existe algum otimista nesta situação, poderíamos ter quedas até os níveis de suporte em R$ 3,61 ou na casa de R$ 3,51 – R$ 3,45, mas dada a atual situação e por tudo que foi abordado nesta análise, este cenário atualmente pode ser bem difícil de acontecer.
Grande abraço e bons trades!
Por Rodrigo Rebecchi (Equipe Youtrading)