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Na coluna de hoje eu encerro a série sobre avaliação de empresas (valuation). Irei falar sobre o múltiplo P/VPA, um dos múltiplos de avaliação mais utilizados para os bancos e as empresas de construção civil negociadas na bolsa de valores.
O múltiplo P/VPA de uma empresa pode ser calculado de duas formas: i) valor de mercado dividido pelo patrimônio líquido e; ii) preço da ação dividido pelo valor patrimonial da ação (VPA), que é obtido dividindo-se o patrimônio líquido pela quantidade total de ações.
Esse múltiplo também é conhecido como “price to book value” (P/BV), expressão do inglês que quer dizer preço de mercado da ação em relação ao seu “preço de livro”, ou seja, o valor do seu patrimônio líquido divulgado no balanço da empresa.
Somente para lembrar daquela aula não tão legal de contabilidade: o patrimônio líquido de uma empresa é obtido da seguinte forma: ativos menos passivos.
Como eu já falei em outras colunas: o valor de mercado é obtido pelo preço da ação (em reais) negociado na Bolsa multiplicado pela quantidade total de ações daquela empresa. Já o patrimônio líquido em reais é obtido no último balanço publicado pela empresa.
O resultado do indicador pode ser expresso em número (1,2) ou em porcentagem (120 por cento). Neste caso, o valor de mercado excede o PL em 120 por cento.
O sentido deste múltiplo é saber qual o “prêmio” e/ou “desconto” que o mercado está atribuindo à empresa acima/abaixo do valor do seu patrimônio líquido.
A ideia subjacente a este método é que o “valor” de uma empresa vai além do capital dos sócios. O nome da companhia, sua tradição no mercado, as carteiras de clientes de seus vendedores, tudo isso tem valor, algo que pode não estar reconhecido nos registros contábeis.
Em linhas gerais as ações podem ser consideradas baratas quando o múltiplo P/VPA está abaixo de 1,0x e mais caras quando negociadas acima do valor do seu patrimônio líquido (P/VPA acima de 1,0x).
O indicador P/VPA é bem simples de ser calculado. A seguir, apresento um exemplo prático do cálculo do múltiplo P/VPA do Banco do Brasil (BBAS3).
Deve ser utilizado o preço da ação mais recente para calcular o valor de mercado (30/out) e o patrimônio líquido do último balanço publicado (ex: setembro de 2020).
Primeiro, vamos determinar o valor de mercado (P) do Banco do Brasil com o preço de fechamento (30/out) das ações ON: 29,80 reais para BBAS3 (A) multiplicado pela quantidade de ações: 2.865.417.020 ações ON (B).
O valor de mercado do Banco do Brasil obtido por A x B = 85,389 bilhões de reais.
Na parte de baixo da fração (denominador), temos o patrimônio líquido total do Banco do Brasil obtido no último balanço publicado (set/20): 122,834 bilhões de reais.
O resultado do indicador P/VPA é demonstrado a seguir: 85,389/122,834 = 0,7 x.
O que esse indicador de 0,7x quer dizer? Esse número é alto ou baixo? A ação está cara ou barata?
Geralmente um múltiplo P/VPA abaixo de 1,0 x quer dizer que o valor de mercado da empresa está abaixo do seu patrimônio líquido, ou seja, a ação parece estar barata e descontada. No caso do BB, o valor de mercado atual corresponde a 70 por cento do valor do patrimônio líquido.
Adicionalmente, deve-se sempre comparar o resultado com a média histórica da ação em questão. No caso de Banco do Brasil a média do múltiplo P/VPA é de 0,87 x desde o início de 2020.
Fonte: ComDinheiro e elaboração Levante Investimentos
Portanto, atualmente as ações do Banco do Brasil estão sendo negociadas 20 por cento abaixo da sua média de 2020, ou seja, podem ser consideradas baratas.
O múltiplo P/VPA é muito utilizado no setor bancário, cujos ativos (empréstimos, valores mobiliários) possuem mercados de negociação dinâmicos. Assim, o valor contabilizado tende a ser mais próximo do valor de mercado.
Outro setor que utiliza bastante o múltiplo P/VPA é o de construção civil, ainda que a contabilidade seja um pouco diferente devido ao método PoC, que contabiliza a receita segundo o andamento das obras.
Isso representa uma vantagem sobre outras indústrias em que falta um mercado relevante para precificar ativos como fábricas e máquinas, por exemplo.
Entretanto, companhias com pouco VPA, como empresas de tecnologia e de fidelidade, tendem a ter um P/VPA bem alto, o que pode acabar por confundir o investidor. Porém, essas empresas possuem pouco patrimônio (poucos prédios, terrenos, máquinas). Nesses casos, é mais útil analisar tais companhias por meio da utilização do P/L ou do EV/Ebitda.
Nessa coluna eu encerro a série de textos sobre múltiplos de avaliação mais utilizados no mercado de ações (P/L, EV/EBITDA e P/VPA).
Se você perdeu as duas últimas colunas, confira nos links abaixo:
i) Múltiplo Preço/Lucro: Empresa Cara ou Barata?
ii) Múltiplo EV/Ebitda: Colocando a Dívida Líquida no Valor de Mercado da Empresa
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