Se encontrar empresas boas e baratas não é tarefa fácil no mercado financeiro, encontrar empresas que não estão bem das pernas também pode ser mais difícil do que parece. Muitas vezes os investidores se deixam levar por movimentos de alta sem avaliar a saúde financeira daquela ação, o que pode levar a perdas futuras. Mas com as ferramentas certas também é possível identificar papéis para evitar no momento.
Utilizando o filtro do InvestingPro e o WarrenAI, selecionamos três ações para você evitar em sua carteira hoje. A pesquisa foi feita primeiramente buscando empresas com potencial de valorização negativo, ou seja, tendem a desvalorizar dentro de 12 a 18 meses. Em seguida, aplicando o filtro de nota geral de saúde financeira abaixo de 2,5 para encontrar negócios que não estão saudáveis. A combinação de tendência de baixa com finanças em más condições leva ao diagnóstico de que é melhor ficar de fora dessas por enquanto. A adição de volume de negociação mínimo é para evitar papéis muito pouco negociados.
Brisanet (BVMF:BRIT3)
Potencial Negativo: -11,7%
Saúde Financeira: 2,48
Fundada em 1998 no Ceará, a Brisanet Participações (BVMF:BRST3) é uma operadora brasileira que fornece serviços de telecomunicações, com destaque para internet via fibra óptica, telefonia e TV por assinatura, especialmente na região Nordeste do país. A empresa concentra seus esforços na expansão de sua rede própria de fibra, permitindo acesso a conectividade de alta qualidade em cidades do interior e áreas carentes de infraestrutura digital. Sua atuação regional forte tornou-a uma das maiores operadoras independentes, competindo diretamente com grandes players do mercado nacional.
A deterioração dos indicadores de rentabilidade é mostrada através de margens negativas e crescimento zero (ou até declínio nas receitas), além de baixa geração de caixa. A falta de perspectivas para turnaround deixa o investidor “comprando esperança”. A Brisanet opera com dívida significativa (Dívida Líquida/Capital Total de 45,3%) e queima caixa rapidamente (FCL Alavancado de R$ -450 milhões), com Rendimento do FCL de -35,7%. Por fim, as obrigações de curto prazo superam os ativos líquidos (Liquidez Corrente de apenas 0,8x).
- Alta alavancagem: Dívida/Patrimônio muito acima do ideal, aumentando o risco de insolvência.
- Margem Líquida negativa: Lucros inconsistentes, o que pressiona a geração de valor.
- Fluxo de Caixa Operacional baixo ou negativo: Dificuldade para transformar receita em caixa.
BR Advisory
Potencial Negativo: -6,5%
Saúde Financeira: 2,04
Criada em 2009, a BR Advisory Partners (BVMF:BRBI11) é uma empresa brasileira independente especializada em serviços financeiros, assessoria estratégica e reestruturação corporativa. Atua especialmente na consultoria financeira e fusões e aquisições, com foco na execução de operações complexas que envolvem médias e grandes empresas. Tornou-se reconhecida no mercado financeiro brasileiro por sua expertise técnica, independência e capacidade em criar soluções personalizadas para clientes institucionais e corporativos.
O fundo enfrenta vacância elevada, inadimplência crescente e revisões negativas nos laudos de avaliação. O yield alto é armadilha: reflete risco, não oportunidade. Quem entra buscando renda pode acabar amargando desvalorização do principal. E o mercado espera um lucro líquido menor para a empresa este ano.
- Rentabilidade abaixo da média: ROE e ROIC baixos sinalizam dificuldades para gerar retorno sobre o capital investido.
- P/L distorcido ou negativo: Lucros escassos deixam múltiplos pouco confiáveis.
- Liquidez Corrente baixa: Pouco colchão para imprevistos, o que aumenta a vulnerabilidade.
Grupo Toky
Potencial Negativo: -1,5%
Saúde Financeira: 1,60
Fundada em 2011 como Mobly (BVMF:TOKY3), após a aquisição da Tok&Stok se transformou em Grupo Toky, especializado na venda online de móveis e artigos para casa, focado em oferecer conveniência digital e variedade de produtos. Com operação tanto digital quanto física agora, integrou a experiência virtual e presencial. A empresa busca inovar com uso intensivo de tecnologia logística e marketing digital, tornando-se rapidamente uma referência no segmento de móveis e decoração no e-commerce brasileiro.
A empresa apresenta liquidez apertada, endividamento elevado e lucros pressionados. O P/L acima da média do setor mostra que o mercado ainda não ajustou totalmente o preço ao risco, tornando a ação vulnerável a correções abruptas. Houve prejuízo líquido recente e não há expectativa de ser lucrativa em 2025 (projeção de prejuízo na casa dos R$ 60 milhões). Também espera-se menos vendas, com crescimento de receita negativo em -8,1%.
- Crescimento negativo ou estagnado: Receita parada ou caindo, dificultando qualquer virada operacional.
- Fluxo de Caixa Livre negativo: Queima de caixa recorrente, típico de negócios com modelo insustentável.
- Indicadores de valor relativos ruins: Ação não está barata mesmo para tamanho risco.
O que diz o WarrenAI?
Evitar BRST3, BRBI11 e TOKY3 é uma defesa contra armadilhas clássicas: empresas com saúde financeira comprometida, múltiplos distorcidos e incapacidade de gerar valor real tendem a virar “value traps” — parecem baratas, mas custam caro no longo prazo. Alguns múltiplos até sugerem “barateza”, mas a deterioração dos fundamentos indica que o mercado está precificando risco, não oferecendo pechincha.
Todas as três ações apresentam notas gerais de saúde financeira baixas, com destaque para múltiplos negativos, baixa geração de caixa e fragilidade em liquidez. O principal: os indicadores críticos nessas empresas formam um “checklist do que evitar” para quem busca solidez.
E o que você acha das três empresas em questão?
OBS: Dados coletados em 11 de junho de 2025