Este artigo foi escrito exclusivamente para o Investing.com
- Capitalização de mercado cai pela metade desde setembro de 2021
- Problemas do Facebook transcendem o mercado acionário
- Tendência de baixa nas ações rompe os elos mais fracos
- A expectativa é de mínimas mais baixas
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Em 2 de maio, o Censo dos EUA informou que a população mundial era de cerca de 7,893 bilhões. No fim do 1º tri, o número de usuários ativos mensais do Facebook era de 2,94 bilhões. Para mim, é incrível que 37,25% da população do planeta acesse o Facebook pelo menos uma vez por mês. É ainda mais estarrecedor o fato de que 66,7% dos usuários ativos tenham acessado a rede social todos os dias durante o 1º tri de 2022.
O CEO Mark Zuckerberg e sua equipe de programadores encontraram uma maneira de monetizar a plataforma, coletando dados pessoais e vendendo-os a anunciantes ávidos por alcançar seus quase 3 bilhões de usuários.
Em 2 de maio, a capitalização de mercado da Meta Platforms (NASDAQ:FB) (SA:FBOK34), dona do Facebook, ficou no nível de US$ 560 bilhões, muito abaixo da avaliação da empresa quando suas ações atingiram a máxima de US$ 384,33 em setembro de 2021. Zuckerberg pode receber apenas US$ 1 em salário, mas possui aproximadamente 12,5% das ações em circulação, no valor de quase US$ 64 bilhões.
Fonte: Forbes
Enquanto isso, o gráfico acima mostra que Zuckerberg e sua esposa venderam US$ 17,52 bilhões em ações do FB de 2012 a 2021.
No ano passado, em 28 de outubro, Zuckerberg mudou o nome da empresa para Meta Platforms, de modo a refletir sua fé no futuro do metaverso. Infelizmente para os acionistas, os papéis da empresa não fizeram outra coisa senão cair desde que ele prestou homenagem à realidade virtual. A tendência é sempre sua melhor amiga nos mercados e permanece baixista para as ações do FB, apesar do recente repique.
Há anos não tenho uma conta no FB, pois não gosto de fornecer meus dados para que uma empresa tire proveito deles.
Em 1837, Hans Christian Andersen publicou uma fábula moral sobre dois pobres tecelões que enganaram um rei e seu séquito em “As Roupas Novas do Imperador”. A história pode ser uma analogia para a atual saga do FB.
Capitalização de mercado cai pela metade desde setembro de 2021
Depois de alcançar a máxima de US$ 384,33 no início de setembro de 2021, as ações do FB afundaram.
Fonte: Barchart
O gráfico ressalta o declínio do FB até a mínima de US$ 169 por ação na semana passada, antes de a companhia apresentar seu balanço do 1º tri de 2022. Os papéis do FB derreteram depois de um raro resultado financeiro abaixo das expectativas no 4º tri de 2021, bem como após a revelação de que houvera uma reversão no crescimento do número de usuários.
Fonte: Yahoo Finance
O gráfico mostra o LPA de US$ 3,67 no 4º tri de 2021 em comparação com US$ 3,84, o que desencadeou a correção nas ações do FB. No 1º tri, o FB superou as previsões consensuais, reportando um lucro de US$ 2,72 por ação, contra expectativas de US$ 2,56, gerando uma recuperação de preços até o nível de US$ 200. Em 2 de maio, a US$ 205 por ação, o FB ainda estava 46,7% abaixo da máxima recorde.
Problemas do Facebook transcendem mercado acionário
Quando o Facebook atualizou sua marca e mudou de nome para Meta Platforms, em 28 de outubro, suas ações estavam no nível de US$ 325, perto das máximas. Zuckerberg fez uma grande aposta no metaverso, o que não foi uma boa notícia para os acionistas. Com base no desempenho das ações, Zuckerberg está sozinho no metaverso, sem investidores o seguindo. O tempo dirá se a mudança é brilhante ou se foi um divisor de águas para a derrocada.
Ao mesmo tempo, o FB entrou na mira das autoridades dos EUA, Europa e outros países que se opõem ao uso dos dados privados dos usuários pela empresa. O FB também vem enfrentando dificuldades com a Apple (NASDAQ:AAPL), em relação a um recurso de transparência de rastreamento de aplicativos implementado pela empresa. No início de fevereiro, o FB disse que o recurso poderia reduzir suas vendas em 2022 em aproximadamente US$ 10 bilhões.
Mas o FB não ficou parado e tomou medidas para reconstruir seus negócios publicitários após as medidas de privacidade da AAPL, reforçando as unidades de lojas e “clique para mensagem”, que incentivam uma ação dos usuários sem sair da plataforma do FB.
Ao mesmo tempo, as amplas contribuições políticas de Zuckerberg durante a eleição de 2020 continuam sendo uma fonte de preocupação.
Tendência de baixa nas ações rompe os elos mais fracos
O aumento das taxas de juros pesou sobre o mercado de ações em 2022, com todos os principais índices em queda no ano. Ações fracas tendem a se sair pior do que os índices de referência durante períodos de baixa. O FB teve um desempenho inferior ao do setor de tecnologia, na medida em que o Nasdaq recuou 23,8%, de um recorde de 16.212,23 para o nível de 12.360. Enquanto isso, o FB encontra-se 46% abaixo de seu recorde após o recente repique para mais de US$ 200. O FB teve um bom 1º tri e a ação se recuperou, mas continua sendo um elo fraco no mercado de ações.
A notícia ruim para as multinacionais é que a valorização do dólar exerce ainda mais pressão sobre seus resultados. A continuação das investidas regulatórias, a alta dos juros e o dólar forte podem gerar problemas para as ações do FB durante recuos do mercado geral.
A expectativa é de mínimas mais baixas
Elon Musk, homem mais rico do mundo, fundador da Tesla e líder de um império corporativo em crescimento, cuja adição mais recente é o Twitter (NYSE:TWTR), fez alguns comentários interessantes sobre o papel de Zuckerberg na Meta Platforms. Zuckerberg detém a maioria das ações votantes do FB, na sua estrutura dual de papéis. Musk comparou o CEO do FB a um monarca, dizendo:
“Considerando o tipo de propriedade de mídia, Mark Zuckerberg é dono do Facebook, Instagram e WhatsApp, e sua estrutura acionária permitirá que Mark Zuckerberg exerça total controle sobre essas entidades”.
Com 55% das ações do FB com direito a voto, Zuckerberg tem poder de veto absoluto sobre outros acionistas em relação à direção estratégica e ao futuro da empresa.
A aposta no metaverso, os problemas de relações públicas da empresa, questões de privacidade, a estrutura dual de votação das ações e o recente comportamento do mercado são pedras no caminho dos acionistas do FB.
Gerência precisa se decidir
Uma empresa precisa decidir se será pública ou privada. O FB vem andando sobre a linha tênue entre uma empresa de capital aberto com acesso aos mercados de capitais e uma empresa privada, onde o acionista majoritário exerce total controle. Não há espaço para que investidores ativistas operem no interesse de todos os acionistas do FB.
Zuckerberg teve seu melhor dia na semana passada, quando a empresa surpreendeu positivamente com o último balanço, aumentando seu patrimônio líquido em US$ 11 bilhões. No entanto, seu controle – que tem sido uma bênção para seu patrimônio pessoal nos últimos anos – pode se tornar uma maldição no futuro.
Fonte: Barchart
A tendência de alta nas ações do FB de 2012 a setembro de 2021 encerrou-se de forma repentina no início deste ano. Só o tempo dirá se Zuckerberg será capaz de mudar o sentimento do mercado em relação às ações do FB ou se acabará sozinho no metaverso, com o auge da sua empresa no passado, e não no futuro.
O FB enfrenta diversos obstáculos, e um dos mais significativos deles pode ser o que Musk chama de estrutura de propriedade “monárquica". Ela faz com que Zuckerberg seja um rei.
Veremos se a fábula de Hans Christian Andersen também se aplicará nos tempos modernos a Zuckerberg e ao FB. A tendência da ação indica que o rei talvez esteja andando nu.
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