Este artigo foi escrito exclusivamente para o Investing.com
- Soja se aproxima da máxima recorde no 1º tri
- Grão é usado para produção de alimentos e biocombustível
- Cotação de dois dígitos tornou-se realidade em 2008
- Três razões para o próximo movimento de alta
- SOYB é um ETF que rastreia os preços da soja
No início de abril de 2022, os agricultores do Hemisfério Norte começaram a plantar sementes para a produção de alimentos e biocombustíveis que abastecerão o mundo após a colheita do outono. O crescimento populacional de cerca de 20 milhões por trimestre significa que, a cada ano, o mundo depende da elevação da oferta de produtos agrícolas.
Com mais bocas a serem alimentadas, a necessidade de soja crescerá em 2022 e nos próximos anos, já que a demanda é crescente.
Mas 2022 não é um ano comum. As fortes pressões inflacionárias, o primeiro conflito bélico territorial na Europa desde a Segunda Guerra Mundial e os gargalos na cadeia de fornecimento elevaram os preços de todas as matérias-primas. E a soja não é exceção. A soja e seus derivados – o farelo e o óleo – são negociados no mercado futuro e de opções na divisão CBOT da CME. O fundo Teucrium Soybean (NYSE:SOYB) acompanha a ação dos preços no mercado futuro da soja.
A tendência e as mudanças dos fundamentos nos mercados agrícolas sugerem que o próximo movimento na soja tem tudo para ser de alta.
Soja se aproxima da máxima recorde no 1º tri
A máxima histórica no mercado futuro da soja ocorreu em 2012, quando o preço alcançou a marca de US$17,9475 por bushel.
Fonte: CQG
Como destaca o gráfico trimestral, o contrato futuro mais próximo da soja na CBOT atingiu US$17,65 por bushel no 1º tri de 2022, apenas 29,75 centavos a menos do que o pico de 2012. Indicadores de momentum e força relativa de preços trimestrais estavam subindo no fim da semana passada, com o preço acima do nível de US$16,70.
No 1º tri, a soja futura avançou 21,79%, fechando em 31 de março a US$16,1825 por bushel. E estava em alta em meados de abril durante a temporada de plantio de 2022 nos EUA, maior produtor e exportador mundial da semente oleaginosa. Nos últimos meses, uma safra fraca na América do Sul deu suporte aos preços e fez a soja atingir a máxima de 11 anos no 1º tri de 2022.
Soja é usada na produção de alimentos e biocombustíveis
Os processadores transformam a soja em dois produtos principais: óleo e farelo. O farelo é um ingrediente crítico na alimentação animal, enquanto o óleo é usado para cozinhar, além de ser um ingrediente essencial do biodiesel.
O diferencial de esmagamento compara os preços da soja com o de produtos derivados.
Fonte: CQG
O gráfico do diferencial de esmagamento da soja está em US$1,7350; o diferencial de processamento está em nível elevado. Os preços do farelo e óleo de soja tiveram melhor desempenho que os da semente oleaginosa bruta, um sinal de demanda crescente.
Cotação de dois dígitos tornou-se realidade em 2008
Em 1973, a soja futura subiu para US$ 12,90 por bushel, uma vez que a demanda superou a oferta. O movimento para quase US$ 13 fez com que os traders de soja começassem a comemorar o preço do produto em dois dígitos por várias décadas.
Fonte: CQG
O gráfico anual mostra que foram necessárias três décadas e meia para a soja atingir a cotação de dois dígitos. Em 2008, o preço superou o nível de US$13 a caminho da máxima histórica de quase US$18 por bushel em 2012.
Em 2022, a soja não foi negociada abaixo de US$13 e continuava ao redor de US$16,70 por bushel.
Três razões para o próximo movimento de alta
O próximo movimento de alta da soja pode fazê-la atingir mais de US$ 20 por bushel. Três fatores pode contribuir para essa valorização nos próximos meses e anos:
- A tendência de preços é de alta, e a tendência é sempre sua melhor amiga.
- A inflação continua elevada. O índice de preços ao consumidor de março nos EUA ficou em 8,5%, com o núcleo da inflação em 6,5%, níveis mais altos em mais de quatro décadas. O aumento da inflação eleva o custo de produção de cada saca de soja e está fazendo com que seus preços se valorizem.
- A disparada dos preços de energia, com o petróleo custando mais de US$100 por barril e o gás natural acima de US$7 por MMBtu, aumenta a demanda por biodiesel. A maior demanda pelo biocombustível exerce pressão de alta sobre os preços da soja.
Ao mesmo tempo, a guerra na Ucrânia está pressionando os preços do trigo e do milho, na medida em que os países em conflito são grandes produtores dessas commodities. As planícies férteis da Ucrânia viraram campos de batalha, e os portos do Mar Negro tornaram-se uma zona de guerra em 2022. A possibilidade de escassez da soja é a mais alta em décadas, senão de todos os tempos, e seus preços tendem a seguir a cotação do milho e do trigo.
SOYB é um ETF que rastreia os preços da soja
A rota mais direta para uma posição de risco na soja é via contratos futuros e de opções negociados na divisão CBOT da CME. O ETF Teucrium Soybean fornece uma alternativa aos participantes do mercado que desejam surfar a onda de alta da soja.
A US$28,10 por cota no fim da semana passada, o SOYB tinha mais de US$68,5 milhões em ativos sob gestão. O ETF negocia em média 96.840 cotas por dia e cobra uma taxa de administração de 1,88%. O SOYB mantém uma carteira de três contratos futuros da soja mais negociados, a fim de minimizar o risco durante períodos de rolagem no vencimento do contrato mais próximo e vigência do seguinte. Os contratos mais próximos tendem a registrar maior volatilidade, por isso o SOYB pode ter um desempenho pior durante as altas e melhor durante as baixas.
A soja futura para maio subiu de US$15,7675 em 4 de abril até a máxima de US$16,9750 em 11 de abril, ou 7,66%.
Fonte: Barchart
No mesmo período, o SOYB subiu de US$26,40 para US$28,31 por ação, ou 7,23%.
A soja continua em tendência de alta durante a temporada de plantio de 2022 no Hemisfério Norte. O próximo movimento do grão pode fazer a soja avançar para o próximo nível no território dos dois dígitos.