Apreciação do real sem fundamentos pode determinar forte volatilidade!

Publicado 21.01.2014, 10:15
IBOV
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Temos apresentado sequentes abordagens destacando a perda da atratividade do Brasil perante os investidores estrangeiros e todas permanecem absolutamente válidas e nada ocorreu que possa tê-las alterado para melhor.

Contudo, merece destaque a consolidação na prática do agravamento de perspectivas negativas que já havíamos destacado estarem presentes para o Brasil.

O fluxo cambial, a despeito das recentes captações de Petrobrás e BNDES, ressurge vigorosamente negativo neste primeiro mês do ano.

A balança comercial mantém a fraca dinâmica do ano passado e já registra na 3ª semana do ano um déficit de US$ 2,049 Bi, a despeito da média diária de exportações ser superior 1,5% superior à média do mesmo mês de 2013 e a média diária das importações do mês ter recuado 0,2% na mesma comparação.

Matéria do jornal Valor desta data destaca que o juro alto não atrai investidores japoneses, visto que há muitas incertezas e isto leva o país a ter fluxo tímido de capital externo. Importante considerar que os japoneses são tradicionais investidores no Brasil.

Passa por revisão também a ideia propagada, quando a Petrobrás fez a colocação de bônus no exterior, de que o mercado estava comprador de ativos brasileiros. Observa-se agora que os investidores globais acentuam a preferência por papéis de países como Portugal, Espanha e Irlanda, até recentemente cambaleantes economicamente e que agora vem se revitalizando e se colocam como mais atraentes do que o Brasil, eivado de incertezas.

A BOVESPA com a situação do quadro macroeconômico brasileiro atual não deve causar nenhum comportamento que não seja tão desapontador quanto 2013, a despeito dos analistas do setor continuar projetando alta, mas este é um comportamento normal até para buscar dinamizar o setor. Não vemos fluxos externos consideráveis por este canal.

A percepção de crescimento baixo este ano ganha consenso junto ao mercado e, também, que será necessária elevação da taxa SELIC maior do que a projetada para conter as pressões inflacionarias.

Por outro lado, o déficit em transações correntes que estimamos em no mínimo US$ 80,0 Bi este ano, anteposto à perspectiva de um volume de IED´s (inclusos os empréstimos “intercompany”) menor do que no ano de 2013, algo otimistamente em torno de US$ 55,0 Bi, deixa em aberto a repetição de fluxos de recursos insuficientes outra vez para o país, pois nada sugere como exposto acima, que capitais voláteis complementem a parcela faltante para financiamento.

E ainda, acentuam-se alguns riscos como o da rigorosa observância do país pelas agências de rating, que têm procurado ser comedidas em suas manifestações de preocupação com a deterioração fiscal do país para não precipitar e influenciar em demasia atitudes do mercado, mas que, certamente, serão implacáveis se o governo não alterar a conduta.

E, ainda sem sentir os impactos diretos e que deverão ser fortes de retirada de recursos externos em decorrência das reduções mensais de US$ 10,0 Bi dos US$ 85,0 Bi mensais do programa de incentivo monetário do FED, já surgem colocações sugerindo o aumento do corte a partir da próxima reunião do FED de mais US$ 10,0 Bi mensais reduzindo o programa a US$ 65,0 Bi mensais. Tudo leva a crer que foram enganosas as interpretações de que o desapontador relatório sobre o emprego nos Estados Unidos possa retardar o processo de desmonte, havendo o entendimento de que foi provocado por razões conhecidas e pontuais.

Há também o risco de capitais estrangeiros aplicados no Brasil refluírem para a economia americana que passa a despertar forte atratividade e, até mesmo, para a Europa.

Enquanto a pressão maior de demanda não se torna efetiva e naturalmente será intensificada a partir do mercado à vista, onde falta liquidez que esta sendo suprida pelo BC com o fornecimento de linhas de financiamentos em moeda estrangeira aos bancos, para que estes operando com “posições vendidas” a gerem para o mercado, o BC vem utilizando a rolagem dos lotes vincendos de contratos de “swaps cambiais” de forma bem diluída para com isto induzir a apreciação do real.

Mas, na realidade o que ocorre é um processo de compressão da taxa cambial que tende, finalizada a rolagem, a ter uma forte alta coincidente com o final do mês, provocando expressiva volatilidade no preço da moeda americana.

Contudo, esta atipicidade é de difícil gestão ante um contexto amplamente desfavorável para o setor externo do país, e assim esta pressão de alta pode ocorrer alterando o ambiente de falsa calmaria e impondo depreciação sustentável ao real, que é a tendência com fundamentos.

O BC quando realizou os ajustes na sua forma de intervenção já anteviu que as pressões maiores virão a partir do mercado à vista, tanto é que não estabeleceu nem limites de valor e nem de forma de intervir, pois bem sabe que terá muito trabalho operacional para conter a pressão altista sobre a moeda americana.

Continuamos com a nossa percepção de que as pressões de demanda se acentuarão muito já neste 1º trimestre, por isso continuamos mantendo a projeção de R$ 2,50 para o final deste período e R$ 2,60 para o final do ano.

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