Iguais, só que diferentes
O movimento é bem sexy
Bolsas subindo com Fed dovish, mas preferimos pensar que foi por causa dos vetos mantidos pelo Congresso brasileiro.
Joaquim Levy se empolgou por ter barrado a pauta-bomba.
Aversão a perdas é mais importante do que propensão aos ganhos.
Acontece que essa vitória acabou subindo à cabeça do Governo, que já aproveitou para incluir a CPMF na proposta orçamentária de 2016.
Barrar pauta-bomba é uma coisa, aprovar imposto-bomba é outra bem mais complexa.
Fazenda do mesmo saco
Podemos mesmo condenar a empolgação de Levy, depois de ele ter encarado tantas derrotas sucessivas?
A vida de ministro da Fazenda não é fácil, pois o economista é um bicho estranho em meio aos políticos (ou, mais provavelmente, vice-versa).
A política entende a economia, mas o contrário não se aplica com frequência.
Em seus Diários da Presidência, FHC analisava a postura de Pedro Malan ao início do mandato.
“Acho que faltou jogo de cintura ao Pedro para lidar com o senador, que é líder do maior partido! Esse pessoal pensa que dá para lidar com políticos somente mostrando o certo e o errado, sem que discutam os interesses deles”.
“Esse pessoal”, no caso, são os economistas como Levy e Malan.
Pingue-pongue
Levy deu apoio moral e financeiro para Alckmin lançar hoje seu novo plano de concessão.
R$ 13,4 bilhões em rodovias, aeroportos, ônibus e metrô.
Na outra ponta, em entrevista à Folha, Armínio Fraga estimulou Dilma a lançar também mais concessões federais: “a ideia é boa e, em tese, tem chances de sair”.
Como tudo é urgente, ajuda se focarmos naquelas raras ideias que interessam tanto à situação quanto à oposição.
O tempo e o vento
A conjuntura política, aos poucos, vai parecendo menos pior.
Já o cenário econômico continua piorando; não tanto por novos erros, mas sim porque os velhos erros foram gravíssimos, e demoram a se manifestar.
Hoje soubemos que, em outubro, o desemprego alcançou 7,9%. Para se ter ideia, em outubro do ano passado, o nível de desocupação estava em 4,7%. É um salto impressionante.
Agora fica claro que nossa projeção - feita em junho de 2014 - de 10% de desemprego é absolutamente crível.
Dentre todas as projeções “pessimistas” que fizemos (câmbio, IPCA, Selic) essa do desemprego é a que mais queríamos ter superestimado, pois seus efeitos são os mais amplos e impactantes sobre o bem-estar da nação.
Não seria tão simples
Afinal, por que o BC não gasta seus US$ 370 bi de reservas internacionais e resolve a crise?
A pergunta é explorada em reportagem de O Financista.
A resposta, ao meu ver, passa pelo entendimento dos swaps cambiais.
Ao Banco Central, não basta sanar a exposição pública, ou mesmo total, a passivos em dólares.
Crises recentes nos alertam que a exposição privada, per se, é tão ou mais crítica.
Em suma: exposição conta, mas mix da exposição também conta muito.
Por meio dos swaps, o BC vem conseguindo amenizar os riscos de um setor privado que estava fortemente comprado em reais e vendido em dólares.
Sem os swaps - que só existem por causa dos US$ 370 bi de reservas - o custo desse hedge para o setor privado seria tenebroso, podendo engatilhar ataques especulativos contra a moeda local.