Aqui jaz metas de inflação

Publicado 25.08.2025, 08:57
Atualizado 25.08.2025, 08:57

É famoso um meme da ex-presidente Dilma Rousseff sobre as metas que não existem, mas que seriam dobradas. Muitos não se lembram - ou nem tem idade para lembrar - mas como a história no mercado financeiro sempre se repete, dez anos depois é hora de renovar a expressão - não como tragédia nem como farsa, mas com humor.

 

Tudo isso porque o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, decidiu abandonar a média flexível de meta de inflação. Apenas cinco anos após criar esse modelo, ele afirmou, durante discurso no simpósio em Jackson Hole, que o Fed voltará a perseguir a meta de inflação flexível - portanto, sem a “média”.

 

É o que explica o analista sênior para os Estados Unidos do Rabobank, Philip Marey. Segundo ele, ao que tudo indica, o modelo adotado durante a pandemia da covid-19 foi um fracasso. Afinal, o que se seguiu foi a maior alta dos preços no país desde a década de 1980. Na época, Powell insistia que se tratava de uma “inflação transitória”.

 

Moral da história: o retorno ao modelo mais antigo, que havia sido abandonado por causa do “novo normal” criado pelo novo coronavírus, foi o jeito encontrado pelo Fed para acatar as ordens do presidente Donald Trump. Em outras palavras, arrumou-se a desculpa que precisava para cortar a taxa de juros dos EUA em setembro.

 

O Comitê de Política Monetária (Copom) deve fazer algo parecido, em breve, para acolher uma queda na Selic - apesar de o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, ter escrito uma carta há cerca de um mês ao ministro Fernando Haddad (Fazenda) por ter descumprido a meta central de inflação também pela nova regra - em vigor desde janeiro.

 

Assim, a estratégia orientadora nos mercados é a mentalidade de “voltar aos negócios como sempre”. Como se a necessidade de baixar os juros, tanto nos EUA quanto no Brasil, nada tivesse a ver com o fato de Trump taxar todo o mundo em 15%, na média. Afinal, é o dólar que precisa ficar mais fraco contra todas as demais moedas para equilibrar os "déficit gêmeos".

 

Mind the gap.

O que vem por aí 

- PIB nos EUA; inflação lá e aqui

 

A economia dos EUA cresceu 3% no segundo trimestre de 2025, na taxa anualizada. A confirmação desse número, divulgado no final de julho, será na quinta-feira (28), quando sai a segunda leitura dos dados do Produto Interno Bruto (PIB) norte-americano. 

 

No dia seguinte (29), sai o índice de preços de gastos com consumo (PCE), tido como a leitura de inflação preferida do Fed. Agora que Powell abandonou a “média de inflação” e voltou à “meta flexível” qualquer alta anual do dado cheio para além de 2,6% não deve incomodar.

 

Antes, na terça-feira (25), no Brasil, tem a prévia de agosto da inflação oficial ao consumidor brasileiro. Apesar da alta acumulada de 5,30% em 12 meses estar bem acima da “meta contínua” de inflação de 3%, os números do IPCA-15 devem calibrar as apostas quanto ao início do ciclo de cortes nos juros básicos.

 
O que rolou

- Bancos perdem quase R$ 50 bilhões em valor de mercado

 

Itaú Unibanco (BVMF:ITUB4), Bradesco (BVMF:BBDC4), Banco do Brasil (BVMF:BBAS3)Santander Brasil (BVMF:SANB11)BTG Pactual (BVMF:BPAC11) perderam, juntos, R$ 46,3 bilhões em valor de mercado na semana passada, conforme a Elos Ayta Consultoria. 

 

O movimento nas ações dos cinco maiores bancos brasileiros de capital aberto ocorreu após o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Flávio Dino lembrar que cabe à Corte chancelar no Brasil os efeitos sobre cidadãos brasileiros, residentes em território nacional, de leis e decisões estrangeiras. Ou seja, a legislação de outros países está abaixo da Constituição Federal e não tem status supralegal. 

 

Com isso, o sistema financeiro brasileiro sente o impacto da aplicação da Lei Magnitsky contra o ministro do STF Alexandre de Moraes. Porém, como disse o economista André Perfeito, “se você acredita que Itaú, Bradesco, BTG etcetera e tal vão ser excluídos do sistema financeiro internacional, aí você tem outro dilema…”. 

Últimos comentários

Instale nossos aplicativos
Divulgação de riscos: Negociar instrumentos financeiros e/ou criptomoedas envolve riscos elevados, inclusive o risco de perder parte ou todo o valor do investimento, e pode não ser algo indicado e apropriado a todos os investidores. Os preços das criptomoedas são extremamente voláteis e podem ser afetados por fatores externos, como eventos financeiros, regulatórios ou políticos. Negociar com margem aumenta os riscos financeiros.
Antes de decidir operar e negociar instrumentos financeiros ou criptomoedas, você deve se informar completamente sobre os riscos e custos associados a operações e negociações nos mercados financeiros, considerar cuidadosamente seus objetivos de investimento, nível de experiência e apetite de risco; além disso, recomenda-se procurar orientação e conselhos profissionais quando necessário.
A Fusion Media gostaria de lembrar que os dados contidos nesse site não são necessariamente precisos ou atualizados em tempo real. Os dados e preços disponíveis no site não são necessariamente fornecidos por qualquer mercado ou bolsa de valores, mas sim por market makers e, por isso, os preços podem não ser exatos e podem diferir dos preços reais em qualquer mercado, o que significa que são inapropriados para fins de uso em negociações e operações financeiras. A Fusion Media e quaisquer outros colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo não são responsáveis por quaisquer perdas e danos financeiros ou em negociações sofridas como resultado da utilização das informações contidas nesse site.
É proibido utilizar, armazenar, reproduzir, exibir, modificar, transmitir ou distribuir os dados contidos nesse site sem permissão explícita prévia por escrito da Fusion Media e/ou de colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo. Todos os direitos de propriedade intelectual são reservados aos colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo e/ou bolsas de valores que fornecem os dados contidos nesse site.
A Fusion Media pode ser compensada pelos anunciantes que aparecem no site com base na interação dos usuários do site com os anúncios publicitários ou entidades anunciantes.
A versão em inglês deste acordo é a versão principal, a qual prevalece sempre que houver alguma discrepância entre a versão em inglês e a versão em português.
© 2007-2025 - Fusion Media Limited. Todos os direitos reservados.