Este artigo foi escrito exclusivamente para o Investing.com
As ações entraram em disparada desde as mínimas do fim de março. Com base na porcentagem de ações acima da sua média móvel de 50 dias, tudo leva a crer que quase todas as ações do S&P 500 apresentaram forte alta. Até 4 de junho, cerca de 95% das ações do índice ultrapassaram suas médias móveis de 50 dias. Sem dúvida é um dos níveis mais altos já registrados na última década.
No entanto, o número de ações acima de suas médias móveis de 200 dias conta uma história diferente: a história de que muitos papéis ainda têm um longo caminho até se recuperar das suas mínimas de março. A divergência entre essas duas medidas é reflexo principalmente de um mercado em ritmo acelerado – que caiu muito rápido e se recuperou na mesma velocidade. Isso, porém, não nos diz muita coisa sobre a sustentabilidade dessa recuperação. Para que esse repique se estenda no longo prazo, é necessário que a quantidade de ações acima das suas médias móveis de 200 dias cresça.
Recuperação em ritmo acelerado
O número de ações acima da sua média móvel de 50 dias aumentou consideravelmente, alcançando patamares que não víamos há muito tempo. Isso sugere que o ritmo de recuperação do mercado tem sido intenso. Mas sabemos que essa disparada ocorreu a partir de níveis muito baixos, após uma queda para quase 0% no fundo de março, indicando condições extremamente sobrevendidas. Em razão dessa rápida liquidação das ações, essa média móvel caiu com a um ritmo similar.
Por exemplo, a média móvel de 50 dias do S&P 500 despencou impressionantes 17% do topo ao fundo entre 26 de fevereiro e 18 de maio. Para fins de comparação, a média móvel de 200 dias desse mesmo índice caiu apenas 1,8% no mesmo período. Para a maioria das ações, a superação da média móvel de 50 dias foi muito menos complicada.
Algo mais sustentável
Isso faz com que o uso da média móvel de 200 dias seja uma métrica mais razoável para avaliar a saúde de um mercado de ações em disparada ou em queda livre. Observando alguns dos anos que se seguiram à recessão de 2009, o número de ações acima das suas médias móveis de 200 dias subiu mais de 70%. Em muitos casos, esse fator foi responsável por gerar períodos de ganhos prolongados no mercado de ações.
A fim de prever mudanças de tendências de curto prazo, é mais sensato analisar o número de papéis acima da sua média móvel de 50 dias. Esse indicador conseguiu ajudar a marcar os topos e fundos do mercado com bastante razoabilidade. Com a forte alta, a atual leitura da média móvel de 50 dias pode estar sinalizando que o S&P 500 está sobrecomprado, o que aumenta a probabilidade de uma correção. Desde 2018, o número de ações acima da sua média móvel de 50 dias cresceu mais de 70%, depois começou a declinar, provocando uma queda no S&P 500.
De maneira geral, tudo indica que, por enquanto, muitas ações se beneficiaram do rali do mercado de ações. Mas, se considerarmos a quantidade de papéis acima da média móvel de 50 dias, tudo leva a crer que o mercado fará um respiro em breve. Ao mesmo tempo, as ações acima da sua média móvel de 200 dias ainda têm muito trabalho a fazer antes de vermos um provável rali sustentável de longo prazo no mercado de ações.