As chuvas intensas registradas no Rio Grande do Sul em setembro interromperam os trabalhos de preparação do solo e da semeadura da nova safra de arroz, causando necessidade pontual de replantio. De acordo com colaboradores do Cepea, além do impacto no campo, as chuvas dificultaram o transporte do cereal, limitando as negociações. Em termos de preços, o Indicador CEPEA/IRGA-RS do arroz em casca (58% de grãos inteiros e pagamento à vista) acumulou alta de 4,01% em setembro (de 31 de agosto a 29 de setembro). A média mensal foi de R$ 100,84/saca de 50 kg, a maior desde novembro de 2020, 8,07% superior à de agosto/23 e fortes 32,18% acima da média de setembro/22.
Considerando as médias regionais de setembro deste ano em relação à média do Indicador, os preços da Planície Costeira Externa estão 1,95% maiores que o Indicador. Os valores na Zona Sul e na Planície Costeira Interna também estão acima (1,85% e 0,69%, respectivamente). Por outro lado, na Depressão Central, as cotações estão 2,68% menores que o Indicador, assim como na Campanha (-2,14%) e na Fronteira Oeste (-0,01%). Quanto aos demais rendimentos acompanhados pelo Cepea, a média dos preços do produto com 59% a 62% de grãos inteiros avançou 8,66% de agosto para setembro, encerrando a R$ 101,89/sc. Para os grãos de 50% a 57% de inteiros, a média subiu 8,88%, a R$ 98,50/sc. Para o rendimento de 63% a 65% de grãos inteiros, a alta foi de 6,76% no mesmo período, a R$ 102,80/sc.
VAREJO – Dados do Índice de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15, considerado uma prévia da inflação), divulgados pelo IBGE no dia 26 de setembro, apontam variação positiva de 0,35% nos preços de um conjunto de produtos e serviços vendidos no varejo e consumidos pelas famílias brasileiras em setembro/23, aumento de 0,07 ponto percentual quando comparado à taxa registrada em agosto/23. Especificamente em relação ao arroz, houve aumento de 2,45% entre 15 de agosto e 14 de setembro de 2023, acumulando avanço de 13,75% nos últimos 12 meses, na média nacional.
PERSPECTIVAS PARA A SAFRA 2023/2024 – Segundo o relatório da Conab divulgado no dia 19 de setembro, a produção de arroz na temporada 2023/24 deve crescer 12,8%, impulsionada pelo avanço de 10,2% na área plantada e pelo aumento de 2,4% na produtividade. Agentes consultados pelo Cepea esperam que a rentabilidade melhore devido à redução dos custos de produção, o que provavelmente resultará na recuperação de áreas perdidas na safra anterior (2022/2023). A Conab indica que, no Rio Grande do Sul, principal estado produtor de arroz do Brasil, a área plantada deve ter elevação de 12,1%. Em Santa Catarina, estima-se pequena expansão de 0,4%. No Tocantins, a área deve crescer expressivos 21,1%, e, em Mato Grosso, consideráveis 31,2%, devido à alta na rentabilidade do arroz.
OFERTA E DEMANDA MUNDIAL – Segundo o USDA, os preços de exportação do arroz chegaram aos maiores patamares em 15 anos, em termos mundiais. Os preços já vinham aumentando ao longo do ano, mas os choques mais expressivos foram observados após o mês de julho, quando a Índia proibiu as exportações do cereal. Em agosto, o país adotou uma taxa de exportação para o arroz parboilizado, assim como um preço mínimo de exportação para o basmati. Isso implicou em deslocamento de demanda, especialmente para a Tailândia e o Vietnã, favorecendo os aumentos de preços. Os dados divulgados pelo USDA reduziram um pouco a estimativa de oferta mundial na temporada 2023/24, para 518,1 milhões de toneladas de arroz beneficiado. Mesmo assim, a disponibilidade ficaria 0,9% acima da registrada em 2022/23.