O ano de 2017 foi marcado pela queda nas cotações de arroz em casca, de acordo com pesquisas do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP. Apesar de ter iniciado o período com o menor estoque já registrado, cenário que sustentou os preços em janeiro e fevereiro, a entrada do produto da nova safra pressionou os valores a partir de março – ainda intensificada pela importação de arroz nesse período.
Segundo pesquisadores do Cepea, o arroz das primeiras áreas colhidas no Rio Grande do Sul chegou ao mercado em fevereiro. Com o avanço rápido da colheita, em março, o Indicador do arroz em casca ESALQ/SENAR-RS recuou expressivos 15,3%. Naquele período, alguns orizicultores cumpriram os contratos firmados anteriormente, enquanto outros venderam alguns lotes para “fazer caixa” e cobrir os gastos da lavoura.
De abril até o início do segundo semestre, os preços se estabilizaram, devido ao recuo de produtores que, capitalizados com a venda de outras commodities, tinham expectativas positivas para o arroz. Porém, em agosto, apesar da entressafra, os preços cederam novamente, conforme mostram dados do Cepea. A concorrência com o arroz importado e com o produto de outras regiões produtoras do Brasil, além da preferência das indústrias pelas cultivares Puitá e Guri, acirrou a “queda de braço” entre as indústrias e os setores atacadista e varejista dos grandes centros consumidores.
Pesquisadores do Cepea indicam que, em outubro e novembro, a oferta de arroz no mercado interno caiu, devido aos novos contratos de exportação e da boa demanda dos setores atacadistas e varejistas dos grandes centros consumidores. Nesse cenário, os preços médios no Rio Grande do Sul registraram leve recuperação, voltando aos patamares de meados de setembro, na casa dos R$ 37,00. Em dezembro, apesar de os compradores estarem recuados, trabalhando com estoque, as cotações seguiram firmes. No balanço de 2017, o Indicador ESALQ/SENAR-RS, 58% grãos inteiros, acumulou queda de 24,3%, fechando a R$ 37,37/sc de 50 kg na quinta-feira, 28 de dezembro.
O clima favorável contribuiu para elevar a produtividade em quase 18%, impulsionando a produção nacional para 12,3 milhão de toneladas na safra 2016/17 (dados da Conab – Companhia Nacional de Abastecimento).
Também de acordo com a Conab, a disponibilidade interna da safra 2016/17 deve fechar em 13,8 milhões de toneladas, considerando os estoques iniciais em fevereiro, de 430,8 mil toneladas, a importação de 1 milhão de toneladas entre março/17 e fevereiro/18 e a produção nacional, de 12,3 milhões de toneladas. Desse total, a previsão é que 11,5 milhões de toneladas sejam consumidas internamente e 800 mil toneladas, exportadas. Assim, o estoque final do período seria de 1,45 milhão, bem superior ao da safra 2015/16, de 430,8 mil toneladas.
Em 2017 (jan-nov), as importações brasileiras de arroz somaram quase 1,1 milhão de toneladas (eq. casca), crescimento de 15,4% frente ao mesmo período do ano anterior, conforme dados da Secex. O arroz semibranqueado, n/parboilizado e pólido foi o mais comprado e teve participação de 59,5% no volume brasileiro. Quanto à exportação, o tipo mais vendido foi o arroz quebrado, de menor valor agregado que o produto comprado, com 43,2% do volume total, de 804 mil toneladas. Nesse cenário, na parcial de 2017, a balança brasileira do arroz está deficitária em 272,4 mil toneladas, bem acima dos 39,5 mil no mesmo período de 2016.
De acordo com relatório do Irga (Instituto Rio Grandense do Arroz) de Beneficiamento e Saída de arroz (base casca) no Rio Grande do Sul, o beneficiamento do arroz no estado acumulou quase 6,5 milhões de toneladas entre janeiro e novembro de 2017 – os maiores volumes foram registrados em junho e novembro, de 660 mil toneladas e 645,8 mil toneladas, respectivamente. Já fevereiro foi o mês mais fraco, com quantidade de 515,17 mil toneladas.
Segundo dados do IBGE, ao avaliar a produção industrial referente ao “beneficiamento de arroz e fabricação de produtos do arroz”, a média de jan-out/17 ficou 4,4% menor que à de mesmo período de 2016. A produção de out/17 ficou 1,2% maior que a do mesmo período de 2016.