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As ações que têm medo de chuva

Publicado 02.02.2014, 08:46
IBOV
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O pior janeiro

Baixa inflação na zona do euro, piora na crise dos emergentes, ressaca (nos EUA) após os bons dados de PIB e a reunião do Fed sem surpresas... Nossa Bolsa caminha para fechar seu pior janeiro desde 1995. Mas hoje é sexta-feira, já escrevo sob inspiração etílica e não vou deixar nos abalar. Sugiro olharmos as coisas pelo lado positivo.

A Bolsa está barata?


Ontem escrevi para o pessoal do PRO sobre a recompra da BM&F Bovespa. Somente em janeiro, a empresa recomprou 37 milhões de ações (de um programa total de 60 milhões) e solicitou ao Conselho aprovação para novo programa de recompra. O Luiz, assinante do PRO, bem observou que “isso não quer dizer que o mercado vai precificar da mesma forma”. Mas se há alguma referência aí, suspeito que não seja de que a empresa (supostamente quem tem o melhor nível de informação sobre ela mesma) considera suas ações caras. Além disso, passa outras boas sinalizações, como a de capacidade na estrutura de capital (para abarcar a recompra) e alinhamento ao interesse dos minoritários (ação em Tesouraria não recebe dividendos).

Fechamentos de capital x IPOs

Ops, mas a “Bolsa” que você quer saber não é só a ação da Bolsa, e sim a Bolsa como um todo... Calma, também temos uma boa referência para isso. Quantos programas de recompra e propostas de fechamentos de capital você vê por aí? Para ter uma ideia, manchete do Valor de hoje destaca justamente a infidade de empresas que estudam sair ou reduzir a presença na Bolsa (controladores recomprando as ações). Nesse time entram Dasa, Fleury, Odontoprev, Cremer, Providência e Brookfield, só das que lembro - e sem contar recompras. Grosso modo, isso quer dizer que as empresas/controladores vêem boa oportunidade para comprar suas ações no mercado. Fosse vender minhas ações, buscaria seguir a lógica de comprar barato (recompra/fechamento de capital) e vender caro. E quantos IPOs você por aí?

O que realmente importa


Essa relação de muitas recompras versus poucos IPOs é sugestiva, mas imprecisa. Não podemos generalizar. Cada caso é um caso. Se a Bolsa está barata ou cara, acho que nem um nem outro. Mas sei que há uma série de elementos que indicam que a Bolsa é mais para baixo. Tenho falado diariamente sobre esses fundamentos - sexta-feira, não vou me extender... O que importa é que, analisando caso a caso, há oportunidades abertas pela Tempestade Perfeita, e as recompras/fechamentos de capital de forma reforçam esse argumento. Aproveitando a deixa, hoje lançamos um guia com os cinco critérios para você identificar se uma ação está cara. Não perca o timing.

O quê de Tobin?


Ficando um pouquinho mais técnico (chato), essa questão do IPO vs. Fechamentos de Capital remete à discussão do Q de Tobin, que nada mais é do que a relação entre o valor de mercado da firma (valor de mercado mais dívidas) e o valor de reposição de seus ativos físicos (VRA).


Como visto, a dificuldade aqui não está no cálculo em si, mas em como precificar de maneira justa o VRA (não há um mercado secundário dos ativos).
Resumindo: - "Q”>1 = valor da firma maior que o valor de reposição dos ativos; ou retornos acima do custo de oportunidade do capital. A manutenção desse status favorável dependeria dos fatores de produção e de barreiras à entrada, justificando ficar no negócio. - Por sua vez, o “Q”<1 sugere que os acionistas estariam subsidiando os consumidores, ou seja, não haveria incentivo para novos investimentos.

Ações que têm medo de chuva

Quem está cada vez mais caro é o preço da energia no mercado à vista. Com a ausência de chuvas, o aumento do consumo (você está passando calor?) e a menor média histórica de reservatórios para o mês de janeiro, as projeções já apontam o risco dos preços do mercado livre atingirem pela primeira vez o limite de preço fixado, de R$ 822/MWh. Quem ganha com isso? Quem estiver descontratada, “livre” para vender energia cara no mercado. Quem? Cesp e Cemig, por exemplo. Quem seguiu a dica do M5M de 14 de janeiro fez 7% de retorno em duas semanas (de tempestade perfeita). Eu que até pensei em colocar Cesp na série das “Ações que não têm medo de chuva”, mas me vi em uma armadilha semântica.

A meta (e o histórico) de Petrobras

A Petrobras divulgou que hoje sua produção de petróleo foi de 1,93 milhão de barris por dia em 2013 no Brasil, abaixo da meta de 1,96 milhão de barris a 2,04 milhões de barris para o ano. A meta já previa estabilidade em relação a 2012, mas o número apurado veio 2,5% abaixo do apresentado um ano antes. Se a Petrobras não consegue cumprir uma meta anual de produção há mais de dez anos, é porque a notícia de hoje já era esperada. E as ações da Petrobras sobem. E você, espera que Petrobras cumpra a meta de dobrar sua produção até 2020?




Para visualizar o artigo completo visite o site da Empiricus Research.

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