Depois de encerrar a semana em tom de alta, com dados positivos da economia americana e avanços na guerra comercial entre a China e os EUA (com o dólar fechando em R$4.088,5), esta segunda-feira começa marcada pela volta do pessimismo nos mercados globais. Durante o fim de semana, um ataque na Arábia Saudita destruiu vários dos principais postos de produção de petróleo do país, efetivamente cortando a oferta global da commodity em cerca de 5%. Rebeldes do Iêmen reivindicam autoria sobre o ataque, mas oficiais dos EUA acusam o envolvimento do Irã.
Conforme informa o New York Times, agências de inteligência americanas obtiveram, por satélite, evidências que dão suporte a essa acusação; notadamente, afirmam que os ataques partiram vieram das regiões norte ou nordeste, o que seria mais consistente com uma base de operação no Irã ou Iraque do que no Iêmen. O presidente Donald Trump afirmou que está preparado para uma intervenção militar; o governo iraniano deu sinais de que também está disposto a um confronto militar em caso de escalada das tensões entre os dois países.
Esse cenário fez com que o preço do petróleo durante a abertura dos mercados globais, no domingo à noite, chegasse a subir mais de 10% graças a queda significativa na oferta. Países como os EUA e outros grandes produtores do principal combustível da indústria mundial se
comprometessem a abrir suas reservas de emergência, de modo a manter o preço estável. Uma oscilação muito grande no preço da commodity seria prejudicial para uma economia global que está em franco processo de desaceleração – evidenciado, mais recentemente, pelo corte no juro cobrado na taxa de depósito e o retorno das políticas acomodatícias aprovadas na sexta-feira pelo Banco Central da Europa.
Dados chineses decepcionam
Pouco antes da celebração dos 70 anos da República Popular da China, dados chineses publicados na noite de ontem decepcionaram os mercados globais: o crescimento industrial do país cresceu na taxa mais baixa desde 2002 (4.4% contra uma expectativa de 5.2% em comparação a agosto de 2018). Os dados engrossam a tese de que a economia mundial pode estar em processo de recessão, independentemente da guerra comercial travada entre as duas maiores economias do planeta.
Bolsas em baixa, aversão ao risco em alta
As principais bolsas da Europa e os contratos futuros dos três principais índices dos EUA amanheceram em baixa, em meio ao cenário tenso que se desenhou ao longo do fim de semana. O volatility index (VIX), que mede o grau de aversão ao risco de investidores/as da bolsa americana, continua num patamar relativamente baixo (15.11), mas esse valor representa uma mudança de 10% em relação ao fechamento de sexta.
Os retornos oferecidos por papéis do tesouro americano também caem nesta manhã, sinal de aumento na demanda por ativos de baixo risco, assim como o preço do ouro – que continua subindo na manhã de hoje. Os principais índices de força do dólar, o Dollar Index (DXY) e o Dow Jones US Dollar Index (USDOLLAR) também mostram ganho de força da moeda americana, considerada um refúgio em tempos de incerteza. O Euro, principal rival global do dólar, acumula perdas significativas nesta manhã, em especial considerando a decisão do BCE de reduzir as taxas de juro oferecidas na zona do Euro na última sexta.
Agenda macroeconômica
Nessa semana, vários bancos centrais irão se posicionar a respeito de suas políticas monetárias, visando dar mais fôlego aos mercados nacionais. A principal delas sendo a decisão do Federal Reserve (Fed, Banco Central dos EUA) sobre um corte adicional ou não na taxa básica de juros praticada no país. A decisão será publicada na quarta-feira, às 15h, e deverá gerar grande volatilidade no mercado. Hoje, às 9h30, será divulgado o índice de manufatura do Empire State (NY) (impacto: 2/3), que pode movimentar o preço do dólar conforme venha abaixo, acima ou dentro do esperado. Esse e outros dados diários de indicadores econômicos são divulgados gratuitamente em tempo real pelo Investing.com (www.investing.com).
Cenário técnico para o dólar no Brasil
Todas essas variáveis impõem pressão sobre a capacidade do real de sustentar ganhos em relação ao dólar, mesmo que recentemente a economia brasileira tenha dado sinais – fracos, é bom dizer – de recuperação. A moeda americana se mostrou estável acima do patamar de R$4.045, uma região de alta atividade anteriormente,em sequência logrando retomada da alta no preço rompendo a região de R$4.07 (a terceira região com maior atividade desde o início de junho), fechando em R$4.088,5. Com isso, deve voltar a buscar níveis acima de R$4.10 na sessão de hoje, com possível resistência no patamar de R$4.13. Como de costume, é bom tomar cuidado com oscilações grandes em torno das 10h30, momento de abertura do mercado dos EUA.