O retorno total esperado de longo prazo para o Global Market Index (GMI) subiu levemente em abril, atingindo 7,0% ao ano, ante os 6,9% projetados no mês anterior. A análise utiliza três modelos (descritos abaixo) aplicados ao GMI, um índice global que representa um portfólio teórico composto por diversas classes de ativos ponderadas pelo valor de mercado, com exceção de caixa.
Como tem sido padrão nos últimos anos, as ações dos Estados Unidos seguem como destaque negativo, com retornos projetados abaixo da média histórica e também inferiores às estimativas das demais classes de ativos que compõem o GMI. A expectativa para os papéis norte-americanos permanece bem aquém do desempenho observado na última década.
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A principal conclusão: espera-se que as ações dos EUA entreguem retornos significativamente mais modestos nos próximos anos, em comparação ao que foi observado nos últimos dez. Em contrapartida, as demais classes de ativos seguem com projeções acima das médias históricas de 10 anos.
Nesse cenário, a perspectiva para um portfólio diversificado globalmente continua mais atrativa do que foi na década anterior, uma observação recorrente nas atualizações do modelo, como destacamos, por exemplo, na edição de dezembro de 2024.
O GMI serve como referência teórica de um portfólio “ótimo” para um investidor médio com horizonte de investimento indefinido. Por isso, ele é útil como ponto de partida na construção de alocação de ativos personalizada, considerando metas, tolerância a risco, prazos e expectativas. Historicamente, o desempenho desse índice passivo tem se mostrado competitivo em relação à maioria das estratégias ativas, sobretudo após o ajuste por risco, custos de transação e tributação.
É natural que parte, ou até mesmo a totalidade, das projeções apresentem desvios em relação ao que será observado na prática. Ainda assim, as estimativas agregadas do GMI tendem a ser mais estáveis do que as projeções específicas para cada classe de ativo (ações dos EUA, commodities etc.), uma vez que o processo de agregação contribui para suavizar parte dos erros.
Outro uso das projeções é como ponto de partida para ajustes adicionais com base em modelos complementares que incorporam outros fatores. Da mesma forma, é recomendado personalizar a carteira conforme o perfil de risco e os objetivos de cada investidor.
Para entender como o retorno total do GMI tem se comportado ao longo do tempo, é útil observar o desempenho anualizado em janelas móveis de 10 anos. O gráfico abaixo compara o GMI com ações e títulos dos EUA até o mês mais recente. Atualmente, o retorno acumulado de 10 anos do GMI é de 7,0% ao ano, um patamar consistente, ainda que abaixo dos picos registrados em anos anteriores.
Modelos utilizados e definição das métricas:
- BB (BVMF:BBAS3) (Building Block): Modelo baseado em retornos históricos como proxy para o futuro. A amostra começa em janeiro de 1998, cobrindo todas as classes de ativos analisadas. O procedimento calcula o prêmio de risco, o retorno anualizado e adiciona a taxa livre de risco esperada (usando o rendimento mais recente do TIPS de 10 anos, que é o título indexado à inflação do Tesouro dos EUA). Esse modelo tem como base metodológica a estrutura desenvolvida pela Ibbotson Associates (Morningstar).
- EQ (Equilibrium): Modelo de equilíbrio que estima o retorno esperado com base no risco. Em vez de prever retornos diretamente, utiliza métricas de risco como base para projeções mais robustas. Os três insumos principais são:
- Estimativa do preço de risco do portfólio, definido como o índice de Sharpe (prêmio de risco dividido pela volatilidade);
- Volatilidade esperada (desvio-padrão) de cada ativo;
- Correlação esperada de cada ativo em relação ao portfólio (GMI).
- Essa abordagem foi originalmente descrita em artigo de 1974 pelo professor Bill Sharpe.
- ADJ (Adjusted Equilibrium): Variante do modelo de equilíbrio, com ajustes baseados em dois fatores técnicos, momentum de curto prazo e reversão à média de longo prazo.
- O momentum é calculado como o preço atual em relação à média móvel de 12 meses.
- A reversão à média é baseada na comparação com a média móvel de 60 meses (5 anos).
- Se os preços atuais estiverem acima das médias, a projeção é reduzida; se estiverem abaixo, a projeção é elevada.
Exemplo: se um ativo estiver 10% acima da média de 12 meses e 20% acima da média de 60 meses, a estimativa de retorno será ajustada para baixo em 15% (média dos dois desvios). A lógica é simples: quanto mais esticado o preço atual em relação à média histórica, menor a expectativa de retorno futuro.
Outras colunas explicadas:
- Avg (Média): Média simples dos três modelos aplicados a cada classe de ativo.
- 10yr Ret (Retorno em 10 anos): Retorno anualizado observado nos últimos 10 anos.
- Spread: Diferença entre a média dos modelos e o retorno histórico de 10 anos.