Sem garantias
Dilma, em momento de sinceridade nesta manhã: “Não tenho como te garantir que a situação em 2016 vai ser maravilhosa”. Mas seu olhar no retrovisor não foi tão sincero assim. A presidente disse que errou só porque demorou a perceber a gravidade da crise. As dificuldades teriam ficado mais claras em novembro e dezembro, logo depois da reeleição. Coincidência, né? Ou seria causalidade?
Hipnose laborial
Talvez Dilma tenha demorado a perceber o estrago pois ficou atenta apenas à geração de empregos, resiliente até outubro de 2014.
Há muita inércia no mercado de trabalho; ele demora a se ajustar. Em compensação, quando vem o ajuste, sai de baixo. Politicamente, você pode articular em relação ao câmbio, Selic, contas públicas e até mesmo inflação. Mas não dá pra articular sobre o desemprego.
Por dez anos
Por mais que Dilma reconheça erros e Levy continue no cargo, nossos problemas continuam. Lembra-se? Impuseram-nos um prejuízo equivalente a Dez Anos de Recessão. Não há sinais de recuperação pois, conforme bem assinalado por Delfim no Valor, a confiança desapareceu. Desapareceu tanto para os empresários quanto para os consumidores.
Ponto de referência
Ao menos a confiança externa se recupera após o memorável tombo da véspera. Shanghai Composite seguiu derretendo, mas ações europeias e americanas arriscam um repique, motivadas pelo corte (desesperado) de juros na China. Já o Ibovespa está tendo dificuldades para se manter no positivo. Qual é a real capacidade de contágio da China sobre os mercados globais? Talvez (apenas talvez) não afete tanto os desenvolvidos, mas com certeza pesa muito sobre países China-dependentes. Pregão de ontem foi normal; pregão de hoje é que é estranho.
Livre arbítrio
Ilusão achar que o Governo chinês está simplesmente deixando a Bolsa cair desta vez, promovendo uma lição de moral necessária. Não ter o que fazer é muito diferente de estimular o laissez faire. Bacen do país cortou os juros pela quinta vez desde novembro, e o quadro econômico só tem piorado. O principal problema na China hoje se chama “deflação”, capaz de provocar o estouro de dívidas. Bancos Centrais costumam enfrentar enormes dificuldades de conter fenômenos deflacionários.