Os últimos dias foram marcados por um comportamento distinto do mercado físico e do mercado futuro do boi gordo.
No primeiro, um volume de negócios truncado, reduzido naturalmente pela entressafra combinada com uma tentativa de pressão de baixa. Isto limita o fluxo no físico, o que também tem refletido nas programações de abate, que estão menos confortáveis desde o final de agosto.
Já no segundo, no futuro, os dias tem sido mais agitados. Após trabalhar alguns dias abaixo de R$200,00/@, as cotações ganharam tração e hoje na média já estão acima de R$225,00/@.
Essa agitação pode ter gerado uma distorção que não víamos há meses nos mercados. Veja a figura abaixo.
Comparação entre o mercado futuro e o mercado físico em SP, em R$/@, desde junho de 2023.
Atualmente vemos a maior diferença entre o mercado futuro e o mercado físico das últimas semanas. Mesmo com poucas mudanças no mercado físico e no mercado doméstico da carne bovina.
Já no mercado externo, nosso principal importador segue ávido levando bons volumes. Porém, os preços médios da carne bovina exportada tem deixado a desejar, já que segundo o Cepea, em agosto,teve média de US$ 4,46/kg, um recuo de 7,2% MoM e cerca de 31,5% frente agosto/22. É a menor média desde novembro de 2021.
Essa decolada do futuro e essa descolada do físico pode ser uma boa notícia para o produtor, que amargou uma pressão ferrenha desde julho.
Passado essa tempestade, a procura pelo seguro de preço mínimo (também chamado de put no mercado financeiro) cresceu bastante recentemente. Lembrando que essa ferramenta de proteção de preço ajuda o pecuarista proteger o custo de produção e até mesmo as margens, em alguns casos.
Com o seguro de preço mínimo, caso o mercado tenha descolado, a proteção contra um cenário mais drástico garante a sobrevivência na atividade e um 2024 mais tranquilo. Caso ainda tenha mais a decolar, o mérito é todo do pecuarista no momento em vender os animais no físico.