A oscilação de preços no mercado futuro do boi gordo foi grande após o feriado do Carnaval no Brasil em função do caso atípico do mal da vaca louca no Pará.
Essa situação não é nova. Infelizmente vivemos algo muito parecido em 2019 e 2021, mas também devemos ponderar que o momento atual é diferente destes dois anteriores.
Em resumo, hoje temos um preço médio da tonelada exportada menor do que em 2021 e a uma dependência que desde 2019 cresceu, seja da China para a carne brasileira ou do Brasil para as importações da China (quase uma relação de simbiose).
No entanto, essa mesma expectativa de uma resolução rápida deste caso trouxe recentemente as cotações dos contratos de boi gordo de abr/23 e mai/23 para níveis próximos de antes do embargo da China.
Segundo informações da Agência Estado/Broadcast, fontes relataram ainda que a sinalização repassada pelas autoridades chinesas é a de que os encontros para tratar do assunto podem seguir sendo virtuais, sem a necessidade do envio de uma comitiva brasileira. A mensagem foi dada em videoconferência online nesta semana entre as autoridades sanitárias do Departamento de Alfândegas da China (GAAC) e os secretários de Comércio e Relações Internacionais, Roberto Perosa, e de Defesa Sanitária, Carlos Goulart, do Ministério da Agricultura. Em nossa opinião, isto mostra determinada “boa vontade” de ambas as partes.
Outro ponto, olhando mais para fundamentos de longo prazo e que tem maiores risco de não serem concretizados. Na semana que antecedeu o Carnaval, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) destacou em seu “Agricultural Outlook Forum Program 2023” que o Brasil será responsável pela metade do crescimento das exportações até 2032. O motivo para isso seria a melhora da demanda global pela proteína bovina e particularmente a demanda forte da China.
Esse sentimento construtivo parece não estar concentrado apenas com agentes do mercado interno.
Olhando para o dia-a-dia local, a ausência do boi China nos negócios também retirou a oferta de preços da arroba na banda de cima das cotações. Boa parte da indústria faz apenas tentativas de compra para compor os abates destinados ao mercado local entre R$275,00 e R$280,00/@, mas sem sucesso. Isso porque o pecuarista enfrenta essa situação com um janeiro e fevereiro/23 mais chuvoso dos últimos anos, com pastos fartos e sem necessidade imediata de negociar.
Por outro lado, as programações de abate da indústria estão mais concentradas para os mesmos dias, o que sugere alguma competição por matéria-prima caso haja uma volta repentina dos negócios para o nosso principal importador.
O pecuarista deve ficar atento a este momento e principalmente aos repiques do mercado futuro, pois nessas ocasiões podem surgir oportunidades para buscar proteções de preços interessantes com custos menores, ideal para quem passou por um “susto” recente.