E aí já conferiu sua bolha social hoje ?
As Redes Sociais, que fazem nos sentirmos tão integrados, estão cada dia mais parecidos com bolhas faz algum tempo em minha opinião. A novidade que surge agora é: estariam as bolhas sociais criando novas bolhas no mercado financeiro?
Eu me lembro bem quando foi que caí na real, de uma forma não tão agradável – perdendo dinheiro na bolsa - sobre a minha própria bolha social e o impacto que ela poderia gerar na minha carteira de investimentos.
É errando que se aprende e é perdendo dinheiro nos investimentos que a gente aprende para nunca mais esquecer, eu garanto a vocês isso!
O ano era 2014, véspera de eleições presidenciais no Brasil, e o candidato considerado mais “pró mercado” na época, o Aécio Neves (PSDB-MG), segundo a pesquisa Cristiane realizada em minha bolha social, estava com certeza eleito, com 99% dos votos, o que me fez crer que era uma boa hora de ampliar de forma arrojada minha exposição em bolsa, pois ela subiria após a divulgação do resultado das eleições.
Como podem ver, não é à toa que os influenciadores digitais tem este nome, pois eu fui realmente influenciada à época, pela minha Bolha Social, a aumentar minha exposição em bolsa devido a uma leitura errônea do resultado eleitoral, que , obviamente, foi ligado ao perfil de pessoas que estavam no meu Facebook.
Lembro muito bem como foi a descoberta desagradável de que eu perderia dinheiro no dia seguinte já: Estávamos eu e o Jeferson, dentro do carro, voltando de Cachoeira do Sul, interior do Rio Grande do Sul, onde tínhamos ido para que ele pudesse votar naquele domingo, e acompanhando pelo rádio a apuração de votos. Quando saímos da cidade, o placar mostrava, pela TV, que o candidato pró mercado estava na frente, e eu embarquei no carro confiante dos meus ganhos no dia seguinte, mas conforme a viagem foi andando, o placar foi mudando.
O fim dessa história vocês já conhecem: a candidata Dilma Rousseff (PT-MG), que era considerada menos “pró mercado” pelos investidores se elegeu, provocando não apenas uma queda na bolsa pós eleições, mas uma queda que se seguiu muitos anos depois.
Caro amigo e amiga que entrou na bolsa agora, você ainda não sentiu na pele, mas pode olhar no gráfico, e nossa bolsa viveu praticamente de quedas atrás de quedas de 2010 até 2016… E acredite, é excelente para compra de ações para quem tem persistência, e aproveitou todo esse período para adquirir papéis baratos, mas maçante ver seu dinheiro diminuir ano após ano, por muito tempo e continuar firme na estratégia de continuar comprando ações. Eu diria que as quedas fortes na bolsa pelo menos dão mais emoção.
Enfim, com este episódio da minha vida, aprendi várias coisas que queria compartilhar com vocês hoje: não aposte em eventos binários, como eleições, atenha-se ao fundamento de longo prazo das boas empresas e dos bons negócios.
Não tente “tredar” resultados eleitorais, pois eles erram, e não é só no Brasil não, vide a última campanha eleitoral dos EUA e os resultados que previam derrota de Trump, surpreendendo a muitos.
Nunca, nunca, baseie-se na sua “bolha social” para avaliar empresas e negócios. O mundo é muito maior que o seu círculo de amizades e afinidades e para ganhar dinheiro, você deve pensar e olhar para além dele.
Por fim, trago aqui a motivação desta minha coluna.
Semana passada a Squadra – aquela gestora cuja carta iniciou a derrocada das ações do IRB (SA:IRBR3) – escreveu que as redes sociais podem estar criando bolhas nos mercados financeiros. Não posso deixar de concordar, em parte.
Se eu mesma, analista de investimentos, me deixei levar pela minha bolha social na época das eleições no Brasil, porque não se influenciariam os investidores iniciantes por sedutores influencers postando DARFS avantajadas?
Claro que os juros baixíssimos e a injeção de capital maciça nas economias são as “culpadas” pelo processo de migração para ativos de risco. Mas não podemos negar a influência das redes sociais e dos influencers sobre a atitude das pessoas e a forma como elas catalisam estes efeitos, adicionando combustível ao fogo. Para aproveitar a metáfora: cuidado, pois combustível demais pode fazer qualquer bolha explodir.