Teoria dos jogos
A contagem virtual dos deputados continua; o mercado finge que ela serve de antevéspera.
Vamos fingir também, em nome de um exercício didático.
Lula precisa de 171 votos para barrar o impeachment na Câmara.
Imaginemos, portanto, o que se passa na cabeça desses 171 assediados pelo voto de cabresto.
Qual decisão respeita o melhor interesse desses parlamentares venais?
Desequilíbrio de Nash
Se todos os 171 deputados realmente votarem a favor de Lula, Dilma continua e os votantes ganham cargos e emendas milionárias.
Já se um - apenas um - votar fora do penico, todos os demais 170 se colocam na pior situação possível.
Pois queimaram o filme junto às respectivas bases eleitorais e não levaram o presente que ambicionavam.
Você - como deputado à venda - confiaria plenamente em todos os seus 170 pares?
O risco de cooperar com Lula é gigantesco.
Daí para pior
Adicionando elementos à análise, as coisas só se complicam para o governo.
Por exemplo:
- Tornada pública, a compra de votos representa, por isso só, um elevado custo reputacional.
- Teori Zavascki está prestes a homologar o acordo com os delatores da Andrade Gutierrez.
- Cargos e emendas milionárias podem se mostrar fugazes mediante um outro processo de impeachment, talvez via TSE.
Conforme dito ontem, a vitória de Lula seria uma vitória pírrica - na qual o vencedor perde assim que vence.
Demasiadamente humanos
O deputado médio não quer assumir um enorme risco de ganhar agora para perder logo à frente.
Felizmente, os 171 deputados sob assédio não precisam ser "agentes racionais” (ou seja, homo economicus) para fazer esses cálculos estratégicos.
Ótimo, pois eles obviamente não são racionais.
Eles precisam apenas fazer o que sempre fizeram durante a carreira política: intuir onde estão as melhores probabilidades de sobrevivência.
Pegando a segunda onda
Se os deputados fizerem o que sempre fizeram, a Bolsa brasileira poderá fazer o que mais deseja: ultrapassar os 55 mil pontos, talvez rumo aos 60 mil em 2016.
A recuperação do piso de 37 mil para os 50 mil já deixou muita gente animada - inclusive nossos leitores.
Mas outro tanto de gente não participou dessa primeira onda de valorização.
Sem problemas; vem aí uma segunda onda, que pegará principalmente ações fora do radar, contempladas pelo Empiricus Insider.
Haverá mais risco. E haverá também a verdadeira possibilidade de multiplicação do capital em curto intervalo de tempo.