Lítio, por favor
Psiquiatras de Manhattan devem ganhar uma fortuna com a turma de Wall Street. Imagino consultórios lotados na noite de ontem, ao que se seguiu uma legião nas farmácias em busca de ansiolíticos. Como resultado, um pouco mais de serenidade hoje. O que mudou, objetivamente? Pouco, muito pouco. Ainda assim, a julgar pelos índices americanos em dia de noticiário fraco, há por lá gente disposta a recobrar o otimismo — mesmo que isso signifique apostar nas vendas do novo iPhone. Na Europa o tom é um pouco mais blasé. Dados econômicos melhores de China ajudam mineradoras, mas não são suficientes para compensar pessimismo com o varejo local.
01:05 - Do contra
Convenhamos: um desinformado que ouça falar no rebuliço que se formou em torno dos juros nos EUA é capaz de imaginar que o Fed pretende elevar a taxa em 500 pontos. Nem de longe... Será que a mudança no portfólio ótimo causada por uma oscilação da magnitude esperada para os juros nos EUA justifica tanta comoção? Tenho lá minhas dúvidas.
De qualquer forma, vale lembrar dos benefícios da diversificação: uma pequena dose de ativos com vocação "do contra" faz maravilhas para a redução do risco da carteira. Não por acaso, eles são raros como ouro.
Ameaça vazia
Bolsa brasileira levemente positiva, com investidores buscando oportunidades para corrigir exageros de ontem. Noticiário local calmo, refletindo principalmente os anúncios do governo em infraestrutura no dia de ontem. No front político, a chantagem continua. Governadores do Nordeste clamam por mais recursos, como se não soubessem quão curto é o cobertor. Ameaçam declarar calamidade, e senadores se propõem a boicotar pautas caras ao governo. Falta dinheiro. Obstruindo votações, faltará ainda mais. Realmente querem fazer esse jogo? A mim, parece ameaça vazia.
Se virando nos trinta
Enquanto os burocratas choram por mais recursos, dados do SPC demonstram que a inadimplência da pessoa física está recuando. 58,8 milhões de brasileiros fecharam agosto com contas em atraso — 500 mil a menos do que no mês anterior. Quem não tem a quem recorrer, simplesmente cai na real e dá um jeito de se virar. E isso considerando que, a despeito do avanço de expectativas, as melhorias reais na atividade econômica até aqui foram, para ser generoso, tímidas. Seguindo nessa toada, teremos melhoras significativas quando efetivamente começarmos a entrar nos trilhos. Com isso, as visões mais pessimistas com relação a impactos da atividade na inadimplência dos bancos tendem a perder sustentação. É bom constatar, reiteradamente, que a expertise dos bancões em esfolar os correntistas também se manifesta em boa gestão de risco de crédito. Gostamos das ações de Itaú (SA:ITUB4) e Itaúsa. Já que ser correntista é dureza, o negócio é ser acionista...
Grandes mentes pensam igual
O Brasil produziu alguns grandes economistas. A este panteão pertence, dentre outros, o saudoso Roberto Campos. Muito honra este humilde escriba constatar que, vez ou outra, consegue atingir a clareza de pensamento dos mestres.