Quod erat demonstrandum
Dia de maré vermelha mundo afora, com reflexos relevantes no Brasil. Motes do dia são a queda do petróleo, preocupações com bancos europeus e decepção com estímulos fiscais no Japão.
Nada que já não tivéssemos dito aqui, não é verdade? Só está faltando a bandeira vermelha turca na festa.
Avisamos reiteradamente ao longo das últimas semanas que havia espaço para um choque de realidade. Avisamos.
Não vamos pagar o pato. Ou vamos?
Meirelles volta a acenar com a possibilidade de aumento de impostos, sinalizando que a questão deve ser decidida até o final do mês. Os condicionantes para não haver aumento: alguma recuperação da economia (que se traduz em aumento da receita tributária), concessões e privatizações, aprovação do teto de gastos públicos (ainda este ano) e da reforma da previdência (ano que vem).
Belo ultimato: ou acaba a bagunça ou haverá aumento de imposto. A mim parece que Meirelles está convocando os contribuintes a pressionar o Legislativo. Nada mais justo: se o Congresso não se mexer, seremos nós - e não os parlamentares - que pagaremos a conta.
Eis uma excelente pauta para um momento em que as manifestações de rua estão flagrantemente desarticuladas (a proliferação de discursos esquisitos na Paulista no último domingo me deixou com péssima impressão). Impressão minha ou sumiram com o pato da FIESP?
A propósito, pena que alguns movimentos de rua que prometiam mudar o Brasil estão demasiadamente preocupados em galgar carguinhos nas Câmaras Municipais para se ocupar dessas questões comezinhas de impostos.
O maior ativo do seu patrimônio
Faça uma lista mental de seus investimentos: quanto você tem em ações? Renda fixa? Moedas? Pedras preciosas? Selos búlgaros? Miniaturas de Kinder Ovo? Chegou ao total de seus investimentos?
Somou seu imóvel? “Ah, mas isso eu não conto como investimento.” Como não? Aposto que uma parcela substancial do seu patrimônio está ali.
Principalmente na última década, o mercado imobiliário foi terreno tão fértil quanto arriscado. E a qualidade da informação disponível, baixíssima: perto de um corretor de imóveis, seu gerente de banco é um santo.
Nossa missão na Empiricus é ajudá-lo a cuidar de seu patrimônio de forma global. Não poderíamos, portanto, deixar de tratar de tema tão importante. Valor Imobiliário é nossa série voltada ao mercado de imóveis. Nela, o Márcio traz ensinamentos absolutamente essenciais para todos — investidores, proprietários e locatários — tomarem decisões melhores com relação ao ativo que, via de regra, é o mais representativo individualmente de seu patrimônio (ou, para quem prefere liquidez, a maior despesa individual de seu orçamento).
Cangurus desanimados
A Austrália reduziu seu juro básico em 0,25 pontos percentuais, atingindo a mínima histórica de 1,5 por cento ao ano.
E o kiko? Austrália e Brasil são os maiores exportadores de minério de ferro do planeta. Dois terços das remessas da commodity têm como destino a China. É precisamente a desaceleração da economia chinesa que é apontada pelas autoridades australianas como principal motivo para a desaceleração do mercado de trabalho e da inflação locais.
Ou os australianos são extraordinariamente disciplinados ao basear as decisões de política monetária única e exclusivamente nos dados correntes, ou as expectativas que estão alimentando com relação à China daqui para a frente são menos animadoras do que a recente alta de commodities metálicas sugere. Fico com a segunda leitura, da qual compactuo.
Ainda sobre o juro australiano: menos um país para se explorar diferencial de juros no carry trade.
Em tempo: com um custo de capital tão baixo, a delegação australiana deveria ter seguido o exemplo dos alemães na Copa do Mundo e construído seu próprio alojamento para as Olimpíadas. Sairia melhor, mais barato e seria uma vergonha a menos para a gente.
Excelente!
José Serra mostrou que tem sangue correndo em suas veias (!) ao não reconhecer a Venezuela na presidência do Mercosul - bloco do qual a proto-ditadura sequer deveria fazer parte, no qual foi enfiada goela abaixo em uma ação lamentável dos vizinhos canhotos logo após a deposição de Lugo no Paraguai, lembram?
Foi longo o período de trevas no Itamaraty. O gesto é pequeno, mas talvez estejamos (enfim!) no caminho de deixarmos de ser os anões diplomáticos que nos tornamos na era PT.
Parabéns, Ministro. Receba nossa homenagem:
A propósito… quanto tempo ainda será preciso para que alguém, enfim, reconheça que o Mercosul é um fardo? Que tal um BRexit?
Minuto Bônus: perguntas que não querem calar
O vazamento das fotos de Melania tem como propósito prejudicar ou beneficiar a candidatura de Trump?
Alguém realmente acreditou que o eleitorado conservador deixaria de votar nele para apoiar Hillary, a esposa do ex-presidente cujo zíper abriu em pleno Salão Oval?