A queda de 0,8% do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro no terceiro trimestre deste ano ante o trimestre anterior mostrou que o Brasil continua em forte recessão. De acordo com levantamento da Análise Econômica Consultoria, o país apresentou o segundo pior resultado nessa comparação entre as 25 maiores economias do mundo.
O Brasil ficou na frente apenas da Argentina, que apresentou queda de 2,1% do PIB na comparação com o trimestre anterior, o pior resultado entre os países. A Nigéria, com crescimento de 9,0%, lidera a lista. Na sequência, vêm os Estados Unidos e a Indonésia, ambos com aumento de 3,2%. A China fica na quarta posição, com acréscimo de 1,8%.
Segundo o economista-chefe da Análise Econômica Consultoria, André Galhardo Fernandes, o movimento de queda não é uma surpresa. "O que realmente era inesperado [pelo governo] é o comportamento da economia brasileira ao longo de 2016. E isso continua a ser destoante para o próximo ano fiscal", ressalta.
A Análise Econômica Consultoria projeta uma queda de 0,38% no PIB para 2017, diferentemente do que tem sido previsto por outras consultorias. O boletim Focus, por exemplo, aponta para um crescimento de 0,98%, resultado atingido após seis cortes consecutivos nas últimas leituras divulgadas pelo Banco Central.
"O que embasa a nossa projeção são os números internacionais. Ter o segundo pior crescimento do PIB entre as 25 maiores economias do mundo reforça que os impactos da crise política brasileira continuam refletindo nas contas nacionais", explica Galhardo. "Se a instabilidade política tem esse poder de mudança na economia, devemos demorar a reencontrar o caminho do crescimento", completa.
De acordo com o sócio e diretor de estudos econômicos da AE, Franklin Lacerda, outro ponto que agrava o crescimento brasileiro é a relação com os investidores.
"O prolongamento da crise ocorre também por conta do nível de investimento. O Brasil tem hoje uma das menores taxas nesse quesito, sinal de que ainda há um duro caminho a ser percorrido até que se materializem crescimentos na produção nacional", explica.
Lacerda destaca ainda que a economia mundial continua patinando e que, mesmo reforçando os impactos internacionais no resultado brasileiro, tanto a crise política como as contas públicas se "alimentam" mutuamente. "A crise está cristalizada dentro do próprio território nacional", diz.