O mercado de açúcar em NY fechou a semana com pequena alta de 11 pontos (2,50 dólar por tonelada) no vencimento julho/13, cotado a 17,53 centavos de dólar por libra-peso. O vencimento maio/2013 no contrato de açúcar em NY expirou e com ele uma entrega recorde no volume de 28.210 lotes, equivalentes a 1.433.136 toneladas de açúcar, praticamente tudo de Brasil (apenas 30.000 da Costa Rica). Com o maio se despedindo a 17,67 centavos de dólar por libra-peso, o valor nocional da entrega é de surpreendentes US$ 580 milhões. Duas tradings foram as principais vendedoras desse volume: Noble com 728.000 toneladas e Dreyfus com 670.000; no lado do recebimento, Cargill com 761.000 toneladas, Wilmar com quase 400.000 toneladas e Bunge com 274.000 toneladas. Uma entrega dessa magnitude pode ser considerada qualquer coisa menos altista. No entanto, alguns pontos precisam ser revisitados.
O preço médio de entrada dos fundos, segundo estimativa da Consultoria Future Analysis feita a pedido da Archer Consulting é de 18,89 centavos de dólar por libra-peso, ou seja, com o fechamento de sexta-feira a 17,53 centavos de dólar por libra-peso, considerando uma posição de 100.000 lotes vendidos, os fundos estão com um lucro não-realizado estimado de aproximadamente US$ 150 milhões. A situação para os vendidos é de absoluto conforto. O mercado está bem abaixo do preço médio de entrada e uma cobertura de posições vendidas, ou tomada de lucro, só deve ocorrer se o mercado começar a sinalizar uma visita ao redor dos 18 centavos de dólar por libra-peso que – convenhamos - será muito difícil se as coisas continuarem nessa pasmaceira. Como já foi dito aqui à exaustão, mercado para cima só mesmo por razões climáticas ou outros eventos extra fundamentos.
O mercado futuro de açúcar em NY já negociou 10.600.000 lotes este ano, pouco mais de 6% de acréscimo comparando com o mesmo período do ano passado (9.940.000 lotes). Safra maior no Centro Sul praticamente na mesma proporção pode ser uma das causas. O fato é que num mercado em custo e carrego a tendência é que se empurrem com a barriga as fixações de preço considerando que o mercado futuro “paga” para se carregar açúcar, ou seja, o valor das cotações com vencimentos mais longos é maior do que o valor das cotações com vencimentos mais curtos. Isso é típico de mercados em equilíbrio de oferta e demanda. O comprador posterga suas compras mesmo que pague mais por elas lá na frente, desde que o valor pago adicionalmente (refletido nas cotações futuras) seja menor do que lhe custa financeiramente antecipar essa compra mais os custos de armazenagem e seguro. Aritmética pura. Também, o comprador dá preferência a usar todo o estoque que possui antes de fazer novas aquisições. Por isso temos essa demanda anêmica nesses últimos meses. Para as usinas, de modo geral, se não houvesse a necessidade imediata de caixa para atender compromissos inadiáveis e suficiente capacidade armazenadora, igualmente não teriam premência de vender imediatamente seu produto. Mas é claro que falamos aqui de teoria.
Essa mesma teoria, no entanto pode ser um balizador para indicar a direção do mercado. Sua trajetória nos próximos meses pode ser afetada por mudanças nessa equação. O superávit mundial está refletido nos preços, é fato. O que pode afetar negativamente o mercado ainda mais é a incerteza sobre o volume a ser fixado pelas usinas ainda contra o julho/2013 e, depois disso, o tamanho da safra indiana a partir de outubro/13. Mas, o que pode afetar positivamente o mercado é uma eventual diminuição de dias de moagem em função de clima (para algumas usinas, um dia sem moagem é um dia perdido, ou seja, cana em pé para a safra seguinte), um nó logístico nos portos (problema sem solução imediata) e uma eventual corrida para refazer estoques (menos provável, é verdade, mas possível).
Quando existe uma entrega de açúcar contra NY dessa magnitude, a maior obviedade é que não existiam compradores melhores do que a bolsa e por isso o vendedor descarregou suas vendas lá. Ponto final, inquestionável. Mas, por outro lado, o que leva uma empresa a se suprir desse volume (os citados compradores acima) depende de uma estratégia competente de comercialização e de uma elaborada engenharia financeira, além do acompanhamento de perto dos spreads, termômetro importante na análise do curto prazo. Quem vai ganhar esse braço de ferro? Vendidos ou comprados? Essa resposta teremos em mais um par de meses.
Nos últimos 100 pregões o mercado de açúcar oscilou entre a mínima de 17,13 e a máxima de 19,75, isto é, 262 pontos de oscilação desde 6 de dezembro de 2012.
Não se esqueça de anotar em sua agenda: a 7ª edição do Sugar Dinner Brasil vai ocorrer dia 23 de outubro de 2013, em São Paulo, na Estação Júlio Prestes para apenas 700 convidados. No dia seguinte, ocorrerá o Sugar Party para 1.500 pessoas. Para este último, se você pretende participar, corra pois os ingressos são limitados. Para mais informações, acesse o site http://www.sugardinner.com.br
Boa semana a todos.