Os mercados reagiram com cautela a alguns indicadores econômicos menos promissores nas principais regiões do planeta. Os dados não foram tão assustadores, mas a perspectiva do primeiro aumento de juros americanos desde junho de 2006 (de lá para cá foram só cortes) desencadeou um comportamento defensivo dos investidores.
De forma simplista pode-se culpar a firmeza generalizada da moeda americana para as perdas de mais de 3% das bolsas europeias, asiáticas e americanas, assim como as das commodities. O Bloomberg Dollar Index, indicador que contém dez moedas incluindo o Real Brasileiro e o Yuan Chinês, fez uma nova alta recorde. Já o Dólar Índice (DXY) voltou aos patamares de Abril último.
Os três índices de commodities mais acompanhados escorregaram feio, com o CRB negociando no ponto mais baixo desde 9 de Dezembro de 2002, o BCOM no menor nível desde 21 de julho de 1999 (!) e o SPGSCI próximo dos valores do final de 24 agosto.
Dentre os componentes do CRB as quedas mais acentuadas nos últimos cinco pregões foram as de 9.89% do petróleo, -8.99% da gasolina, -7.24% do café arábica e -7.17% do óleo de aquecimento. Apenas o suco de laranja, o cacau e o açúcar subiram, com destaque ao primeiro em função da quebra de safra americana.
O contrato "C" fez finalmente uma nova mínima, não aguentando a pressão vendedora proveniente do ambiente macroeconômico e de alguma sorte influenciado por uma nova estimativa da safra 16/17 brasileira, entre 60 e 60 milhões de sacas, divulgada na sexta-feira por uma comercializadora internacional. A perda do robusta negociado em Londres também foi um outro fator negativo, dado que este estava contribuindo via arbitragem para dar suporte à Nova Iorque.
O volume alto de transações na bolsa durante a semana foi estimulado pelas rolagens das posições, pois a partir da próxima quinta-feira, dia 19 de novembro, começa o período de entrega do contrato de dezembro2015. Os fundos aproveitaram também para colocar novas vendas em seus livros, reflexo da figura técnica que tem uma tendência de baixa forte com pontos-chaves de resistência não sendo rompidos, por ora. Do outro lado tudo indica que os comerciais devem ter comprado – o que só saberemos no próximo relatório do CFTC que informa a posição dos comitentes.
Os diferenciais firmaram como de costume e curiosamente muitos reportaram que a movimentação no físico para cafés com bebida mais fraca foi boa, mesmo com a queda do terminal – um sinal relativamente preocupante para os altistas (se é que sobrou algum). Os cafés finos continuam “apertados”, tendo uma fonte me informado que saíram mais negócios no FOB com prêmios elevados para os “fine-cups” com embarque para dezembro e o primeiro trimestre de 2016.
Nas outras origens apareceram mais grãos vindos da Colômbia e de Honduras, sendo que a reposição do primeiro está em dois dígitos positivos, e do segundo em um dígito positivo. No robusta também firmaram os cafés da Indonésia e no Vietnã os produtores estão atrasando a colheita para evitar elevar ainda mais o custo em épocas de baixas do terminal.
As exportações brasileiras de outubro totalizaram 3,215,720 sacas, segundo o CECAFE, e de agora em diante a perspective e que comece a cair. A OIC informou que o volume global exportado entre Outubro de 2014 e Setembro de 2015 caiu pela primeira vez em cinco anos, encerrando em 110.7 milhões de sacas, ou 3.10% mais baixas do que o ano anterior. Ao mesmo tempo a produção mundial foi 2.3% menor em 2014/2015, 143.3 milhões de sacas, de acordo com a entidade.
O departamento de pesquisa do banco francês Société Générale (PA:SOGN) estima que os fundos de índice serão compradores de 8,561 lotes de café na ICE entre os dias 8 e 14 de janeiro de 2016, parte do re-balanceamento anual de suas posições, considerando como referência a cotação do dia 11 de novembro, que era de US$ 121.15 cts/lb. Quanto mais baixo deste ponto estiver o terminal no último dia útil de 2015 mais eles devem comprar, e vice-versa.
Parece que os operadores não estão preocupados com um suposto aperto de qualidade que acontecerá no primeiro semestre de 2016, e por ora não precificam que o ciclo de 16/17 pode trazer surpresas com um potencial menor de produção brasileiro, colombiano, vietnamita e indonésio. O primeiro não porque a safra seja menor do que atual, mas por eventualmente não se materializar em ser tão grande como se espera(va?).
A inclinação da reta que marca a queda recente no gráfico deve em breve gerar uma correção dos preços, desencadeando uma leve cobertura dos novos vendidos. Então será bom notar como se comportarão as vendas das origens para determinar se será apenas uma tomada de lucro, ou uma mudança de tendência.
Uma excelente semana e muito bons negócios a todos,
Rodrigo Costa*