Apesar da forte oscilação, as cotações domésticas do café arábica finalizaram agosto em alta. O Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6, posto na capital paulista, fechou a R$ 1.344,20/saca de 60 kg no dia 31, aumento de 43,31 Reais/sc (ou de 3,3%) em relação a 29 de julho (último dia útil do mês). Mesmo com o avanço no acumulado do mês, o Indicador variou quase 100 Reais/saca em agosto. O menor fechamento foi no dia 5, de R$ 1.261,57/sc, e o maior, no dia 26, de R$ 1.351,64/sc. No começo do mês, as cotações foram pressionadas pelo avanço da colheita no Brasil e pelo temor de uma nova recessão global. Entretanto, as preocupações com a falta de chuvas após as floradas precoces da safra 2023/24 impulsionaram os valores de forma expressiva na segunda quinzena. Alguns colaboradores consultados pelo Cepea, inclusive, alertaram sobre o risco de aborto das primeiras flores em algumas regiões, caso chuvas mais consistentes não sejam verificadas. No front externo, os futuros do café arábica também registraram variações significativas no mês, influenciados por questões climáticas, pela economia mundial, pela diminuição de exportações e por estoques certificados na ICE Futures (Bolsa de Nova York). O contrato Dezembro/22 do arábica tipo 6 terminou o mês a 235,25 centavos de dólar por libra-peso na ICE Futures, valorização de 10% em relação ao último dia útil de julho.
COLHEITA ARÁBICA 2022/23 – As atividades devem ser finalizadas nos próximos dias. Levantamentos do Cepea mostram que cerca de 95% do café arábica já tenha sido colhido nacionalmente, restando apenas a finalização de varrições. Regionalmente, o Noroeste do Paraná já finalizou a colheita. Na região de Garça (SP), a atividade também está próxima de terminar, somando entre 95% e 99%. Nas Matas de Minas, o total é de 95% a 98%. Já o Cerrado Mineiro está com os trabalhos entre 92% e 99%, enquanto o Sul de Minas segue próximo de 90% a 98%. Por fim, na praça da Mogiana (SP), o percentual é de 90% a 95%. Com a finalização da colheita da safra 2022/23, cafeicultores começam a se preparar para o ciclo 2023/24, atentos ao clima e à espera de chuvas nas próximas semanas, já que o mês de agosto registrou baixo volume de precipitação nos cafezais. De acordo com o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), o acumulado de chuvas entre 1º e 31 de agosto foi de 128 mm em Londrina (PR), de 79 mm na estação de Marília (Garça – SP), de 17 mm em Franca (SP) e em Varginha (MG) e de 1,4 mm em Patrocínio (MG).
O cenário também foi de oscilação dos preços da variedade em agosto, ainda que as altas tenham prevalecido. O Indicador CEPEA/ESALQ do tipo 6 peneira 13 acima terminou o dia 31 a R$ 749,71/sc, elevação de 4,8% em relação ao último dia útil de julho. O tipo 7/8 fechou a R$ 738,91/sc, avanço de 4,9% no acumulado de agosto. O aumento dos preços do robusta está atrelado à presença cada vez mais forte da indústria no mercado, ainda que com negociações envolvendo pequenos lotes. Vendedores seguem estocando os cafés, à espera de preços ainda mais elevados. Além disso, agências de notícias internacionais apontam que a seca no Vietnã é outro fator para as altas dos preços externos do robusta e, consequentemente, internos, devido aos possíveis impactos na produção vietnamita, o que aumentaria a procura dos cafés brasileiros.
No campo, agentes seguem atentos ao clima. Em Rondônia, muitos produtores têm induzido a florada com irrigação, mas estão preocupados com a ausência de chuvas. No Espírito Santo, o panorama é similar, mas as rajadas de vento preocupam os agentes, devido à queda de folhas nos cafezais. O acumulado de chuvas em agosto, segundo o Inmet, foi de 38,6 mm em Porto Velho (RO) e de apenas 8 mm em Linhares (ES) entre 1º e 31 do mês. A Climatempo prevê uma frente fria nos próximos dias no ES e possibilidade de pancadas de chuvas em Rondônia, com volume de 15 a 40 mm.