Os preços do café arábica recuaram com força ao longo de outubro, chegando a operar abaixo de R$ 1.000/saca de 60 kg, o que não acontecia desde agosto de 2021. No acumulado do mês (de 30 de setembro a 31 de outubro), o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6, posto na capital paulista, teve forte baixa de 280 Reais/saca (ou de 22%), encerrando o mês a R$ 1.005,33/saca de 60 kg. No dia 30, especificamente, o Indicador chegou a fechar a R$ 987,53/sc. A queda dos preços esteve atrelada ao clima favorável às lavouras brasileiras e a questões econômicas mundiais. No campo nacional, chuvas frequentes ao longo do mês auxiliaram o desenvolvimento inicial da safra. No front externo, as elevações da inflação e dos juros nos Estados Unidos e na Europa e a expectativa de redução do consumo da bebida reforçaram o movimento de desvalorização do café no Brasil.
Na Bolsa de Nova York (ICE Futures), após terem recuado por 13 sessões consecutivas, os contratos futuros reagiram no último dia de outubro, devido a um movimento de recuperação técnica. Além do clima favorável no Brasil e de questões econômicas externas, agentes estão atentos ao possível aumento na produção de café na Colômbia e na Costa Rica na safra 2022/23. O contrato Dezembro/22 do arábica encerrou o mês a 176,55 centavos de dólar por librapeso, expressiva desvalorização de 20,3% em relação ao último dia útil de setembro. Ressalta-se que os baixos estoques certificados da ICE Futures seguem preocupando investidores.
CAMPO – Com as chuvas regulares, já vem sendo observada a abertura de chumbinhos das primeiras floradas. No entanto, colaboradores do Cepea relataram que as quedas de granizo ocorridas no começo do mês no Sul de Minas e na última semana nas Matas de Minas (Zona da Mata) prejudicaram alguns cafezais. De acordo com o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), entre 1 e 31 de outubro, as precipitações somaram 191 mm em Franca (SP), 140 mm em Londrina (PR), 132 mm em Marília (Garça) e 100,6 mm em Patrocínio (MG).
Os valores do robusta também caíram em outubro, e o recuo se manteve até a última sexta, com acumulado de 21 quedas consecutivas. O Indicador CEPEA/ESALQ do tipo 6 peneira 13 acima terminou o dia 31 a R$ 587,01/sc, recuo de 150,72 Reais/sc (ou de20,4%) em relação ao último dia útil de setembro. O tipo 7/8 fechou a R$ 574,79/sc, baixa de 153,72 Reais/sc (ou de 21,1%) no mesmo período. No dia 27, especificamente, o Indicador CEPEA/ESALQ do tipo 6 chegou a fechar a R$ 580,25, o menor patamar nominal desde 30 de julho de 2021. No caso do robusta do tipo 7/8, no dia 28, fechou a R$ 567,97/sc, o mais baixo desde 23 de julho de 2021.
Na Bolsa de Londres (ICE Futures Europe), o contrato Janeiro/23 terminou o mês de outubro a US$ 1.853/tonelada, queda de 13,6% em comparação ao último dia útil de setembro. A retração dos preços externos do robusta afastou agentes brasileiros das negociações. Enquanto a indústria, mesmo com pouca demanda, buscava menores valores, vendedores esperavam preços mais altos, travando os negócios na maior parte do mês. No campo, cafeicultores do Espírito Santo estiveram mais aliviados com a chegada de algum volume de chuvas, ainda que tenha ocorrido a queda pontual de granizo em parte das localidades. Em Rondônia, as precipitações foram consideradas boas, dando possibilidade para a abertura de chumbinhos em muitas fazendas. Segundo o Inmet, em outubro, choveu 269 mm em Porto Velho (RO), 176 mm em São Mateus (ES) e 108,6 mm em Linhares (ES). Para os próximos dias, a Climatempo indica queda de temperatura e maior volume de chuvas no Espírito Santo. Em Rondônia, cafeicultores estão atentos, porque a possibilidade é de grande volume precipitação.