Café: Todos de olho no clima nos próximos 3 meses

Publicado 07.07.2025, 08:50
Atualizado 07.07.2025, 08:50

O “mercado de clima” continua dando as cartas.

Mais uma frente fria passou e não chegou a castigar as principais regiões produtoras (algumas fazendas foram afetadas mas o estrago foi pontual). Com isso o Set-25 encerrou a semana @ 289,60 centavos de dólar por libra-peso (trabalhou com uma amplitude de 4.200 pontos - fechamento anterior / máxima / mínima / nova máxima / nova mínima / fechamento atual respectivamente @ 303,75 / 307,35 / 279,60 / 294,00 / 289,60 centavos de dólar por libra-peso).

O mercado segue variando +/- 1.500/2.000 por dia e isso virou um “novo normal”. Os fundos + especuladores “vendidos” continuaram empurrando as cotações para baixo levando o Set-25 a negociar nas mínimas dos últimos 7 meses (dia 22 de novembro de 2.024 @ 278,85 centavos de dólar por libra-peso).

Os fundos + especuladores “comprados” seguem tentando proteger suas posições e tem sido normal ver o mercado recuperar 800/1.000 pontos ao se aproximar do importante suporte dos 280 centavos de dólar por libra-peso. Então hoje o movimento do mercado está mais para o lado técnico do que para o lado fundamental.

Perdendo esse importante suporte (278,85 centavos de dólar por libra-peso) o mercado tem tudo para seguir caindo até os próximos importantes suportes @ 262 / 234 e 218 centavos de dólar por libra-peso.

No lado da comercialização o café arábica e o café robusta perderam respectivamente os importantes suportes dos 1.800 R$/saca e 1.100 R$/saca no mercado interno!

Nessa semana o mercado do café teve 2 importantes eventos em Campinas (o Encontro Nacional Top Farmers e o Coffee Dinner). Nesses 2 eventos os principais pontos destacados foram os seguintes:

- Safra brasileira 25/26 e 26/27: O mercado continua apostando em uma safra brasileira 25/26 entre 64-70 milhões de sacas enquanto os produtores (principalmente do café arábica) continuam confirmando quebras nos rendimentos. No café robusta alguns analistas já estão prevendo que a safra 25/26 poderá chegar a 28 milhões de sacas e o café arábica nos 42 milhões de sacas! Então, 70 milhões de sacas não está descartado! Por outro lado, outros continuam acreditando em uma safra total <= 50 milhões de sacas... Será?

Para a próxima safra 26/27, se o inverno não trouxer nenhum evento climático significativo (geada), a produção poderá superar os 70/75 milhões de sacas. Para isso a área plantada existe. E muitos produtores seguem investindo em expansão, tecnologia, irrigação, clones, etc... Então, em uma área plantada e produzindo estimada em 2.000.000 hectares e uma produção média entre o café arábica e robusta em 35 sacas por hectare 70 milhões de sacas é uma produção plausível.

- EUDR: As regras estão sendo ajustadas e flexibilizadas. Mas a implementação já a partir do próximo dia 01 de janeiro de 2.026 deverá mesmo ser implementada. Isso deverá acelerar as compras para embarques entre out-nov-25 para o produto chegar nos portos europeus antes do dia 31 de dezembro de 2.025;

- Estoques: consenso que o estoque mundial está nos menores níveis históricos: mesmo com os estoques mundiais baixos e com as cotações “invertidas” (quando o mês presente é negociado a um preço superior ao mês seguinte) – as tradings deverão seguir comprando com base “da mão para a boca” pois os custos financeiros / carrego não justificam carregar estoques no destino.

Como já mencionado em comentários anteriores, e agora corroborado pelo analista da Louis Dreyfus – Charles Chiapolino - o mundo só deverá voltar a construir estoques a partir da próxima safra 26/27 – tendo o Brasil como o principal país produtor. Segundo o Charles: “Para recompor os estoques que tínhamos quatro anos atrás vai levar pelo menos 2 anos de safras muito boas, com tudo positivo, e sabemos das dificuldades do clima ficar alinhado em todo o mundo dois anos seguidos é quase impossível”.  

Ainda assim a demanda continua firme! Com a disparada dos preços durante os últimos 6 meses na matéria prima as principais empresas não repassaram o 100% da alta na matéria prima para o consumidor final. Dessa forma, com os preços do café em NY e no mercado interno recuando -30/-40% a demanda deverá seguir estável com leve alta nos principais mercados consumidores - principalmente na Ásia (China / Japão / Vietnam / Indonésia...);

Conforme o sr Márcio Cândido (presidente atual da Cecafé), na China, por dia, 3.000 novos consumidores começam a tomar café...

Ou seja, apesar da OIC estimar o crescimento no consumo mundial entre 1,50/2,00% ao ano, alguns mercados importantes (como China e Índia) tem tudo para o consumo interno seguir crescendo acima dos 2%-5% ao ano!

- Clima: o inverno brasileiro ainda tem mais 80 dias pela frente. Segundo palestra do professor Luiz Carlos Molion existe a possibilidade do Brasil receber mais 3 frentes frias (sendo 1 “severa” entre os dias 21-25 de julho; e 2 outras ”moderadas”: uma entre os dias 20-24 de agosto e a outra entre os dias 04-09 de setembro).

Da mesma forma, se não tivermos geadas, o prof. Molion projeta um agosto-dezembro com chuvas dentro das médias – favorecendo a florada e a próxima safra 26/27!

Então, por enquanto, creio que o mercado (em função dos fundos + especuladores) continuará na sua tendência de baixa podendo ter uma reversão rápida e muito relevante – com cobertura de posição por parte dos “vendidos” – assim que as novas frentes frias forem se confirmado e se aproximando.

Caso contrário não vejo motivo para o mercado voltar para os 300/350 centavos de dólar por libra-peso no curto/médio prazo.

- Exportações: o Brasil deverá encerrar as exportações do ano safra julho-24 / junho-25 em 45,30 milhões de sacas.

E, segundo a Cecafé, as exportações no mês de julho-25 começaram firmes! Até o dia 4 de julho o Brasil já tem emitido solicitações para embarques em 490.219 sacas – projetando, por enquanto, uma exportação para o mês de julho-25 ao redor dos 5,00 milhões de sacas (contra 3,77 milhões de sacas em julho-24).

Com a queda dos preços do café robusta em -40% nos últimos 60 dias e, trabalhando com um desconto para o café do Vietnam, provavelmente veremos um aumento considerável nas exportações do café tipo robusta já agora no mês de julho-25.

- Custo de produção: para o “produtor grande” / “eficiente” o custo para o café arábica está entre 700-900 R$/saca e para o café tipo robusta entre 400-500 R$/saca. Então, mesmo com o mercado negociando nos patamares atuais o produtor brasileiro continua tendo retorno positivo sobre o seu patrimônio.

Vale lembrar que muitos produtores ainda estão cumprindo seus compromissos dos anos anteriores a preços abaixo dos 800/700 R$/saca! Inclusive ficamos sabendo de um produtor ainda entregando 500 sacas para sua cooperativa @ 550 R$/saca!

Produtor: Projeta-se!

Mesmo com uma safra brasileira “mais baixa” e com os estoques baixos os compradores deverão seguir comprando “da mão para a boca” aguardando pelas próximas safras da Colômbia, da América Central, e do Vietnam. O Brasil, apesar de ser o principal produtor e fornecedor do café do mundo não é o único!

NY @ 200 centavos de dólar, um diferencial de compra @ -35 pontos e um R$/US$ futuro @ 5,50 indica um preço final para o produtor ao redor dos 1.200 R$/saca! Então, aproveitem as cotações para o julho-26 / set-26 e dez-25 ainda negociando acima dos 260 centavos de dólar por libra-peso para realizar proteção ainda acima dos 1.500 R$/saca equivalente.

Boa semana a todos!

Últimos comentários

Instale nossos aplicativos
Divulgação de riscos: Negociar instrumentos financeiros e/ou criptomoedas envolve riscos elevados, inclusive o risco de perder parte ou todo o valor do investimento, e pode não ser algo indicado e apropriado a todos os investidores. Os preços das criptomoedas são extremamente voláteis e podem ser afetados por fatores externos, como eventos financeiros, regulatórios ou políticos. Negociar com margem aumenta os riscos financeiros.
Antes de decidir operar e negociar instrumentos financeiros ou criptomoedas, você deve se informar completamente sobre os riscos e custos associados a operações e negociações nos mercados financeiros, considerar cuidadosamente seus objetivos de investimento, nível de experiência e apetite de risco; além disso, recomenda-se procurar orientação e conselhos profissionais quando necessário.
A Fusion Media gostaria de lembrar que os dados contidos nesse site não são necessariamente precisos ou atualizados em tempo real. Os dados e preços disponíveis no site não são necessariamente fornecidos por qualquer mercado ou bolsa de valores, mas sim por market makers e, por isso, os preços podem não ser exatos e podem diferir dos preços reais em qualquer mercado, o que significa que são inapropriados para fins de uso em negociações e operações financeiras. A Fusion Media e quaisquer outros colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo não são responsáveis por quaisquer perdas e danos financeiros ou em negociações sofridas como resultado da utilização das informações contidas nesse site.
É proibido utilizar, armazenar, reproduzir, exibir, modificar, transmitir ou distribuir os dados contidos nesse site sem permissão explícita prévia por escrito da Fusion Media e/ou de colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo. Todos os direitos de propriedade intelectual são reservados aos colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo e/ou bolsas de valores que fornecem os dados contidos nesse site.
A Fusion Media pode ser compensada pelos anunciantes que aparecem no site com base na interação dos usuários do site com os anúncios publicitários ou entidades anunciantes.
A versão em inglês deste acordo é a versão principal, a qual prevalece sempre que houver alguma discrepância entre a versão em inglês e a versão em português.
© 2007-2025 - Fusion Media Limited. Todos os direitos reservados.