Fique por dentro das principais notícias do mercado desta quinta-feira

EdiçãoJulio Alves
Publicado 21.08.2025, 08:26
© Reuters

Investing.com – Os índices futuros das bolsas dos Estados Unidos operam com viés negativo nesta quinta-feira, enquanto investidores aguardam o início do simpósio de Jackson Hole, promovido pelo Federal Reserve, e a divulgação de novos dados do mercado de trabalho.

No Brasil, o risco político gerado pelo indiciamento do ex-presidente da República, Jair Bolsonaro, pela Polícia Federal (PF), por coação no processo sobre a tentativa de golpe de Estado, causa apreensão entre os investidores.

1. Simpósio de Jackson Hole começa

Tem início nesta quinta-feira o aguardado simpósio de Jackson Hole, evento anual do Federal Reserve que reúne autoridades monetárias globais em Wyoming para discutir o rumo da política monetária.

O ponto alto do encontro será o discurso de Jerome Powell, previsto para sexta-feira, o último enquanto presidente do Fed. O mercado busca por sinalizações de corte nos juros em setembro, após dados fracos do mercado de trabalho fortalecerem essa perspectiva no início do mês.

“A forma como Powell interpretará os recentes dados de estagflação será decisiva”, afirmaram analistas do Bank of America (NYSE:BAC) em relatório. “Ele será mais sensível às revisões no mercado de trabalho ou priorizará a redução na oferta de mão de obra?”

Atualmente, as apostas do mercado para um corte de 0,25 ponto percentual na reunião de 17 de setembro estão em 80%, ligeiramente abaixo dos 84% registrados no dia anterior.

O discurso também pode servir como um balanço de sua gestão à frente do banco central, especialmente em meio às críticas do presidente Donald Trump, que reprova a postura de manutenção da taxa básica em 2025.

A crescente influência de Trump nas discussões sobre política monetária tem gerado apreensão entre agentes do mercado, que veem riscos à autonomia institucional do Fed.

O episódio mais recente envolve a governadora Lisa Cook, pressionada por Trump a deixar o cargo após denúncias de um aliado político sobre hipotecas em seu nome nos estados de Michigan e Geórgia.

2. Futuros dos EUA caem antes da divulgação dos pedidos de auxílio-desemprego

Os índices futuros de Nova York registravam leve queda nesta quinta-feira, refletindo a cautela dos investidores à espera de novos dados sobre o mercado de trabalho e da abertura oficial do simpósio de Jackson Hole.

Às 7h40 de Brasília, o contrato futuro do S&P 500 recuava 0,18%, o do Nasdaq 100 caía 0,12% e o do Dow Jones se desvalorizava 0,39%.

Na sessão anterior, os índices encerraram o dia em direções opostas: o Dow Jones Industrial Average teve leve valorização, enquanto o S&P 500 e o Nasdaq acumularam perdas, ampliando para quatro o número de sessões consecutivas em baixa do índice amplo, pressionado pelas ações de tecnologia.

A ata da reunião de julho do Fed reforçou a percepção de que a maioria dos dirigentes ainda demonstra preocupação com o equilíbrio entre inflação e mercado de trabalho. Dois membros votaram contra a decisão de manter os juros inalterados, mas não obtiveram apoio majoritário.

“Quase todos os participantes consideraram apropriado manter a faixa-alvo entre 4,25% e 4,50%”, indicou o documento da reunião de 29 e 30 de julho.

Ainda nesta quinta, o mercado acompanhará a divulgação dos pedidos semanais de auxílio-desemprego, que devem mostrar leve alta no número de solicitações. Também serão divulgados os dados de vendas de imóveis residenciais usados em julho e o índice de atividade industrial da região da Filadélfia.

3. Meta interrompe novas contratações em IA

A Meta Platforms (NASDAQ:META) confirmou o congelamento de contratações em sua divisão de inteligência artificial, conforme antecipado pelo Wall Street Journal, encerrando um ciclo de forte expansão de despesas com contratação de talentos para IA.

A empresa integra o seleto grupo de big techs de Wall Street, conhecidas como AI Hyperscalers, que alocam volumes expressivos de capital em pesquisas e infraestrutura para desenvolvimento de modelos de inteligência artificial.

Somente em 2025, a Meta havia reservado até US$ 72 bilhões para esse tipo de investimento.

Segundo a companhia, a pausa atual faz parte de um “planejamento organizacional básico”, necessário para consolidar a estrutura interna após a chegada de novos profissionais e os ciclos de orçamento e estratégia realizados anualmente.

Apesar disso, o nível elevado de despesas operacionais e o uso extensivo de remuneração via ações têm gerado questionamentos por parte de investidores, preocupados com os impactos sobre a rentabilidade da companhia.

Um relatório publicado nesta semana pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts indicou que 95% dos projetos em IA seguem sem gerar lucro, alimentando a cautela em torno da sustentabilidade desse ciclo de investimentos.

4. Sinais de demanda firme sustentam alta do petróleo

Os preços do petróleo operam em alta nesta quinta-feira, ampliando os ganhos recentes diante de novos sinais de demanda robusta nos Estados Unidos, maior consumidor global de energia.

No momento da redação, o contrato do Brent subia 0,89%, cotado a US$ 67,39 por barril, enquanto o WTI (West Texas Intermediate) avançava 0,82%, para US$ 63,27.

Ambos os benchmarks acumularam alta superior a 1% na sessão anterior.

Segundo a Administração de Informação de Energia (EIA), os estoques de petróleo bruto caíram 6 milhões de barris na semana passada, enquanto os de gasolina recuaram 2,7 milhões, quedas acima do esperado, indicando consumo aquecido no auge da temporada de verão no hemisfério norte.

Esse quadro contribui para aliviar parte das preocupações com a fragilidade do crescimento global.

Além disso, os operadores seguem atentos aos desdobramentos das negociações por um cessar-fogo na Ucrânia. Há a percepção de que um eventual acordo de paz poderá exercer pressão baixista sobre os preços.

Ainda assim, a permanência das sanções ocidentais ao petróleo russo, somada à possibilidade de novas restrições, mantém um piso relevante para os preços no curto prazo.

5. Indiciamento de Bolsonaro

O indiciamento do ex-presidente Bolsonaro e de seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro, pela PF por coação no curso do processo sobre tentativa de golpe de Estado, gera apreensão entre os investidores quanto ao risco político sobre os ativos brasileiros.

A investigação aponta que ambos buscaram interferir diretamente no Judiciário e no Congresso, inclusive por meio de articulações internacionais, como a tentativa de influenciar autoridades dos EUA.

A participação de figuras públicas, como o pastor Silas Malafaia, em ações coordenadas contra ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e líderes do Legislativo, amplia as preocupações com ataques à independência entre os Poderes.

Para o mercado, a escalada de tensão política e o possível avanço de denúncias judiciais contra Bolsonaro elevam o nível de incerteza, com potencial impacto sobre o humor dos ativos domésticos.

Em meio ao embate entre decisões do STF e sanções impostas pelos Estados Unidos, o ministro Alexandre de Moraes afirmou que bancos brasileiros podem ser punidos, caso apliquem ordens norte-americanas sobre ativos no país sem autorização judicial. A declaração ocorreu após sua inclusão na lista de sanções do Tesouro dos EUA, sob a acusação de violar direitos humanos, medida que gerou insegurança jurídica e forte queda nas ações do Banco do Brasil (BVMF:BBAS3).

Moraes defende que sanções estrangeiras só têm efeito no Brasil mediante homologação judicial, mas reconhece o impasse para instituições financeiras expostas ao sistema internacional.

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